“A TI CLAMO, Ó SENHOR;
ROCHA MINHA”
“A ti clamo, ó
Senhor; rocha minha, não sejas surdo para comigo; para que não suceda, se te
calares acerca de mim, seja eu semelhante aos que descem à cova” (Sl 28.1).
Após ser
libertado de grandes perigos pelo socorro divino, Davi, neste Salmo, segundo
seu costume, primeiramente registra os votos que fizera em meio às suas
dificuldades, e então [registra] suas ações de graças e louvores a Deus, com o
fim de induzir outros a seguirem seu exemplo. É provável que ele esteja se
referindo às suas perseguições movidas por Saul.
Davi começa
declarando que se valeria unicamente do socorro divino, no que mostra tanto sua
fé quanto sua sinceridade. Embora os homens labutem por toda parte sob um
enorme volume de problemas, todavia raramente um em cem recorre a Deus. Quase
todos, tendo suas consciências sobrecarregadas de culpa, e não havendo jamais
experimentado o poder da graça divina que poderia levá-los a apropriar-se dele,
ou soberbamente se atormentam um bocado ou se enchem com queixas sem
valor, ou dão vazão ao desespero, desfalecendo sob o peso de suas aflições. Ao
chamar Deus, rocha minha, Davi mais
plenamente demonstra que confiava na assistência divina, não só quando se
achava à sombra e em paz, mas também quando se achava exposto às mais severas
tentações. Ao comparar-se com os mortos, ele igualmente informa quão grandes
eram seus apertos, ainda que seu objetivo não fosse meramente realçar a
magnitude de seus perigos, mas também mostrar que quando necessitava de
socorro, não o buscava aqui e ali, mas descansava somente em Deus, sem cujo
favor não restaria esperança alguma para ele. Portanto, é como se dissesse: Se
me deixares, me transformarei em nulidade; se não me socorreres, perecerei.
Para alguém que se acha em tal estado de aflição não basta ser sensível à sua
miséria, a menos que se convença de sua incapacidade de se ajudar e renuncie
todo e qualquer auxílio do mundo, recorrendo tão-somente a Deus. E como as
Escrituras nos informam que Deus responde aos verdadeiros crentes quando mostra
através de suas operações que ele leva em conta suas súplicas, assim a
expressão, se te calares, é posta em
oposição à sensível e presente experiência de seu auxílio, quando parece, por
assim dizer, não ouvir suas orações.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba/PR.
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