“A NINGUÉM FIQUEIS DEVENDO COISA ALGUMA”
“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos
ameis uns aos outros; pois quem ama o próximo tem cumprido a lei” (Rm 13.8).
Há quem pense
que esta é uma nota que exprime ironia, como se Paulo estivesse respondendo a
objeções daqueles que alegavam que os cristãos se achavam por demais
sobrecarregados com outros tantos preceitos que sufocavam o amor. Não nego a
possibilidade da presença de ironia, aqui, como se ele concordasse com a
posição daqueles que não admitiam nenhuma outra lei além do amor, porém num
sentido distinto. Prefiro, contudo, considerar as palavras no sentido simples,
pois acredito que Paulo queria aplicar à lei do amor o preceito concernente à
autoridade dos magistrados, para que ninguém viesse a tê-lo na conta frágil.
Como se estivesse a dizer: “Quando solicito de vós que obedeçam os magistrados,
estou simplesmente exigindo que os crentes pratiquem a lei do amor. Se aspirais
a que os bons prosperem (e não há nada de desumano nisto), então deveis
esforçar-vos por fazer que as leis e os mandamentos prevaleçam, para que todo o
povo possa aprender a ser obediente aos defensores das leis, pois estes homens
é que nos possibilitam a desfrutar a paz”. Portanto, introduzir a anarquia é
violar a lei da caridade; porquanto, a anarquia traria como imediata
consequência o caos de todo o estado.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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