“OS JUSTOS FLORESCERÃO COMO A PALMEIRA”
O justo florescerá como a palmeira. O salmista então passa à consideração de
outra verdade geral: que embora Deus exercite seu povo com muitas provações, o
sujeite a dificuldades e o visite com privações, ele eventualmente mostra que não
os tem esquecido. Não carece que nos sintamos surpresos ante sua insistência tão
explícita e cuidadosa neste ponto, como nada sendo mais difícil do que para os
santos de Deus nutrirem expectativas de se soerguerem e se verem livres quando
forem reduzidos quase à condição dos mortos, cuja aparência não revela que estão
vivos. A menção da palmeira e do cedro, o sentido é simplesmente que,
embora os justos pareçam por algum tempo murchos, ou que permaneçam cortados,
novamente brotarão com renovado vigor e florescerão tanto e com tanta beleza na
Igreja de Deus à semelhança dos cedros do Líbano. A expressão empregada - Plantados na Casa do SENHOR - justifica a razão de
seu vigoroso crescimento; tampouco significa que meramente têm um lugar ali (o
que se pode dizer dos hipócritas), mas que estão firmemente fixos e
profundamente arraigados nela, de modo a estarem unidos a Deus. O salmista fala
dos átrios do nosso Deus, porque a
ninguém, senão aos sacerdotes, se permitia entrar no santo lugar; o povo
adorava no átrio. Pela expressão, os que são plantados na Igreja, ele quer dizer que somos unidos a Deus numa conexão
real e sincera, e insinua que sua prosperidade não pode ser de uma natureza mutável
e flutuante, porque ela não se fundamenta em algo pertencente a este mundo. Nem
podemos duvidar que tudo o que tem suas raízes e se fundamenta no santuário
continuará a florescer e a ter participação na vida, a qual é espiritual e
eterna. É neste sentido que ele fala de ainda produzir fruto
e ser viçoso, mesmo na velhice,
quando o vigor e a seiva geralmente estão secos. A linguagem equivale a que estão
isentos da sorte ordinária dos homens e têm uma vida que é removida de sob a lei
comum da natureza. É por isso que Jacó, falando da grande renovação que ocorreu
na Igreja, faz menção daquele feliz período em que, tendo alguém cem anos de
idade, seria ainda criança, significando que, embora a velhice naturalmente
tende para a morte, e quem tiver vivido cem anos se encontra nos próprios
limites dela, todavia no reino de Cristo uma pessoa deve se considerar como estando
meramente em sua infância e se iniciando na vida, se ingressando num novo século.
Isso só podia ser verificado no sentido em que depois da morte teremos outra
existência no céu.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
Nenhum comentário:
Postar um comentário