“NÓS VOS ABENÇOAMOS EM NOME DO SENHOR!”
“Sejam envergonhados e repelidos todos os que aborrecem a Sião! Sejam
como a erva dos telhados, que seca antes de florescer, com a qual não enche a
mão o ceifeiro, nem os braços, o que ata os feixes! E também os que passam não
dizem: A bênção do SENHOR seja convosco! Nós vos abençoamos em nome do SENHOR!”
(Sl 129.5-8).
Seja qual for a maneira como entendemos estes versículos, o salmista declara que os fiéis não têm razão de viver em desânimo, quando visualizam seus inimigos subindo ao topo. A erva que cresce nos telhados não é, em virtude de sua posição elevada, mais valiosa do que a espiga de trigo que, rente ao chão, é pisada sob os pés; pois, embora a erva do telhado fique acima da cabeça dos homens, murcha e desaparece rapidamente. A erva nos telhados, em vez de continuar num estado de frescor, murcha e perece em seu primeiro estágio, porque não tem raiz embaixo, nem terra para supri-la com seiva ou umidade para sua nutrição.
Sempre que o esplendor ou a grandeza de nossos inimigos nos abalem com temor, devemos recordar essa comparação: assim como a erva que cresce nos telhados, embora esteja no alto, não possui raízes e, consequentemente, tem breve duração, assim também esses inimigos, por mais que se exaltem, depressa serão consumidos pelo calor intenso, pois não possuem raízes — é somente a humildade que atrai a vida e o vigor de Deus.
Com a qual não enche a mão o ceifeiro. Temos aqui uma confirmação adicional da verdade de que, embora
os perversos se elevem e formem uma opinião extravagante de sua importância
pessoal, continuam sendo apenas erva, não produzem nenhum fruto bom, nem
atingem um estado de maturidade, mas se exaltam apenas com a aparência da
carne. Para tornar isto mais óbvio, o salmista os põe em oposição às ervas que
produzem frutos, as quais nos vales e nos solos férteis produzem fruto para os
homens. Enfim, ele afirma que merecem ser envergonhados ou sumariamente
desprezados, enquanto comumente todo aquele que passa pelos campos de trigo os
abençoa e ora pelos segadores. Além do mais, como o salmista tomou emprestada
esta ilustração de sua doutrina das atividades da vida ordinária, somos
ensinados que, sempre que houver um esperançoso prospecto de uma boa colheita,
devemos rogar a Deus, cujo propósito peculiar é transmitir fertilidade à terra,
que ele dê pleno efeito a suas bênçãos. E, considerando que os frutos da terra
estão expostos a tantos percalços, certamente é estranho que não sejamos incitados
a nos engajarmos no exercício da oração com base na absoluta necessidade de
tais frutos para o homem e animais. Tampouco o salmista, ao falar de
transeuntes que abençoam os segadores, fala exclusivamente dos filhos de Deus,
os quais realmente são instruídos por sua palavra que a frutificação da terra
se deve a sua bondade; mas ele também abarca os homens profanos em quem o mesmo
conhecimento está naturalmente implantado. Concluindo, contanto que não apenas
habitemos a Igreja do Senhor, mas também labutemos por ter um lugar no número
de seus genuínos cidadãos, seremos aptos a destemidamente desprezar todo o
poder de nossos inimigos; pois ainda que floresçam e façam grande exibição
externa, por algum tempo, no entanto não passam de erva estéril, sobre a qual
repousa a maldição do céu
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).

Nenhum comentário:
Postar um comentário