"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



terça-feira, 19 de março de 2024

“COMO VIVEREMOS AINDA NO PECADO?”


“COMO VIVEREMOS AINDA NO PECADO?”

“Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” (Rm 6.1,2).

“De modo nenhum!” [Que Deus nos livre!]. Certos intérpretes defendem a tese de que o único desejo do apóstolo Paulo era reprovar com indignação uma atitude tão irracional e fútil. Contudo, outras passagens provam quão frequentemente ele mostra ao longo de seu argumento quão corriqueira era tal atitude. Aqui também contesta, com muito tato e de forma breve, a calúnia contra sua doutrina da graça. Em primeiro lugar, contudo, Paulo rejeita tal calúnia com uma negativa saturada de indignação, com o fim de advertir seus leitores que não há maior contradição do que nutrirmos nossos vícios a pretexto da graça de Cristo, visto que ela é o único meio de restaurar nossa justiça.

“Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos?” Agora, o seu argumento é extraído da posição contrária. Porquanto, quem peca, vive para o pecado. No entanto, pela graça de Cristo estamos mortos para o pecado. Portanto, é falso sustentar que aquilo que abole o pecado lhes injeta maior força. A verdade, ao contrário disto, reside no fato de que os crentes nunca são reconciliados com Deus sem que recebam antes o dom da regeneração. Deveras, somos justificados para este mesmo propósito, a saber: que em seguida adoremos a Deus em pureza de vida. Cristo nos lava com seu sangue e faz Deus propício para conosco através de sua expiação, fazendo-nos partícipes de seu Espírito, o qual nos renova para um viver santo. Portanto, seria a mais absurda inversão da obra divina caso o pecado recebesse força por meio da graça que nos é oferecida em Cristo. A medicina não tem por alvo tornar a doença ainda mais grave, quando sua meta é destruí-la. É bom que tenhamos bem firmado em nossa mente o que já referi anteriormente, ou seja: que Paulo não está aqui tratando do estado em que Deus nos encontra ao chamar-nos a comunhão de seu Filho, e, sim, o estado em que nos achávamos quando ele nos revelou sua misericórdia e graciosamente nos adotou. Ao fazer uso de um advérbio que denota futuro, Paulo mostra o gênero de transformação que deve seguir a justificação.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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