“O TERCEIRO MANDAMENTO”
“Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” [Êx 20.7].
TEOR E APLICAÇÃO
DO TERCEIRO MANDAMENTO
A finalidade do
mandamento é que Deus quer que a majestade de seu nome nos seja sacrossanta.
Logo, a suma será que não a profanemos tratando-o com menosprezo e
irreverentemente. A esta injunção restritiva corresponde, em paralelo, o
preceito positivo de que nos empenhemos e preocupemos em buscá-la com religiosa
reverência. Dessa forma, assim nos convém estar dispostos no pensar e no falar
que nada pensemos ou falemos acerca do próprio Deus e de seus mistérios, a não
ser reverentemente e com muita sobriedade, de sorte que, em estimando-lhe as
obras, nada concebamos a não ser o que lhe é honroso.
Estes três
pontos, insisto, importa observar não negligentemente: primeiro, que tudo
quanto a mente concebe a seu respeito, tudo quanto a língua profere, saiba sua
excelência e corresponda à sagrada sublimidade de seu nome, afinal, seja adequado
a enaltecer-lhe a magnificência. Segundo, não abusemos, temerária e pervertidamente,
de sua santa Palavra e de seus venerandos mistérios, seja a serviço da ambição,
seja a serviço da avareza, seja a serviço de nossos divertimentos. Pelo contrário,
uma vez que trazem impressa em si a dignidade de seu nome, tenham sempre entre
nós sua honra e apreço. Finalmente, não lhe difamemos ou desacreditemos as
obras, como contra ele costumam injuriosamente vociferar homens miseráveis; ao
contrário, tudo quanto rememoramos como feito por ele, celebremo-lo com os louvores
de sabedoria, de justiça e de bondade.
Nisto consiste
santificar o nome de Deus. Quando se procede de outra maneira, de vão e ímpio
abuso se polui ele, porque é subtraído do uso legítimo a que unicamente fora
consagrado, e, ainda que em nada mais seja despojado, entretanto de sua
dignidade se torna desprezível aos poucos. Ora, se tanto há de mal nesta
temerária propensão de abusar improcedentemente do nome divino, muito mais
nisto, se a nefários usos se confere, como aqueles que o fazem servir às
superstições da necromancia, às imprecações execráveis, aos exorcismos ilícitos
e a outros ímpios encantamentos.
Mas, neste
mandamento se tem em conta, acima de tudo, o juramento, em que é sobremodo detestável
o uso pervertido do nome divino, para que daí melhor nos atemorizemos de toda
profanação dele, sob qualquer forma. Entretanto, aqui se trata antes do culto
de Deus e da reverência de seu nome, contudo não da equidade que se deve
cultivar entre os homens, daí se evidencia que, em seguida, condenará na
segunda tábua o perjúrio e o falso testemunho, com que é agravada a sociedade
humana. Ora, seria supérflua repetição se este mandamento tratasse do dever da
caridade. Já a própria divisão dos mandamentos também postula isto, porque,
como já se disse, não sem razão Deus atribui duas tábuas à sua lei. Donde se
conclui que Deus está aqui reivindicando para si este seu direito e preservando
a santidade de seu nome, não, porém, a ensinar o que os homens devam aos
homens.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
*Faça-nos uma oferta (Chave PIX - 083.620.762.91).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba/PR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário