"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



sábado, 2 de agosto de 2025

“ELA SERÁ SALVA ATRAVÉS DE SUA MISSÃO DE MÃE”


“ELA SERÁ SALVA ATRAVÉS DE SUA MISSÃO DE MÃE”

“Mas ela será salva através de sua missão de mãe, se perseverar na fé, e amor, e na santificação, com toda sobriedade” (1Tm 2.15).

A debilidade de sua natureza feminina torna a mulher mais tímida e arredia, e o que Paulo tem afirmado presume-se que perturba e confunde até mesmo os espíritos mais viris. E assim o apóstolo modifica o que dissera, adicionando uma consolação; pois o Espírito de Deus não nos acusa nem nos repreende com o fim de cobrir-nos de humilhação e em seguida triunfar-se sobre nós. Ao contrário, ao humilhar-nos em sua presença, uma vez mais nos põe de pé. Isso, como já disse, poderia reduzir as mulheres ao desespero, ouvindo elas que toda a ruína da raça humana lhes é atribuída. Então, que juízo divino será esse que lhes sobrevirá? – pergunta essa que torna todas ainda mais debilitadas diante da ininterrupta consciência de que sua submissão é um emblema sempre presente da ira divina. Daí Paulo, procurando confortá-las e tornar-lhes sua condição suportável, lembrar-lhes que, embora sofram o castigo temporário, a esperança da salvação permanece diante de seus olhos. O efeito positivo desta consolação é duplo e merece nota. Primeiramente, ao colocar diante delas a esperança de salvação, são preservadas do desespero e do medo ante a lembrança de sua culpa; e, em segundo lugar, acostumam-se a suportar com equanimidade e serenidade a imposição de viverem em servidão a seus esposos, de modo a submeter-se-lhes voluntariamente, ao recordarem que obediência desse gênero é igualmente saudável a elas e agradável a Deus. Se esta passagem for torcida para apoiar a justificação pelas obras, como alguns costumam fazer, a solução é fácil. Visto que o apóstolo não esteja tratando, aqui, da causa da salvação, suas palavras não podem e não devem ser usadas para apontar o caminho pelo qual Deus nos guia àquela salvação que ele, por sua graça, nos destinou

É possível que os críticos mordazes achem ridículo que um apóstolo de Cristo não só exorte as mulheres a que deem atenção a maternidade, mas lance isso sobre elas como uma pia e santa obra, indo ainda mais longe dizendo que, com isso, elas poderão obter a salvação. Vemos também a maneira como ele repreende os hipócritas que queriam parecer mais santos do que os demais homens, os quais difamavam o leito conjugal. Mas não é difícil responder a esses ímpios zombadores. Pois, em primeiro lugar, o apóstolo Paulo está tratando, aqui, não meramente de se dar à luz filhos, e, sim, dos muitos e severos sofrimentos que tinham que suportar, tanto em dar à luz filhos quanto em criá-los. Em segundo lugar, seja o que for que os hipócritas ou os sábios do mundo pensem, Deus se deleita mais com a mulher que considera a condição que ele lhe destinou como uma vocação e se sujeita a ela, não recusando o fastio por alimentação, a indisposição, as dificuldades, ou, ainda pior, a temível angústia associada ao parto, ou, algo que exibisse suas grandes e heróicas virtudes, mas que, ao mesmo tempo, se recusasse a aceitar a vocação a elas concedida por Deus. A isso podemos adicionar que nenhuma consolação podia ser mais apropriada ou mais eficaz do que demonstrar que na punição propriamente dita estão os meios (por assim dizer) de assegurar-se a salvação.

Se perseverar na fé. A Vulgata traduz, “em dar à luz filhos, se porventura continuarem na fé”, e esta cláusula era geralmente considerada como uma referência a filhos. Mas Paulo usa uma única palavra para “dar à luz filhos”. E assim a fé deve aplicar-se à mulher. O fato de o substantivo ser singular e o verbo, plural, não implica dificuldade alguma, pois quando um substantivo indeterminado se refere a toda uma classe, ele tem a mesma função de um substantivo coletivo, de modo que a mudança de número no verbo é facilmente admissível.

Demais, para evitar-se a insinuação de que toda virtude feminina está envolvida pelos deveres do matrimônio, o apóstolo imediatamente acrescenta uma lista de grandes virtudes pelas quais as mulheres piedosas devem sobressair-se, para que se distingam das mulheres irreligiosas. Mesmo o dar à luz só é um ato de obediência a Deus quando procede da e do amor. A estes ele adiciona a santificação, a qual inclui toda aquela pureza da vida que convém às mulheres cristãs. Finalmente vem a sobriedade, a qual ele mencionou um pouco antes, ao tratar do vestuário, mas agora a estende a outras partes da vida.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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