“SEMELHANTES NA MORTE E NA RESSURREIÇÃO”
“Porque, se
fomos unidos com ele na semelhança da sua morte, certamente, o seremos também
na semelhança da sua ressurreição” (Rm 6.5).
O apóstolo
Paulo confirma o argumento que previamente apresentara, fazendo uso de
expressões mais claras. A comparação que introduz remove toda e qualquer
ambiguidade, visto que o nosso enxerto significa não só nossa conformidade com
o exemplo de Cristo, mas também com a união secreta, por meio da qual crescemos
unidos a ele, de tal forma que nos revitaliza pela instrumentalidade de seu
Espírito e transfere para nós o seu poder. Portanto, assim como o elemento
exertante tem a mesma vida ou morte do ramo no qual é enxertado, também é razoável
que sejamos plenamente participantes tanto da vida quanto da morte de Cristo.
Se formos enxertados na semelhança da morte de Cristo, visto que sua morte é
inseparável de sua ressurreição, então à nossa morte seguirá a nossa
ressurreição.
Crisóstomo
(407d.C) sustenta que, pela expressão “em semelhança de homem” [Fp 2.7) ele
quer dizer “sendo feito homem. Parece-me, contudo, que existe na expressão mais
importância do que simplesmente isto. Além de referir-se à ressurreição, parece
achar-se implícita a ideia de que não passaremos pela morte natural à semelhança
de Cristo, mas que existe esta similitude entre a nossa morte e a dele - assim
como Cristo morreu na carne que recebera de nós, também morremos em nós mesmos,
a fim de que possamos viver nele. Nossa morte, pois, não é a mesma [morte] de
Cristo, senão que é semelhante à dele, pois devemos notar a analogia entre a
morte nesta presente vida e a nossa renovação espiritual.
“Fomos unidos”. Esta palavra
[unidos ou exertados] leva grande ênfase, e revela que Paulo não nos está
exortando, e, sim, ensinando acerca do benefício que derivamos de Cristo. Ele desejava
simplesmente realçar a eficácia da morte de Cristo, a qual minifestou-se na
destruição de nossa carne, e também a eficácia de sua ressureição que nos
renova interiormente segundo a natureza superior do Espírito.
Deus nos abençoe!
João Calvino
(1509-1564).
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