"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



segunda-feira, 27 de maio de 2024

“PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO”

“PELO PODER DO ESPÍRITO SANTO”

"Porque não ousarei discorrer sobre coisa alguma, senão sobre aquelas que Cristo fez por meu intermédio, para conduzir os gentios à obediência, por palavra e por obras, por força de sinais e prodígios, pelo poder do Espírito Santo" (Rm 15.18-19).

Estes versículos mostram que o objetivo do apóstolo Paulo era assegurar a aprovação de seu ministério entre os romanos, para que seu doutrinamento pudesse alcançar sucesso. Ele prova, portanto, a partir dos sinais, que Deus, pela presença de seu poder, atestou sua pregação e selou seu apostolado, de modo que ninguém deve mais duvidar de que ele fora designado e enviado pelo Senhor. Os sinais que ele menciona são palavras, obras e prodígios. Isto mostra que o termo obras inclui mais que milagres. Ele usa a expressão pelo poder do Espírito Santo com o intuito de concluir sua lista de sinais, e significa que somente pelo Espírito é que tudo foi efetuado neles. Em resumo, Paulo assevera que, tanto em seu ensinamento quanto em suas ações, o poder e a energia que havia demonstrado na proclamação de Cristo revelaram o portentoso poder de Deus. Mas houve também milagres, diz ele, que eram sinais para tornar sua evidência ainda mais conclusiva.

Primeiramente, Paulo menciona palavras e obras, e então particularmente especifica o poder de operar milagres. A mesma ordem é também adotada em Lucas, quando ele diz que Cristo foi poderoso em obras e palavras [Lc 24.19]; e em João, quando Cristo mesmo se refere aos judeus em relação às suas próprias obras como prova de sua Deidade ([Jo 5.36]. Paulo não faz uma simples menção de milagres, mas os distingue pelo uso de duas expressões diferentes. Onde fala de “força de sinais e prodígios”, Pedro tem “obras poderosas e prodígios e sinais” ([At 2.22]. Esses são prova do poder de Deus para despertar os homens para maravilharem-se nele, bem como para adorarem-no ao serem eles estremecidos ante os prodígios de seu poder. A importância dos milagres é que eles nos despertam para alguma verdade particular sobre Deus.

Esta é uma passagem notável, a qual realça a utilidade dos milagres e suscita nos homens reverência para com Deus, bem como obediência a ele. Assim lemos em Marcos: ”E eles tendo partido, pregaram em toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra por meio de sinais que se seguiam” [Mc 16.20]. Também Lucas em Atos: “...falando ousadamente no Senhor, o qual confirmava a palavra da sua graça, concedendo que por mão deles se fizessem sinais e prodígios” [At 14.3].

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

sexta-feira, 24 de maio de 2024

“QUEM AMA O PRÓXIMO TEM CUMPRIDO A LEI”

“QUEM AMA O PRÓXIMO TEM CUMPRIDO A LEI”

“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei” (Rm 13.8).

O propósito do apóstolo Paulo, aqui, é reduzir todos os preceitos da lei em um só, a saber: o amor, a fim de sabermos que mantendo a prática do amor, estamos exatamente obedecendo aos mandamentos; e ao procedermos assim, estamos sendo preparados para assumir qualquer responsabilidade que nos possibilite a preservar a caridade. E assim ele confirma sobejamente o preceito que apresentara concernente à obediência devida aos magistrados. E esta obediência de forma alguma constitui uma parte do amor de somenos importância.

Não obstante, alguns sentem certa dificuldade nesta passagem, e de tal dificuldade não conseguem desvencilhar-se completamente, ou seja: Paulo ensina que a lei é cumprida quando amamos ao nosso próximo. O problema, portanto, consiste em que ele, aqui, não faz menção do culto devido a Deus, ainda que certamente não era sua intenção de omiti-lo. O fato é que o apóstolo não está se referindo a toda a lei. Ele está simplesmente falando daqueles deveres que a lei requer de nós com relação ao nosso próximo. É também verdade que toda a lei é cumprida quando amamos nosso próximo, porque o genuíno amor pelo ser humano só tem uma fonte, a saber: o amor de Deus. O amor ao próximo é a evidência e decorrência do amor a Deus. Na verdade Paulo, aqui, menciona só segunda tábua [da lei], porquanto sua inquirição se relaciona somente a esta. É como se ele dissesse: “Aquele que ama a seu próximo como a si mesmo tem cumprido seu dever para com o mundo todo”. É fútil  a objeção daqueles que tentam encontrar neste versículo a justificação [procedente] das obras. O apóstolo não está declarando o que o homem faz ou deixa de fazer, mas está falando daquelas condições que em parte alguma julgaríamos ter cumprido. Ao dizermos que o ser humano não é justificado por meio das obras, não negamos que a observância da lei constitua verdadeira justiça. Mas, visto que ninguém cumpre a lei, ou jamais a tenha cumprido, defendemos a tese de que todos os homens se acham excluídos dela, e que, por isso, o nosso único refúgio está na graça de Cristo.  

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“A NINGUÉM FIQUEIS DEVENDO COISA ALGUMA”

“A NINGUÉM FIQUEIS DEVENDO COISA ALGUMA”

“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei” (Rm 13.8).

Há quem pense que esta é uma nota que exprime ironia, como se Paulo estivesse respondendo a objeções daqueles que alegavam que os cristãos se achavam por demais sobrecarregados com outros tantos preceitos que sufocavam o amor. Não nego a possibilidade da presença de ironia, aqui, como se ele concordasse com a posição daqueles que não admitiam nenhuma outra lei além do amor, porém num sentido distinto. Prefiro, contudo, considerar as palavras no sentido simples, pois acredito que Paulo queria aplicar à lei do amor o preceito concernente à autoridade dos magistrados, para que ninguém viesse a tê-lo na conta frágil. Como se estivesse a dizer: “Quando solicito de vós que obedeçam os magistrados, estou simplesmente exigindo que os crentes pratiquem a lei do amor. Se aspirais a que os bons prosperem (e não há nada de desumano nisto), então deveis esforçar-vos por fazer que as leis e os mandamentos prevaleçam, para que todo o povo possa aprender a ser obediente aos defensores das leis, pois estes homens é que nos possibilitam a desfrutar a paz”. Portanto, introduzir a anarquia é violar a lei da caridade; porquanto, a anarquia traria como imediata consequência o caos de todo o estado.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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quarta-feira, 22 de maio de 2024

“SE O TEU INIMIGO TIVER FOME”

“SE O TEU INIMIGO TIVER FOME”

Pelo contrário, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça” (Rm 12.20).

O apóstolo Paulo nos mostra como podemos verdadeiramente cumprir os preceitos contra a vingança e contra o revide, ou seja, de retribuir o mal com o mal. Somos não só impedidos de fazer injúria, mas também temos de fazer o bem aos que vivem a prejudicar-nos. Há um gênero de retaliação indireta, ou seja, quando fracassamos em tratar com benevolência àqueles que nos têm injuriado. Pelos verbos comer e beber devemos entender atos de bondade de toda espécie. Portanto, segundo nossas possibilidades, devemos auxiliar nosso inimigo em qualquer problema, para que suas necessidades sejam supridas com nossos recursos, conselhos e empenhos. Pelo termo inimigo ele não quer dizer aqueles por quem sentimos ódio, mas aqueles que nutrem inimizade para conosco. Se carecem de ser socorridos em suas necessidades corporais, muito menos devemos contrapor-nos à sua salvação, invocando o mal sobre eles.

Paulo mostra também a grande vantagem que podemos desfrutar tratando nossos inimigos com atos de cortesia, visto que não devemos dissipar inutilmente nosso tempo e nossos esforços. Há quem interprete brasas no sentido de destruição que é amontoada sobre a cabeça de nosso inimigo, se tratamos sua indignidade com benevolência, e os nossos atos, em relação a ele, são muito mais dignos do que realmente ele merece. E isso ainda aumenta sem senso de culpa. Outros preferem formular a opinião de que quando nosso inimigo se vê bem tratado, seu espírito é impelido a amar-nos em troca. Fico com o ponto de vista mais simples, ou seja: seu espírito será quebrantado de uma ou de outra maneira, a saber: ou nosso inimigo será comovido pela bondade, ou, caso seja ele tão feroz que nada consiga acalmá-lo, será fustigado e atormentado pelo testemunho de sua consciência, a qual se sentirá fulminada ante a nossa bondade.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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segunda-feira, 20 de maio de 2024

“ABENÇOAI OS QUE VOS PERSEGUEM”


“ABENÇOAI OS QUE VOS PERSEGUEM”

“Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis” (Rm 12.14).

Desejo insistir com os irmãos, de uma vez por todas, que não se preocupem excessivamente no sentido de encontrar aqui uma ordem precisa no tocante a preceitos individuais. Antes, basta o seguinte: é preferível que tenhamos alguns preceitos bem resumidos por meio dos quais haja uma total adequação à vida de santidade. Estes são derivados do princípio registrado pelo apóstolo no início do capítulo.

Imediatamente nos transmitirá preceitos contra a retaliação, ou seja: não revidar as injúrias que nos são direcionadas. Aqui, porém, Paulo apela por uma conduta ainda mais difícil. Não só não podemos invocar algum mal sobre nossos inimigos, mas é também preciso desejar que sejam prósperos e orar para que Deus lhes faça o bem, mesmo quando nos aborreçam e nos tratem de forma hostil. Quanto mais difícil nos torna a prática de tais gentilezas, mais intensamente devemos esforçar-nos por atingi-las. O Senhor não nos dá nenhum mandamento pelo qual não apele à nossa obediência. Nem mesmo nos deixa escusa alguma, caso nos falte aquela disposição pela qual ele nos considera distintos dos ímpios e dos filhos deste mundo.

Concordo que isto é por demais difícil e completamente contrário à natureza humana, mas não há nada que seja tão árduo que não fosse dominado pelo pode de Deus; e este jamais falhará, contanto que não deixemos de pedir a ele que nos conceda o seu poder. Embora dificilmente haja alguém que tenha alcançado tal progresso na lei do Senhor que cumpra [perfeitamente] este preceito, ninguém pode jactar-se de que é filho de Deus, ou vangloriar-se de ser cristão, sem que haja antes realizado, pelo menos em parte, esta trajetória, e não haja lutado diariamente por resistir à vontade de fazer o oposto.

Eu disse que isto é mais difícil do que abster-se da vingança, ao ser alguém afrontado. Pode haver alguém que esconda suas mãos de fazer vingança e refreie seu desejo de injuriar com seus lábios, mas que em seu coração ainda gostaria de destruir seus inimigos, ou que fossem eles atingidos por algum dano provindo de alguma outra fonte. Ainda que tais pessoas sejam por demais pacíficas para que desejem fazer algum mal a alguém, dificilmente um em cem desejará fazer o bem a alguém de quem só tenha recebido injúrias. O fato é que a maioria das pessoas começa a lançar suas maldições sem sentir por isso qualquer vergonha. Não obstante, Deus, através de sua Palavra, não só impede nossas nãos de praticarem o mal, mas também domina os sentimentos de amargura que saturam nossos espíritos. Não apenas isso, mas também exige que nos preocupemos com o bem-estar daqueles que têm trazido destruição a si próprios pelo fato de nos causar alguma sorte de sofrimento.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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terça-feira, 14 de maio de 2024

“PORQUE ESTÁ ESCRITO: A VINGANÇA ME PERTENCE”


“PORQUE ESTÁ ESCRITO: A VINGANÇA ME PERTENCE”

“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A vingança me pertence; eu retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19).

O apóstolo Paulo extrai sua comprovação do cântico de Moisés [Dt 32.35], onde o Senhor declara que ele tomará vingança de seus inimigos. Os inimigos de Deus são todos aqueles que oprimem seus servos sem uma razão plausível. “Aquele que vos tocar”, diz ele, “tocará a menina de meus olhos” [Zc 2.8]. Portanto, estejamos satisfeitos com a consolação de que aqueles que nos causam tribulação sem o merecermos não escaparão impunemente, nem nos faremos mais sujeitos ou expostos às injúrias dos ímpios por suportá-las. Ao contrário disto, deixaremos com o Senhor, que é o nosso único Juiz e Libertador, a oportunidade de prover-nos livramento.

Embora não devamos orar a Deus pedindo que nos vingue de nossos inimigos, mas, sim, orar em favor de sua conversão para que venham eles a tornar-se nossos amigos, todavia, se prosseguirem em sua perversidade, lhes acontecerá o mesmo que sucede a todos quantos desprezam a Deus. O apóstolo, contudo, não cita esta passagem como que para conceder-nos o direito de inflamar-nos de ira assim que formos injuriados, nem nos manda que oremos a Deus para que vingue nossas injúrias na proporção do excitamento de nossa carne. Ele nos ensina, primeiramente, que não é nossa tarefa exigir vingança, a menos que queiramos usurpar a responsabilidade [e competência] divina. E, em segundo lugar, ele afirma que não devemos temer que os ímpios se prorrompam com maior ferocidade ao ver-nos suportar nosso sofrimento com paciência, pois Deus não assume em vão o ofício de Vingador.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“NÃO VOS VINGUEIS A VÓS MESMOS”


“NÃO VOS VINGUEIS A VÓS MESMOS”

“Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19).

O mal que o apóstolo Paulo corrige aqui é mais sério do que o mencionado no versículo 17, “Não torneis a ninguém mal por mal”. E, no entanto, ambos têm a mesma fonte de origem, ou seja: um amor desordenado direcionado para si mesmo e um orgulho inerente que nos leva a uma excessiva indulgência para com nossos próprios erros, enquanto que nos revelamos intolerantes para como os erros alheios. Visto, pois, que esta enfermidade cria em quase todos um desejo frenético por vingança, mesmo quando sofrem as mais leves injúrias, o apóstolo nos ordena, aqui, a não cultivarmos o espírito de vingança, mesmo quando somos dolorosamente feridos, mas que deixemos a vingança com o Senhor. E visto que aqueles que uma vez se deixam prender por esta descontrolada paixão não podem ser dominados com facilidade, ele nos refreia pelo uso de termos persuasivos, como amados.

O preceito, pois, consiste em que não devemos cultivar o espírito de vingança, nem vingar as injúrias que porventura se nos fazem, visto que temos de dar lugar a ira. Dar lugar à ira consiste em deixar com Deus a autoridade de julgar. Aqueles que planejam a vingança privam Deus desta autoridade. Se, pois, é errôneo usurpar o ofício divino, tampouco nos é lícito extorquir dele a vingança, porque, ao procedermos assim, antecipamos o juízo divino; porquanto Deus quis reservar esse oficio exclusivamente para si. Ao mesmo tempo, o apóstolo afirma que aqueles que esperam pacientemente pelo socorro divino deixarão Deus ser seu Vingador, enquanto que aqueles que antecipam sua vingança não deixam lugar para o seu socorro.

Aqui, o apóstolo Paulo não só nos proíbe de tomar a vingança em nossas mãos, mas também de permitir que nossos corações sejam tentados por este desejo. Fazer aqui distinção entre vingança pública e privativa é, portanto, supérfluo. A pessoa que recorre ao auxílio do magistrado com o coração sobrecarregado com o malévolo desejo de vingança não merece mais escusa do que se engendrasse meios de executar a vingança com suas próprias mãos. De fato, como veremos a seguir, não devemos nem mesmo pedir a Deus que nos vingue. Se porventura nossas petições emanam de nossos sentimentos pessoais, e não do santo zelo do Espírito, não deixaremos Deus ser nosso Juiz; ao contrário, seremos servos de nossos desejos corruptos.

Portanto, só nos é possível dar lugar à ira quando esperamos pacientemente o tempo certo de nosso livramento, orando nesse ínterim para que aqueles que agora nos trazem sofrimento se arrependam e se transformem em nossos amigos [e irmãos].

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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quinta-feira, 9 de maio de 2024

“SEDE PACIENTES NA TRIBULAÇÃO”


“SEDE PACIENTES NA TRIBULAÇÃO”

“Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes” (Rm 12.12).

Estes três conselhos se entrelaçam e parecem depender do anterior - servindo ao tempo. A pessoa que põe sua alegria na esperança da vida por vir, e suporta suas tribulações com, paciência, também está pronta a dedicar-se ao tempo e se vale da oportunidade de marchar com vigor em busca de seu alvo. Sempre que venha ao caso (pois não faz muita diferença se as frases são ou não relacionadas), o apóstolo Paulo primeiro nos proíbe a permanecermos contentes com nossas bênçãos momentâneas, ou a pôr nossa alegria na terra ou nas coisas terrenas, como se nossa felicidade estivesse localizada ali. Ao contrário disso, ele nos convida a dirigir nossas mentes rumo ao céu, para que experimentemos aquela alegria que é sólida e plenária. Se a nossa alegria repousa na esperança da vida por vir, esta esperança gerará em nós paciência na adversidade, visto que nenhum sentimento de pesar será capaz de sucumbir tal alegria. Portanto, estas duas coisas se acham estritamente relacionadas entre si, ou seja: a alegria que nasce da esperança, e a paciência que nasce da adversidade. Somente a pessoa que aprendeu a buscar sua felicidade para além deste mundo, com o fim de reduzir e aliviar as asperezas e amarguras da cruz com a consolação da esperança, se sujeitará calma e tranquilamente a carregar a cruz.

Entretanto, visto que ambas as coisas estão muito acima de nossas forças, devemos permanecer constantemente em oração e invocar continuamente a Deus, para que ele não permita que nossos corações sejam destroçados pelas calamidades. Além do mais, Paulo não só nos estimula à prática da oração, mas expressamente nos intima à perseverança, visto que nossa guerra é incessante e sofremos vários assaltos todo dia. Mesmo os mais fortes dentre nós são incapazes de suportar estes revezes sem frequente reaquisição de novas energias. Mas a diligência na oração é o melhor antídoto contra o risco de soçobrarmos.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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terça-feira, 7 de maio de 2024

“COMPARTILHAI AS NECESSIDADES DOS SANTOS”


“COMPARTILHAI AS NECESSIDADES DOS SANTOS”

“Compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade” (Rm 12.13).

O apóstolo Paulo volta aos deveres do amor, e o principal destes é fazer o bem àqueles de quem esperaríamos o mínimo de recompensa. Geralmente sucede que, aqueles que são atingidos pela pobreza mais do que outros, se veem extremamente carentes de socorro, estes, sim, é que são tratados com mais menosprezo, visto que os benefícios a eles conferidos são considerados como perda. Deus, pois, nos recomenda exatamente estas pessoas, e de uma maneira muito especial. Somente quando aliviamos as necessidades de nossos irmãos, por nenhuma outra razão senão para exercer nossa benevolência para com eles, é que verdadeiramente comprovamos nosso amor. hospitalidade, ou seja, a fraternidade e generosidade demonstradas para com os estranhos, não é uma forma inferior de amor, porquanto estes são, de todos, os mais destituídos [dos privilégios da vida], visto que se acham distantes de seus familiares. É por esta razão que o apóstolo expressamente nos recomenda que sejamos hospitaleiros. Assim vemos que, quanto mais alguém for desconsiderado, ainda mais atentos devemos estar às suas reais necessidades. Observe-se, também, quão apropriadas são as observações de Paulo, quando diz que devemos compartilhar as necessidades dos santos. Com isto ele sugere que devemos aliviar as necessidades de nossos irmãos, como se estivéssemos socorrendo a nós próprios. Particularmente, ele nos ordena a dar assistência aos santos. Embora nosso amor deva estender-se a toda a raça humana, devemos envolver num amplexo de especial afeição àqueles que são domésticos na fé, porquanto se acham vinculados a nós por um laço muitíssimo estreito.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“NO ZELO, NÃO SEJAIS REMISSOS”


“NO ZELO, NÃO SEJAIS REMISSOS”

“No zelo, não sejais remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao tempo” (Rm 12.11).

Este preceito, “no zelo, não sejais remissos”, nos é comunicado não só porque a vida cristã deve ser ativa, mas também porque é próprio que às vezes desconsideremos nossas próprias vantagens e dediquemos nossos labores em prol de nossos irmãos; e nem sempre em prol daqueles que são bons, mas também em prol daqueles que se nos revelam ingratos e indignos. Em resumo, visto que devemos esquecer de nós mesmos na execução de muitos de nossos deveres, jamais estaremos adequadamente preparados para a obediência a Cristo, a menos que instemos conosco mesmos, esforçando-nos diligentemente por desprender-nos de toda a nossa indolência.

Ao acrescentar “fervorosos de espírito”, o apóstolo Paulo nos mostra como devemos firmar-nos ao preceito anterior. Não há outro corretivo mais eficaz para nossa indolência do que o fervor do espírito. Portanto, a diligência em fazer o bem requer aquele zelo que o Espírito de Deus acendeu em nossos corações. Por que, pois, diria alguém, Paulo nos exorta a cultivar este fervor? Eis minha resposta: embora este zelo seja um dom divino, estes deveres são destinados aos crentes a fim de que destruam sua indiferença e fomentem aquela chama que Deus lhes acendeu. Pois geralmente sucede que, ou abafamos, ou mesmo extinguimos o Espírito em razão de nossas próprias mazelas.

O terceiro conselho, “servindo ao tempo”, tem a mesma referência. Visto que o curso da nossa vida é por demais breve, nossa chance de fazer o bem tão logo passa. Devemos, pois, ser mais solícitos na realização de nossos deveres. Assim, o apóstolo, em outra passagem, nos convida a remir o tempo, visto que os dias são maus [Ef 5.16]. O significado pode ser também que devemos saber como administrar nosso tempo, porquanto há grande necessidade de assim fazermos. Não obstante, Paulo, creio eu, está contrastando seu preceito entre servir o tempo e [servir] o ócio. Obviamente, Paulo desejava relacionar o culto divino com os deveres que desempenhamos em favor de nossos irmãos e tudo quanto serve para fortalecer o amor, a fim de transmitir maior encorajamento aos crentes.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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domingo, 5 de maio de 2024

ANA BEKOACH - Hila Ben David

אנא בכח - הילה בן דוד


“Poderoso e Santo, Poderoso e Santo.

Com bondade conduza seu rebanho. 

Atenda o nosso clamor, ouça os nossos gemidos”. 

Deus nos abençoe!

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