“QUANDO NÓS AINDA ÉRAMOS FRACOS”
“Porque
Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6).
“Se Cristo teve misericórdia do ímpio; se reconciliou seus inimigos com o Pai; se realizou isto pela virtude de sua morte, então agora, muito mais facilmente, os salvará quando forem justificados, e guardará em sua graça àqueles a quem restaurou à graça, especialmente pelo fato de que a eficácia de sua vida é agora acrescentada à sua morte”. Há intérpretes
que defendem a tese de que o tempo de fraqueza significa aquele período em que
Cristo começou a manifestar-se ao mundo; e consideram aqueles que eram ainda fracos como aqueles que em sua
infância [espiritual], viviam sob a tutela da lei. A expressão, contudo,
sustento eu, se refere ao próprio cristão crente, e o tempo referido é o período
que precede a reconciliação de cada um com Deus. Todos nós nascemos filhos da
ira, e somos mantidos sob esta maldição até que nos tornemos partícipes de
Cristo. Pela expressão, aqueles que são fracos,
o apóstolo Paulo quer dizer aqueles que não possuem nada em si mesmos senão
pecado, pois imediatamente a seguir ele os chama de ímpios. Não há nada fora do comum considerar fraqueza nesse sentido, visto que em 1Coríntios 12.22 ele chama as
partes menos nobres do corpo de frágeis; e
em 2Coríntios 10.10, ele chama sua própria presença física de fraca, visto não possuir qualquer
dignidade. Quando, pois, éramos fracos,
ou seja, quando éramos completamente indignos e desqualificados para merecermos
a consideração divina, nesse mesmo tempo Cristo morreu em favor dos ímpios. A
fé é o início da piedade, à qual eram estranhos todos aqueles por quem Cristo
morreu. Isto é também válido para os antigos pais, os quais obtiveram justiça
antes da morte de Cristo, pois este benefício eles o extraíram da morte do Cordeiro
que ainda estava por vir.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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