“CARTA AOS ROMANOS - VOZ E VIOLÃO”
“Agora, pois, já nenhuma condenação há para
os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo
Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.1,2).
“CARTA AOS ROMANOS - VOZ E VIOLÃO”
“Agora, pois, já nenhuma condenação há para
os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo
Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte” (Rm 8.1,2).
“Justificados, pois, mediante
a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5.1).
A doutrina da justificação somente pela fé em Cristo pode ser encontrada
em alguns dos escritos do primeiro período da história da Igreja. Entendemos
que esses registros deixados pelos chamados "Pais Eclesiásticos" não
foram inspirados. Contudo, eles nos oferecem o correto ensino transmitido à
Igreja pelos santos Apóstolos.
Clemente de Roma (talvez
o mesmo mencionado em Filipenses 4.3), em sua carta aos Coríntios,
diz: “Nós também, sendo chamados mediante a sua vontade em Cristo, não
somos justificados por nós mesmos, nem por nossa própria sabedoria, ou
entendimento, ou piedade, ou obras que temos feito com pureza de coração, porém
pela fé...”.
Policarpo (falecido
em 155 dC), um discípulo de João, escreveu: “Eu sei que mediante a graça
você é salvo, não por obras, mas sim, pela vontade de Deus em Jesus
Cristo.” (Epístola aos Filipenses).
Justino Mártir (falecido
em 165 dC), escreveu: “Não mais pelo sangue de bodes e de carneiros, nem
pelas cinzas de uma novilha... são os pecados purificados, e sim, pela fé,
mediante o sangue de Cristo e de Sua morte, que por essa razão
morreu.” (Diálogo com Trifa). (Hb 9.13).
Irineu (falecido no princípio do 3º século), discípulo de Policarpo, escreveu: “... através da obediência de um homem, que primeiro nasceu da Virgem, para que muitos pudessem ser justificados e receber a salvação”.
Orígenes, o grande professor, pensador e escritor do cristianismo (falecido em 253 dC), disse o seguinte: “Pela fé, sem as obras da lei, o ladrão na cruz foi justificado; porque... o Senhor não indagou a respeito de suas obras anteriores, nem aguardava a realização de qualquer obra depois de crer; antes... Ele o tomou para si mesmo como companheiro, justificado somente na base de sua confissão.”
Cipriano (falecido 258 dC), bispo na Igreja da África do Norte, escreveu: “Quando Abraão creu em Deus, isso lhe foi imputado para justiça, portanto, cada um que crê em Deus e vive pela fé, será considerado como uma pessoa justa”.
Quando o imperador romano Constantino (falecido em 337 dC) tornou o cristianismo uma religião oficialmente reconhecida, e não mais uma fé perseguida, algumas heresias surgiram e feriram outras doutrinas básicas da fé cristã. Ao combater essas heresias e reafirmar a impotência pecaminosa da natureza humana, a necessidade de salvação pela graça e a expiação eficaz oferecida por Cristo, os fiéis remanescentes defendiam os fundamentos apostólicos da doutrina da justificação somente pela fé em Cristo.
Basílio, bispo de Capadócia (falecido em 370 dC), deixou essas palavras: “O verdadeiro e perfeito gloriar-se em Deus é isto: quando o homem não se exalta por causa da sua própria justiça; é quando ele sabe por si mesmo que carece da verdadeira justiça e que a justificação é somente pela fé em Cristo”.
Atanásio,
bispo de Alexandria (falecido em 373 dC), escreveu: “Nem por esses (isto
é, esforços humanos), mas, à semelhança de Abraão, o homem é justificado pela
fé”.
Ambrósio,
bispo de Milão (falecido em 397 dC), famoso como grande pregador, nos deixou
essas palavras: “Para o homem ímpio, para o homem que crê em Cristo, a sua
fé lhe é imputada para justiça, sem as obras da lei, como também aconteceu com
Abraão”.
Jerônimo, o
grande tradutor da Bíblia para o latim (falecido em 420 dC),
escreveu: “Quando um homem ímpio é convertido, Deus o justifica somente
por meio da fé, não por causa de obras que na realidade, ele não possuía”.
João Crisóstomo,
talvez o maior pregador de todos os “pais eclesiásticos” (falecido
407 dC), e que viveu por muitos anos em Constantinopla. Dele nós
temos: “Então, o que é que Deus fez? Ele fez com que um homem Justo
(Cristo) se fizesse pecado (como Paulo afirma), para que Ele pudesse justificar
pecadores... quando nós somos justificados, é pela justiça de Deus, não por
obras... mas pela graça, pela qual todo o pecado desaparece” (2Co 5.21).
Agostinho,
bispo de Hipona (falecido em 420 dC), disse: “A graça é algo doado; o salário
é algo pago... é chamada graça porque ela é concedida gratuitamente. Você não
comprou por nenhum mérito pessoal o que tem recebido. Portanto, em primeiro
lugar, o pecador recebe a graça para que sejam perdoados os seus pecados... na
pessoa justificada, as boas obras vêm depois; elas não precedem a graça, a fim
de que a pessoa seja justificada... as boas obras que seguem a justificação
manifestam o que o homem tem recebido”.
Anselmo, de Cantuária (falecido 1109 dC), um grande teólogo, e talvez mais conhecido por
causa de seu estudo sobre a expiação do pecado por Cristo, escreveu: “Você
acredita que não pode ser salvo, senão pela morte de Cristo?” Então, vá e,...
ponha toda a sua confiança unicamente em Sua morte. Se Deus lhe disser: “Você é
um pecador”, então responda: “Coloco a morte de nosso Senhor Jesus Cristo entre
mim e o meu pecado”.
Bernardo de Claraval,
considerado como o último dos Pais eclesiásticos (falecido em 1153 dC), deixou
essas palavras: “Acaso a nossa justiça não seria apenas uma injustiça e
imperfeição? Então, o que será dos nossos pecados, quando a nossa justiça não é
suficiente para defender-se a si mesma? Vamos, portanto, com toda humildade,
refugiar-nos na misericórdia, porque ela somente pode salvar as nossas almas...
qualquer um que tenha fome e sede de justiça, que creia nAquele que “justifica
o ímpio”, e assim sendo justificados somente pela fé, terá paz com Deus.
Estes testemunhos evidenciam que a doutrina da justificação somente pela
fé em Cristo não foi uma invenção de Martinho Lutero. Os reformadores apenas
redescobriram o que o próprio Deus nos ensina em Sua Palavra. “Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo
viverá pela sua fé” (Hc 2.4). “Visto que a justiça de Deus se
revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por
fé” (Rm 1.17).
Deus nos abençoe!
James Buchanan (1808 - 1870).
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“E, assim, habite Cristo no vosso
coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor” (Ef
3.17).
Que o verdadeiro crente está unido a Cristo e Cristo a ele, nenhum
leitor cuidadoso do Novo Testamento pensaria em negar, nem por um momento. Sem
dúvida, há uma união mística entre Cristo e o crente. Com ele morremos, com Ele
fomos sepultados, com Ele ressuscitamos e com Ele nos assentamos nos lugares
celestiais. Há cinco textos onde somos claramente ensinados que Cristo está “em
nós” (Rm 8.10; Gl 2.20; 4.19; Ef 3.17 e Cl 3.11). Porém, devemos ter o cuidado
de entender o que significa tal expressão.
Que Cristo habita em nosso coração pela fé, e efetua sua obra interna
por seu Espírito, é uma ideia clara e distinta. Mas, se quisermos dizer que
além e acima disso há alguma misteriosa habitação de Cristo no crente, devemos
tomar cuidado com o que estamos dizendo. A menos que tenhamos cuidado,
terminaremos ignorando a obra do Espírito Santo. Esqueceremos que, na economia
divina, a eleição para a salvação do homem é obra especial de Deus, o Pai; que
a expiação, a mediação e a intercessão é obra especial de Deus, o Filho e, que
a santificação é a obra especial de Deus, o Espírito Santo. Também esqueceremos
de que nosso Senhor disse que, quando se fosse do mundo, nos enviaria um outro
Consolador que estaria “para sempre” conosco ou, por assim dizer, tomaria o
lugar de Cristo (Jo 14.16).
Em suma, o uso do termo “Cristo em nós” sem a devida cautela,
sob a ideia de que estamos honrando a Cristo, poderemos descobrir que
estamos desonrando seu dom especial e peculiar – o Espírito Santo. Certamente,
visto que Cristo é Deus, Ele está em todos os lugares – em nosso coração, no
céu, no lugar onde dois ou três estiverem reunidos em seu nome.
Entretanto, não podemos esquecer que Cristo, na qualidade de nosso Cabeça
e Sumo Sacerdote ressurreto, está especialmente à destra de Deus, intercedendo
por nós até que retorne à terra e, também, que Cristo leva avante a sua obra
nos corações do seu povo, mediante a atuação especial do seu Espírito, o qual
prometeu enviar quando deixasse esse mundo (Jo 15.26). O exame dos versículos 9
e 10 de Romanos 8 parece demonstrar isso claramente. Isso me convence de que
“Cristo em nós” significa em nós “por seu Espírito”. As palavras de João são
claras e distintas: “E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito
que nos deu” (1Jo 3.24).
Deus nos abençoe!
John Charles Ryle (1816-1900).
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“CARTA AOS
COLOSSENSES – VOZ E VIOLÃO”
“Damos sempre
graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós, desde
que ouvimos da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que tendes para com todos os
santos” (Cl 1.3,4).
“Escuta, SENHOR,
a minha oração e atende à voz das minhas súplicas” (Sl 86.6).
À luz da ardente repetição de seus primeiros pedidos, neste versículo e no subsequente, é evidente que Davi se via oprimido, não com um grau comum de tristeza, mas agitado com extrema ansiedade. Deste exemplo somos instruídos que aqueles que, tendo-se uma vez engajado em oração, se dispõem a parar imediatamente com o exercício, a não ser que Deus prontamente se disponha a satisfazer seus desejos, exibem a frieza e inconstância de seus corações. Tampouco é um pensamento supérfluo esta repetição dos mesmos pedidos; porque assim os santos, pouco a pouco, lançam suas preocupações no seio de Deus, e essa importunação é um sacrifício de aroma suave diante dele. Quando o salmista diz: “No dia da minha angústia, clamo a ti, porque me respondes” (vs.7), ele faz especificamente a si uma aplicação da verdade que justamente agora acaba de declarar, ou, seja: que Deus é misericordioso e gracioso para com todos aqueles que o invocam.
Deus nos
abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
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“Pois tu, SENHOR,
és bom e compassivo; abundante em benignidade para com todos os que te invocam”
(Sl 86.5).
Temos aqui uma
confirmação de toda a doutrina derivada da natureza de Deus. De nada valeria
ter o aflito recorrido a ele e elevado seus desejos e orações ao céu, não
estivesse o mesmo persuadido de ser ele o fiel galardoador de todos os que o
invocam. O ponto sobre o qual Davi ora insiste é o fato de Deus ser generoso e
inclinado à compaixão, e que sua misericórdia é tão imensa, que se torna impossível
que ele rejeite quem quer que implore seu auxílio. Embora Davi magnifique a
profusão da mercê divina, contudo imediatamente a seguir representa essa
profusão [ou liberalidade] como sendo restrita aos fiéis que o invocam, para ensinar-nos
que aqueles que, não levando Deus em consideração, obstinadamente se agastam
com o pouco, merecidamente perecem em meio a suas calamidades. Ao mesmo tempo,
ele usa o termo todos, para que cada pessoa, sem exceção, do maior ao menor,
seja encorajada a confiadamente recorrer à bondade e misericórdia de Deus.
Deus nos
abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).
“Compadece-te de
mim, ó SENHOR, pois a ti clamo de contínuo” (Sl 86.3).
O salmista novamente
recorre à misericórdia de Deus. A palavra a qual traduzi, substancialmente é o
mesmo que satisfazer, ter prazer. É como se ele dissesse: não me escudo em meu
próprio mérito, mas humildemente oro por livramento unicamente com base em tua
misericórdia. Quando fala de clamar diariamente, é uma prova de sua esperança e
confiança, do que falamos um pouco antes. O verbo clamar, como tenho tido
ocasião de observar várias vezes, denota a veemência e o ardor da alma. Os santos,
aliás, nem sempre oram em voz audível; porém seus suspiros e gemidos secretos
ressoam e ecoam fora e sobem de seus corações, penetrando o próprio céu. O
suplicante inspirado não só se representa como a clamar, mas como a perseverar
nessa atitude, para ensinar-nos que não estava desencorajado no primeiro ou no
segundo encontro, mas prosseguia em oração com incansável ardor. No versículo
seguinte, ele expressa mais definidamente por que suplicava a Deus que tivesse
misericórdia dele, ou, seja: para que sua angústia fosse removida. Na segunda
sentença, ele declara que não havia hipocrisia em seu clamor; porque ele elevou
sua alma a Deus, que é a principal característica da oração correta. “Alegra a
alma do teu servo, porque a ti, SENHOR, elevo a minha alma”.
Deus nos
abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).
“Preserva a
minha alma, pois eu sou piedoso; tu, ó Deus meu, salva o teu servo que em ti
confia” (Sl 86.2).
Aqui o salmista
associa outros dois argumentos por meio dos quais insiste com Deus que lhe
conceda socorro - sua própria amabilidade para com seus vizinhos e a confiança
que depositava em Deus. Na primeira sentença, à primeira vista poderia parecer
estar fazendo algumas pretensões à dignidade pessoal; todavia claramente mostra
que sua intenção longe estava de insinuar que foi por méritos próprios que
punha Deus em obrigação de preservá-lo. Mas a menção particular que ele faz de sua
clemência e mansidão tende a exibir à plena luz quão odiosa era a perversidade
de seus inimigos, os quais trataram com tanta ignomínia e com tanta
desumanidade a um homem contra quem não podiam, solidamente fundamentados,
tornar culpado, e alguém que, com tanto esforço, tudo fazia para ser-lhes agradável.
Visto, pois, que Deus declarou ser o defensor das boas causas daqueles que
seguem após a justiça, Davi, não sem boa razão, testifica que tinha se
esforçado por exercer bondade e amabilidade; à luz deste fato pode parecer que
ele fora vilmente retribuído por seus inimigos, quando gratuitamente agiram
cruelmente contra um homem compassivo. Mas como não seria suficiente que suas
vidas fossem caracterizadas pela bondade e justiça, junta-se uma qualificação
adicional: o descanso ou confiança em Deus, sendo esta a mãe de toda verdadeira
religião. Estamos cientes de que alguns têm sido dotados com um grau bem
elevado de integridade, ao ponto de granjearem entre os homens o louvor de
serem perfeitamente justos. Mas, como esses homens, com todas suas excelências
e virtudes, eram ou dominados pela ambição, ou inflados pela soberba, que os
levam a confiar mais em si do que em Deus, não surpreende encontrá-los sofrendo
o castigo de sua vaidade. Ao lermos histórias profanas, nos sentimos perplexos
como é possível que Deus tenha abandonado os honestos, os sérios e os
temperados às paixões tempestivas de uma multidão perversa; mas não há razão
para espanto diante disso, quando ponderamos que tais pessoas, confiando em sua
própria força e virtude, desprezaram a graça de Deus com toda a arrogância da
impiedade. Fazendo de sua própria virtude um ídolo, desdenhosamente se
recusaram a erguer seus olhos para ele. Portanto, embora possamos ter o
testemunho de uma consciência aprovadora, e embora ele seja a melhor testemunha
de nossa inocência, todavia, se estamos desejosos de obter sua assistência, é
necessário que lhe confiemos nossas esperanças e ansiedades. Se alguém contesta
dizendo que nesse caminho o portão está fechado para os pecadores, respondo que
quando Deus convida a si os que são inocentes e retos em sua conduta, isso não
significa que ele imediatamente repila todos os que são castigados por conta de
seus pecados; porque eles têm uma oportunidade que lhes foi dada, caso a
aproveitem para a oração e o reconhecimento de sua culpa.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).
“Inclina, SENHOR,
os ouvidos e responde-me, pois estou aflito e necessitado” (Sl 86.1).
Neste Salmo as
orações e as santas meditações se entrelaçam com vistas a nutrir e confirmar a
fé, irmanando-se com louvores e ações de graças. Parecendo difícil, segundo o
critério da razão carnal de Davi, escapar das angústias com que se via cercado,
ele confronta suas conclusões com a infinita bondade e poder de Deus. Não
espera meramente ver-se livre de seus inimigos; ele também ora para que o temor
de Deus seja implantado e firmemente estabelecido em seu coração.
Nem o título,
nem o conteúdo deste Salmo nos habilita a concluir com certeza quais os perigos
dos quais Davi aqui se queixa; porém o Salmo com toda probabilidade se refere
àquele período de sua vida em que era perseguido por Saul, e descreve o fio de
pensamento que então ocupava sua mente, ainda que o mesmo não tenha sido
escrito até depois de sua restauração a um estado de paz e tranquilidade
externas, quando passou a desfrutar de mais lazer. Não é sem causa que ele
alegue diante de Deus que as opressões que suportou eram um argumento com o fim
de obter o favor divino; pois nada é mais próprio à natureza de Deus do que
socorrer o aflito; e quanto mais severamente é alguém oprimido, e mais
destituído esteja dos recursos do auxílio humano, também mais inclinado está
Deus graciosamente a socorrê-lo. Portanto, para que nenhum desespero torture
nossas mentes com as mais profundas aflições, apoiemo-nos no fato de que o Espírito
Santo ditou esta oração para os pobres e aflitos.
Deus nos
abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
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“CARTA AOS EFÉSIOS -
VOZ E VIOLÃO”
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção, pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça” (Ef 1.3-7).
“CONSIDERA OS MEUS
INIMIGOS”
“Considera os
meus inimigos, pois são muitos e me abominam com ódio cruel. Guarda-me a alma e
livra-me; não seja eu envergonhado, pois em ti me refugio” (Sl 25.19,20).
Aqui, Davi se queixa do número e da crueldade de seus inimigos, porque, quanto mais o
povo de Deus é oprimido, mais Deus se inclina a socorrê-lo; e na proporção da
magnitude do perigo pelo qual se veem cercados, ele os assiste ainda mais
poderosamente. As palavras, odiado com violência, devem, aqui, ser subentendidas
no sentido de ódio cruel e sanguinário. Ora, visto que o furor dos inimigos de
Davi era tão profundo, que nada senão sua morte os deixaria satisfeitos, ele
invoca a Deus para que fosse o guardião e protetor de sua vida; e desse fato
pode inferir-se, segundo já afirmei, que ele estava agora exposto a um perigo
extremo. A cláusula que imediatamente se segue - não seja eu envergonhado - pode ser subentendida de duas formas. Alguns retêm o tempo
futuro — eu não serei envergonhado —, como se Davi se sentisse seguro de que já
havia sido ouvido por Deus, e como se o galardão de sua esperança lhe assegurasse
uma graciosa resposta às suas orações. Sinto-me, antes, inclinado à opinião
contrária que considera essas palavras como que formando ainda parte de sua
oração. Portanto, o equivalente do que é aqui afirmado consiste nisto: visto
que ele confia em Deus, então ora para que a esperança de salvação, que se
havia formado nele, não fosse desapontada. Não há nada mais adequado para
comunicar santo ardor às nossas orações do que quando somos capazes de
testificar com sinceridade de coração que confiamos em Deus. E por isso nos
convém pedir com muito maior solicitude que ele faça nossa esperança crescer,
quando ela é pequena; despertá-la, quando é dormente; confirmá-la, quando é
oscilante; revigorá-la, quando é frágil; e que ele até mesmo a ressuscite,
quando está como que destruída.
Deus nos abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).
“Considera as
minhas aflições e o meu sofrimento e perdoa todos os meus pecados” (Sl 25.18).
Ao repetir essas
queixas com tanta frequência, Davi mostra claramente que as calamidades com que
era assaltado não eram males suaves e triviais. E isso deve ser atentamente
notado por nós, de modo que quando as tribulações e aflições nos forem
desmedidas segundo a mesma experiência, sejamos capacitados a elevar nossas
almas a Deus em oração; porque o Espírito Santo tem posto diante de nossos
olhos esta representação, para que nossas mentes não sucumbam sob o volume ou
peso das aflições. Mas com vistas a obter alívio dessas misérias, Davi uma vez
mais ora para que seus pecados sejam perdoados, renovando suas reminiscências
acerca do que já havia expresso, ou seja, que não poderia esperar que viesse a
desfrutar do favor divino, a menos que fosse antes reconciliado com Deus
mediante seu gracioso perdão. E deveras são demasiadamente insensíveis os que,
contentes com o livramento das aflições físicas, não sondam os males de seus
próprios corações, ou seja, seus pecados, senão que, muito ao contrário,
desejam sepultá-los no esquecimento. Portanto, para achar um antídoto que curasse
suas preocupações e angústias, Davi começa implorando pela remissão de seus
pecados, porque, enquanto Deus estiver irado contra nós, devemos necessariamente
deduzir que todas as nossas atividades nos levam a um fim infeliz; e ele tem
sempre sobejas razões para nutrir desprazer contra nós enquanto nossos pecados
persistirem, ou seja, até que sejam perdoados. E ainda que o Senhor tenha
vários fins em visto em trazer seu povo subjugado à cruz, contudo devemos
manter firme o princípio de que, enquanto Deus nos aflige, somos convocados a
examinar nossos próprios corações e humildemente buscar sua reconciliação.
Deus nos abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
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“Alivia-me as
tribulações do coração; tira-me das minhas angústias” (Sl 25.17).
Neste versículo,
Davi reconhece não só que tinha que contender exteriormente com seus inimigos e
enfrentar as tribulações que lhe ocasionavam, mas que ele era também afligido
interiormente com dores e angústias do coração. É também indispensável observar
a forma de expressão que ele emprega aqui, e pela qual ele notifica que o peso
e volume de suas tribulações se haviam acumulado de tal forma que pervadiam
todo o seu coração, como se fossem um fluxo de águas transbordando pelas bordas
e se estendendo por todos os lados e cobrindo todo o campo. Ora, quando vemos o
coração de Davi às vezes dominado pela angústia, não carece que nos admiremos
se às vezes a violência da tentação nos faz sucumbir; mas roguemos como o fez
Davi, crendo que, quando estivermos à mercê do desespero, Deus virá em nosso
socorro.
Deus nos abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
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“Volta-te para
mim e tem compaixão, porque estou sozinho e aflito” (Sl 25.16).
Visto que a
carne está sempre pronta a sugerir à nossa mente que Deus se esqueceu de nós,
ao cessar ele de manifestar seu poder em nosso auxílio, Davi, neste passo,
segue a ordem que lhe parece natural, pedindo que Deus atente para ele, como se
antes o houvera negligenciado totalmente. Ora, parece-me que as palavras
poderiam ser explicadas assim: Atenta
para mim, a fim de teres piedade de mim. Ele pondera imediatamente sobre a causa
e fonte de sua salvação, como estando em Deus; e então adiciona o efeito disto;
pois logo que Deus, de seu próprio beneplácito, se digne atentar para nós, sua
mão também estará pronta a socorrer-nos. Além disso, a fim de incitar a
compaixão divina, ele expõe sua própria miséria, expressamente declarando que
está sozinho, ou seja, solitário; e então se descreve como pobre. Não pode
haver dúvida, ao expressar-se assim, de que ele está a aludir às promessas nas
quais Deus declara que estaria sempre presente com os aflitos e oprimidos, a
fim de socorrê-los e ajudá-los.
Deus nos abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
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ESPÍRITO SANTO – O CONCERTO DE ADORAÇÃO AO VIVO
Esta experiência de adoração nos lembra do
poder e da presença do Espírito Santo, que traz paz, liberdade e renovação a
cada alma que invoca o nome do Senhor. Como está escrito em 2Coríntios 3.17,18:
"Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há
liberdade. E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho,
a glória do Senhor, somos transformados, de glória em glória, na sua própria
imagem, como pelo Senhor, o Espírito”.
Deus nos abençoe!
“A nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os
principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra
as forças espirituais do mal, nas regiões celestes” (Ef 6.12).
O apóstolo Paulo põe diante dos efésios o perigo, expressando-lhes a
natureza do inimigo. Sua intenção é fazer-nos ver que nossas dificuldades são
maiores do que se tivéssemos que lutar contra homens. Ali resistimos a força
humana, o homem contende com o homem, a força é rebatida pela força, e
habilidade contra habilidade; mas, aqui, o caso é muitíssimo diferente,
porquanto nossos inimigos são em tal proporção, que não há poder humano capaz
de resistir. A luta não é corporal.
Lembremo-nos desta afirmação quando as injúrias humanas nos levarem à
represália. Pois nossa natureza nos leva à selvageria contra os próprios
homens; mas esse estulto desejo será refreado, como por uma rédea curta, pela
consideração de que os homens que nos importunam nada são além de dardos
lançados pela mão de Satanás. Enquanto estamos ocupados em repeli-los, nos
expomos a ser feridos de todos os lados. Lutar contra a carne e o sangue não só
será inútil, mas também prejudicial. Devemos ir diretamente ao inimigo, que nos
ataca e nos fere de seu esconderijo, que mata antes mesmo de ser visto.
Paulo nos diz que o inimigo perigoso, não para infundir-nos
medo, mas para aguçar nossa diligência. Ao falar do poder do inimigo, o apóstolo se
esforça por manter-nos mais atentos. Ele já o denominara de diabo, mas agora
usa uma série de epítetos, para que os crentes pudessem entender que esse não é
um inimigo a ser tratado com descaso.
Ele o chama de principados e potestades, de dominadores
deste mundo tenebroso. Sua intenção é mostrar-nos que o diabo reina no
mundo, porquanto o mundo outra coisa não é senão tenebrosidade. Daí segue-se
que a corrupção do mundo cede espaço as forças espirituais do mal.
Paulo não está aqui atribuindo aos demônios um principado, do qual se apoderam
sem o devido consentimento e o exercem em oposição a Deus, e sim, o atribui
àquele que, como a Escritura ensina, Deus, em justa vingança, permite que ajam
contra os perversos. A questão aqui é a seguinte: não propriamente que espécie
de poder os demônios exercem em oposição a Deus, e sim, quão assustadores eles
se nos tornam, com o fim de manter-nos sempre em guarda. Nem tampouco essas
palavras pretendem favorecer a crença de que o diabo criou e mantém para si
mesmo a região intermédia nos ares. Paulo não lhes designa um território fixo,
do qual se apoderam e o qual controlam, mas simplesmente indica que estão
imbuídos de hostilidade e se encontram nas regiões mais elevadas.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).
“Dizem continuamente aos que me desprezam: O SENHOR
disse: Paz tereis; e a qualquer que anda segundo a dureza do seu coração
dizem: Não virá mal sobre vós” (Jr 23.17).
O maior dom concedido aos homens pelo Espírito Santo no Antigo
Testamento era o de profecia. Contudo, quantos falsos profetas havia! Alguns
deles serviam a outros deuses (1Rs 18.26-29). A mente deles era na verdade
possuída pelo diabo, que os capacitava a declarar aquilo que outros homens
desconheciam (1Co 10.20; 2Co 4.4). Outros professavam falar em nome e pela
inspiração do Espírito do Senhor, o único verdadeiro e santo Deus, mas eram
falsos profetas (Jr 28.15; Ez 13.1-10).
Em tempos de perigo e de ameaça de calamidades sempre há os que afirmam
ter revelações extraordinárias. O diabo os instiga a encher os homens de falsas
esperanças para conservá-los no pecado e em segurança enganosa. Quando então
vem o juízo do Senhor, são apanhados de surpresa. Portanto, todo aquele que diz
ter revelações extraordinárias, encorajando os homens a se sentirem seguros
vivendo pecaminosamente, faz a obra do diabo, pois tudo aquilo que encoraja os
homens a se sentirem seguros em seus pecados procede do diabo (Jr 5.30,31;
23.9-32).
No Novo Testamento o evangelho também foi revelado aos apóstolos pelo Espírito.
Foi pregado com o seu auxílio e tornado eficaz para a salvação de almas pela
sua obra e poder. Na igreja primitiva a pregação do evangelho era acompanhada
dos milagres realizados pelos apóstolos. Contudo, o apóstolo Pedro adverte a
igreja de que assim como na igreja do Antigo Testamento havia falsos profetas,
do mesmo modo existiriam falsos mestres no Novo. “Assim como, no meio do povo,
surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os
quais introduzirão, dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de
renegarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si repentina
destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles,
será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio
de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não
tarda, e a sua destruição não dorme” (2Pe 2.1-3).
Ponha os falsos mestres à prova; não dê crédito a qualquer espírito, porque muitos falsos mestres têm saído pelo mundo fora; prove-os por sua doutrina (1Jo 4.1-3). Não se deixe persuadir pelos extraordinários milagres que possam fazer; fique atento ao que eles pregam. Proteja-se com o conhecimento verdadeiro da palavra de Deus. “Ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes seja anátema” (Gl 1.8,9). “Conheço as tuas obras, tanto o teu labor como a tua perseverança, e que não podes suportar homens maus, e que puseste à prova os que a si mesmo se declaram apóstolos e não são, e os achaste mentirosos” (Ap 2.2).
Deus nos abençoe!
John Owen (1616-1683).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba/PR.
“Acautelai-vos
dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por
dentro são lobos roubadores” (Mt 7.15).
Devemos nos
acautelar dos falsos profetas. A conexão entre esta passagem e a anterior é
impressionante. Queremos ficar bem longe do “caminho largo”? Então, devemos
estar precavidos contra os falsos profetas, pois haverão de surgir. Eles
começaram a aparecer já nos dias dos apóstolos. Desde aquele tempo as sementes
do erro têm sido lançadas. Desde então, eles têm aparecido continuamente.
Precisamos estar preparados contra eles, mantendo-nos sempre em guarda.
Esta é uma
advertência de que muito precisamos. Há milhares de pessoas que parecem estar
sempre prontas a crer em qualquer coisa que ouvirem, desde que venha dos lábios
de alguém que tenha o título de ministro religioso. Esquecem-se que um clérigo
pode errar, tanto quanto um leigo. Eles não são infalíveis. O que eles ensinam
precisa ser confrontado com os ensinamentos das Sagradas Escrituras. Só devemos
seguir tais ministros, e crer no que ensinam enquanto as doutrinas por eles
ensinadas concordarem com a Bíblia. Devemos fazer prova deles, pelos “seus
frutos”. Sã doutrina e vida santa são sinais característicos dos verdadeiros
profetas. Lembremo-nos disto. Os erros dos nossos ministros não justificam os
nossos próprios erros. “Se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco”
(Mt 15.14).
Qual a melhor
salvaguarda contra os falsos ensinamentos? Sem sombra de dúvida, a resposta é o
estudo regular da Palavra de Deus, sempre acompanhado de uma oração que rogue a
iluminação do Espírito Santo. A Bíblia foi-nos outorgada para ser uma lâmpada
para os nossos pés e luz para os nossos caminhos (Sl 119.105). Deus não
permitirá que quem a ler corretamente não caia em algum erro irremediável. A
negligência para com a Bíblia é que faz tantas pessoas se tornarem presas
fáceis do primeiro falso mestre que aparecer. Tais pessoas querem nos fazer
acreditar que não são “estudadas”, e nem têm a “pretensão” de terem opiniões
bem formadas. A verdade é que são preguiçosos, negligenciam a leitura da
Bíblia, e não querem ter o trabalho de pensar por si mesmos. Não existe nada
que nos forneça tantos seguidores para os falsos profetas do que a preguiça
espiritual, disfarçada sob uma capa de humildade.
Que todos
possamos sempre ter em mente a advertência do Senhor! O mundo, o diabo e a
carne não são os únicos perigos no caminho do cristão. Há ainda um outro: o “falso
profeta”, o lobo disfarçado de ovelha. Feliz é quem estuda a Bíblia e ora, e sabe
a diferença entre a verdade e o engodo, na religião! Existe uma diferença, e
nós deveríamos reconhecê-la muito bem, fazendo uso do conhecimento que nos foi outorgado.
Deus nos
abençoe!
J.C.Ryle
(1816-1900).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba/PR.
“AZEITE NAS
LAMPARINAS” - Pr. Luís Valério
“Então,
o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas,
saíram a encontrar-se com o noivo. Cinco dentre elas eram néscias, e cinco,
prudentes” (Mt 25.1,2).
Deus nos abençoe!
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“CANÇÕES DE ADORAÇÃO E AÇÃO DE GRAÇAS”
“Graças te rendemos, ó Deus; graças te rendemos, e invocamos o teu nome,
e declaramos as tuas maravilhas” (Sl 75.1).
“Pai, a minha
vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste, para que
vejam a minha glória que me conferiste, porque me amaste antes da fundação do
mundo” (Jo 17.24).
Tenhamos certeza
de que estas palavras tinham o propósito de animar e trazer conforto para
aqueles que as ouviram, fortalecendo-os para os acontecimentos finais, que se
aproximavam rapidamente. Entretanto, para todos aqueles que a leem, até hoje,
essa parte da oração de Cristo está repleta de indivisível consolo e
refrigério.
Agora não
podemos ver a Cristo. Lemos a respeito dele, pelo Espírito ouvimos a sua voz,
cremos em sua Palavra e descansamos nossas almas em sua obra consumada. No
entanto, mesmo os melhores dentre nós, no melhor de nós mesmos, andamos por fé
e não pelo que vemos; e nossa pobre e vacilante fé com frequência nos faz andar
com dificuldade no caminho para o céu. Mas haverá um final para todo esse estado
de coisas que temos hoje. Naquele dia, veremos a Cristo assim como Ele é e
conheceremos da maneira como somos conhecidos. Nós O contemplaremos face a face
e não mais como por espelho. Estaremos definitivamente na presença e na
companhia de Cristo, para nunca mais sairmos. Se a fé nos tem sido agradável,
quanto mais será vê-Lo com nossos próprios olhos; se a esperança nos tem
produzido refrigério, quanto mais consolo obteremos ao estar pessoalmente com
Ele. Não devemos admirar que, depois de ter escrito: “Estaremos para sempre com
o Senhor”, o apóstolo Paulo acrescentou: “Consolai-vos, pois, uns aos outros
com essas palavras” (1Ts 4.17,18).
Agora sabemos pouco
a respeito do céu. Nossos pensamentos tornam-se confusos, quando procuramos
formar uma ideia de um futuro estado em que pecadores redimidos serão
perfeitamente felizes. “Ainda não se manifestou o que haveremos de ser” (1Jo
3.2). Todavia, podemos descansar no bendito pensamento de que, após a morte,
estaremos com Cristo. Se antes da ressurreição do corpo estaremos no paraíso
ou, após a ressurreição, desfrutaremos da glória final, a perspectiva é a
mesma. Os verdadeiros cristãos estarão “para sempre com o Senhor”. Não
precisamos de mais informações. Onde está Aquela bendita pessoa, que veio a
este mundo e morreu, “o qual foi entregue
por causa das nossas transgressões e ressuscitou por causa da nossa
justificação” (Rm 4.25), ali não falta coisa alguma. Davi pôde afirmar com segurança:
“Na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente”
(Sl 16.11).
Deus nos abençoe!
J.C.Ryle
(1816-1900).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil – Curitiba (PR).
“Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17).
Essas palavras maravilhosas constituem uma conclusão adequada para a
mais admirável oração já pronunciada na terra, a última oração do Senhor Jesus após
a última ceia.
Devemos dar atenção especial ao pedido de nosso Senhor Jesus em favor da
santificação dos seus discípulos. “Santifica-os
na verdade; a tua palavra é a verdade”. Aqui, a palavra “santificar”
significa “tornar santo”. Jesus estava pedindo que o Pai tornasse seus
discípulos mais santos, espirituais, puros, em pensamentos, palavras, obras,
vida e caráter. A graça divina já os havia chamado, convertido, regenerado e
transformado. Agora o grande Cabeça da igreja ora para que esta obra da graça seja
levada adiante e seu povo seja santificado de maneira mais completa, em corpo e
alma – em outras palavras, mais semelhantes a Ele mesmo.
Mais santificação é aquilo que deve desejar todo verdadeiro cristão.
Viver em santidade é a grande prova da realidade do cristianismo. Pessoas podem
recusar-se a reconhecer a veracidade de nossos argumentos, mas não podem
esquivar-se da evidência de um viver em santidade. Esse tipo de vida adorna a
vida espiritual, tornando-a sublime, e às vezes conquista aqueles que não foram
ganhos “através da Palavra”. Viver em santidade treina o crente para morar no
céu. Quanto mais nos achegamos a Deus, enquanto vivemos neste mundo, tanto mais
preparados estaremos para viver nos céus, quando morrermos. Nossa admissão no
céu será totalmente pela graça de Deus e não por causa de nossas obras;
todavia, o próprio céu não será céu para nós, se entrarmos ali possuindo um
caráter destituído de santidade. É preciso existir uma idoneidade moral para “a
herança dos santos na luz”. Somente o sangue de Cristo pode nos outorgar o
direito de possuir aquela herança. A santificação precisa nos capacitar para
desfrutá-la.
À luz desses fatos, quem se admira de ter sido a santificação uma das
primeiras coisas que nosso Senhor suplicou para seu povo? Dentre os que são
ensinados por Deus, quem deixaria de reconhecer que santidade gera felicidade e
que os que andam em intimidade com Deus são aqueles que vivem com mais
tranquilidade neste mundo? Ninguém deve nos enganar com palavras vãs no que
concerne a este assunto. Aquele que despreza a santidade e negligencia as boas
obras, tendo o inútil pretexto de honrar a justificação pela fé, demonstra que
não possui a mente de Cristo.
Deus nos abençoe!
J.C.Ryle (1816-1900).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil – Curitiba (PR).
“SENHOR,
não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de
grandes coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim” (Sl 131.1).
Ao negar que andava em ou era familiarizado com grandes coisas, devemos supor que Davi se referia à disposição ou à atitude de sua alma. Pois manter, como ele o fez, o ofício de profeta, ser investido de dignidade real, não mencionando as outras distinções com que ele foi honrado acima dos homens comuns, eram coisas grandes demais. Mas a expressão era apropriada, visto que ele se confinava estritamente ao objetivo único de servir a Deus e à Igreja. Se alguém ainda se vê inclinado a enfatizar indevidamente a palavra aqui empregada, maravilhosas demais para mim, no final do versículo, deve ser considerada como que conectada com o que Davi disse sobre as grandes coisas, bem como sobre as coisas veladas ou ocultadas, para que leiamos: não tenho andado em grandes coisas que estão acima de mim. A questão não é se a posição de Davi era pequena ou exaltada. Bastava que ele fosse cuidadoso em não ultrapassar os limites próprios de sua vocação. Ele não pensava em si mesmo com liberdade para dar sequer um passo, se não fosse chamado por Deus a fazer isso.
A submissão de
Davi nessas questões é contrastada com a presunção dos que, sem qualquer
autorização de Deus, correm a empreendimentos desautorizados e se envolvem em
deveres que pertencem propriamente a outros; pois, sempre que tivermos uma
visão clara do chamado divino, não podemos dizer que as coisas estão veladas ou
ocultadas de nós ou que são grandes demais para nós; contanto que estejamos
prontos para toda obediência. Em contrapartida, os que se rendem à influência
da ambição, logo se perderão num labirinto de perplexidade. Vemos como Deus
confunde a soberba e os projetos orgulhosos dos filhos deste mundo. Correm todo
o curso de sua carreira selvagem, reviram a terra de ponta cabeça, a seu
bel-prazer, e estendem sua mão em todas as direções; são cheios de complacência
na ponderação de seus próprios talentos e aptidões; e, num momento, quando
todos seus planos já foram plenamente formulados, são inteiramente subvertidos,
porque não há neles nenhuma firmeza. Há duas formas diferentes assumidas pela
presunção daqueles que não querem ser humildes seguidores de Deus, mas precisam
ter suas necessidades colocadas diante dEle. Alguns avançam com precipitação
imprudente e parecem como se quisessem edificar até ao céu; outros não exibem
tão publicamente a excesso de seus desejos, são mais lentos em seus movimentos
e ponderam cautelosamente o futuro. No entanto, a presunção destes resulta do
mesmo fato: com total inadvertência em relação a Deus, como se o céu e a terra
lhes estivessem sujeitos, promulgam seu decreto quanto ao que eles farão num
futuro. Estes edificam, por assim dizer, no mar profundo. Mas a sua obra nunca
virá à superfície, por mais extensa que seja a duração de suas vidas. Enquanto
isso, os que se submetem a Deus, como Davi, mantendo-se em sua própria esfera,
moderados em seus desejos, desfrutarão uma vida de tranquilidade e segurança.
Deus nos
abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).
“SENHOR, não é
soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando à procura de grandes
coisas, nem de coisas maravilhosas demais para mim” (Sl 131.1).
Davi se tornara o cabeça do povo de Deus; e, para provar que era o legítimo príncipe deles, que tinha direito à lealdade dos fiéis, ele desejou mostrar que não fora influenciado, em tudo quanto havia empreendido, pela ambição ou orgulho, e sim que se submetera com espírito sereno e humilde à disposição de Deus. Nisto, Davi nos ensina uma lição proveitosa, pela qual devemos ser governados em nosso viver: temos de ser contentes com a porção que Deus nos designou, considerar aquilo para o que Deus nos chama e não almejar modelarmos nosso próprio destino; temos de ser moderados em nossos desejos, evitar envolvimento em negócios temerários e limitar-nos alegremente à nossa própria área de atuação, em vez de tentar grandes coisas.
Davi nega que seu coração era
soberbo, pois esta é a verdadeira causa de toda pressa e presunção irrefletida,
na conduta. Não é o orgulho que conduz os homens, instigados por suas paixões,
a realizarem com ousadia lutas presunçosas, a prosseguirem precipitadamente em
seu curso e lançarem o mundo inteiro em confusão? Se essa altivez de espírito
fosse refreada, a consequência seria que todos os homens obteriam moderação na
conduta. Os olhos de Davi não eram altivos; não havia sintomas de orgulho em
seu semblante ou gestos, como descobrimos em outro Salmo [SI 18.27], no qual
ele condena o olhar soberbo. No entanto, algo mais que isto pode estar
implícito, ou seja, que, enquanto ele freava a persistente ambição de seu
coração, cuidava para que seus olhos não cedessem anuência ao coração em
quaisquer aspirações cobiçosas por grandeza. Em suma, todos os sentidos, bem
como o seu coração, foram sujeitos às restrições da humildade.
Deus nos
abençoe!
João
Calvino (1509-1564).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba(PR).