"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



sexta-feira, 18 de julho de 2025

“ELE CONHECE A NOSSA ESTRUTURA”


“ELE CONHECE A NOSSA ESTRUTURA”

“Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó” (Sl 103.14).

O salmista Davi aniquila toda e qualquer dignidade que os homens porventura arroguem para si e assevera que é em consideração a nossa miséria, e tão-somente isso, que Deus se sente movido a exercer paciência para conosco. É preciso que observemos isso uma vez mais e com muita prudência, não só com o propósito de vencer o orgulho de nossa carne, mas também para que o senso de nossa indignidade não nos impeça de confiar em Deus. Quanto mais miserável e deplorável é nossa condição, mais inclinado se vê Deus a exercer misericórdia, pois à vista de sermos barro e pó é suficiente para incitá-lo a fazer-nos o bem.

Para o mesmo fim é a comparação imediatamente seguinte [v. 15], a saber: que toda a excelência do homem fenece como uma frágil flor à primeira lufada de vento. É deveras impróprio dizer que o homem floresce. Mas como é possível alegar-se que ele é, não obstante, distinguido por um ou outro dote, Davi admite que ele floresce como a erva, em vez de dizer, como tem feito com razão, que ele é um vapor ou sombra, ou algo que se converte em nada. Ainda que, enquanto vivermos neste mundo, sejamos adornados com dons naturais, e, para nada dizer de outras coisas, “vivemos, nos movemos e temos nossa existência em Deus” [At 17.28], todavia, como nada temos exceto o que depende da vontade de outro, e que pode ser tirado de nós a qualquer momento, nossa vida é apenas uma mostra ou sombra que passa. O tema aqui discutido é propriamente a brevidade da vida, o que Deus leva em conta para mui compassivamente nos perdoar, como lemos em outro Salmo: “Por que se lembrou de que eram de carne, vento que passa e não volta” [SI 78.39]. Se alguém pergunta por que Davi, não fazendo menção da alma, a qual todavia é a parte principal do homem, declara sermos pó e barro, respondo que basta que Deus seja misericordiosamente induzido a sustentar-nos, quando ele vê que nada excede nossa vida em fragilidade. E ainda que a alma, depois de partir da prisão do corpo, permanece viva, todavia, ao se dar assim com ela, isso não provém de algum poder inerente que porventura exista nela. Caso Deus subtraísse sua graça, a alma não seria mais que uma bolha ou sopro, ainda quando o corpo não passa de pó; e assim com certeza não seria achado em toda a constituição humana outra coisa senão mera vaidade.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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