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quinta-feira, 17 de julho de 2025

“BONDADE E JUSTIÇA”


“BONDADE E JUSTIÇA”

“Mas a bondade do SENHOR é de eternidade a eternidade, sobre os que o temem, e a sua justiça, sobre os filhos dos filhos, para com os que guardam a sua aliança e para com os que se lembram dos seus preceitos e os cumprem” (Sl 103.17,18).

O salmista Davi não confina sua esperança dentro dos limites do tempo; ele a vê como de duração incomensurável com a graça na qual ela se fundamenta. À bondade [misericórdia] se anexa a justiça, palavra que, como tivemos ocasião de observar reiteradamente, denota a proteção por meio da qual Deus defende e preserva seu próprio povo. Ele é então chamado justo, não porque galardoa cada pessoa segundo seu merecimento, mas porque ele trata fielmente seus santos, estendendo sobre eles a mão de sua proteção. O salmista intencionalmente colocou esta justiça depois da bondade, como sendo o efeito desta. Ele também assevera que ela se estende aos filhos e aos filhos dos filhos, segundo as palavras textuais em Deuteronômio 7.9: “Deus conserva a misericórdia até mil gerações”. É uma prova singular de seu amor que ele não só recebe cada um de nós individualmente em seu favor, mas nele também nos associa com nossa prole, como que por direito hereditário, para que sejamos participantes da mesma adoção. Como nos lançaria fora, ele que, ao receber nossos filhos e os filhos dos filhos em sua proteção, nos mostra na pessoa deles quão preciosa a seus olhos é nossa salvação?

Além do mais, como nada é mais fácil do que para os hipócritas bajular sob falso pretexto de que estão bem com Deus, ou para os filhos degenerados infundadamente aplicar a si as promessas feitas a seus pais, declara-se novamente, à guisa de exceção, no versículo 18, que Deus só é misericordioso para com os que, de sua parte, guardam sua aliança, a qual os incrédulos, por sua perversidade, tornam de nulo efeito. A guarda ou observância da aliança, que é aqui expressa em vez de o temor de Deus, mencionado no versículo anterior, é digna de nota; pois assim Davi notifica que ninguém é verdadeiro adorador de Deus senão aqueles que reverentemente obedecem a sua Palavra. O profeta, pois, corretamente julga a piedade dos homens à luz de sua submissão à Palavra de Deus e de seguirem eles ou não a regra que ele lhes prescreveu. Pois a aliança começa com um solene artigo contendo a promessa da graça que requer fé e oração, acima de todas as coisas, para a observância própria dela.

Tampouco supérflua é a sentença adicional: que se lembram de seus estatutos; pois embora Deus os esteja continuamente pondo em nossa mente, todavia tão depressa corremos para as preocupações mundanas, nos deixando envolver por uma multiplicidade de entretenimentos e arrastados por seduções variadas. E assim o esquecimento extingue a luz da verdade, a não ser que os fiéis se estimulem de tempo em tempo. Davi nos diz que essa lembrança dos estatutos divinos tem um efeito revigorante quando os homens se aplicam a cumpri-los. Muitos se aplicam demasiadamente a discuti-los com suas línguas, mas cujos pés são lentos demais, e cujas mãos se acham quase que inertes em referência ao serviço ativo.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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