"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



segunda-feira, 10 de junho de 2024

“TODA A LEI SE CUMPRE EM UM SÓ PRECEITO”

“TODA A LEI SE CUMPRE EM UM SÓ PRECEITO”

“Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gl 5.14).

Neste versículo, uma antítese deve ser completada entre a exortação do apóstolo Paulo e a doutrina dos falsos apóstolos. Enquanto insistiam só sobre cerimônias, Paulo relanceia de passagem sobre os verdadeiros deveres e exercícios dos cristãos. A presente recomendação do amor visava a ensinar aos gálatas que ele forma a principal parte da perfeição cristã. Mas devemos ver por que todos os preceitos da lei se encontram compreendidos no amor. A lei consiste de duas tábuas: a primeira das quais ensina sobre o culto divino e os deveres da piedade; e a segunda, os deveres do amor. Pois é absurdo tomar uma parte como se fosse o todo. Alguns evitam isso, dizendo que a primeira tábua nada contém senão amar a Deus com o nosso coração íntegro. Paulo, porém, expressamente menciona o amor devido ao próximo, e por isso se deve buscar uma solução firme. Piedade para com Deus, confesso, é mais proeminente do que o amor devido aos irmãos; e assim a observância da primeira tábua é mais valiosa à vista de Deus do que a da segunda. Mas como Deus pessoalmente é invisível, assim a piedade é algo oculto aos sentidos humanos. E embora as cerimônias sejam destinadas a testificar dela, todavia não são provas infalíveis. Às vezes sucede de ninguém ser mais zeloso e sistemático em observar as cerimônias do que os hipócritas. Deus, portanto, quer fazer prova de nosso amor para ele através do amor devido ao nosso irmão, o qual ele nos recomenda. Eis a razão porque não só aqui, mas também em Romanos 13.8,10, o amor é chamado de cumprimento da lei, não porque seja ele superior ao culto divino, mas porque ele é a prova deste. Deus, como já disse, é invisível; mas ele se nos representa nas pessoas dos irmãos, e nessas pessoas requer o que é devido a ele mesmo. O amor para com os homens flui tão-somente do temor e do amor de Deus. Portanto, não causaria surpresa se por meio de sinédoque o efeito incluir em si a causa da qual ele é o sinal. Seria, porém, errôneo separar o amor a Deus do amor aos homens.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

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