“PORQUE ESTÁ ESCRITO: A VINGANÇA ME PERTENCE”
“Não vos vingueis a vós mesmos, amados,
mas dai lugar à ira; porque está escrito: A vingança
me pertence; eu retribuirei, diz o Senhor” (Rm 12.19).
O apóstolo
Paulo extrai sua comprovação do cântico de Moisés [Dt 32.35], onde o Senhor
declara que ele tomará vingança de seus inimigos. Os inimigos de Deus são todos
aqueles que oprimem seus servos sem uma razão plausível. “Aquele que vos tocar”,
diz ele, “tocará a menina de meus olhos” [Zc 2.8]. Portanto, estejamos
satisfeitos com a consolação de que aqueles que nos causam tribulação sem o merecermos
não escaparão impunemente, nem nos faremos mais sujeitos ou expostos às
injúrias dos ímpios por suportá-las. Ao contrário disto, deixaremos com o
Senhor, que é o nosso único Juiz e Libertador, a oportunidade de prover-nos
livramento.
Embora não
devamos orar a Deus pedindo que nos vingue de nossos inimigos, mas, sim, orar
em favor de sua conversão para que venham eles a tornar-se nossos amigos,
todavia, se prosseguirem em sua perversidade, lhes acontecerá o mesmo que
sucede a todos quantos desprezam a Deus. O apóstolo, contudo, não cita esta
passagem como que para conceder-nos o direito de inflamar-nos de ira assim que
formos injuriados, nem nos manda que oremos a Deus para que vingue nossas
injúrias na proporção do excitamento de nossa carne. Ele nos ensina,
primeiramente, que não é nossa tarefa exigir vingança, a menos que queiramos
usurpar a responsabilidade [e competência] divina. E, em segundo lugar, ele
afirma que não devemos temer que os ímpios se prorrompam com maior ferocidade
ao ver-nos suportar nosso sofrimento com paciência, pois Deus não assume em vão
o ofício de Vingador.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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