"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



terça-feira, 15 de abril de 2025

“A PALAVRA DE SALVAÇÃO” - Introdução


“A PALAVRA DE SALVAÇÃO” - Introdução

“E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.42,43).

A segunda declaração de Cristo na cruz foi feita em resposta ao pedido do ladrão à beira da morte. Antes de considerarmos as palavras do Salvador ponderaremos primeiro sobre o que as ocasionou. Não foi acidente algum o fato de o Senhor da glória ter sido crucificado entre dois ladrões. Nada ocorre por acidente em um mundo que é governado por Deus. Muito menos poderia ter havido qualquer acidente naquele dia dos dias, ou em conexão com aquele evento dos eventos — um dia e um evento que estão situados no próprio centro da história do mundo. Não, Deus estava presidindo sobre aquela cena. Desde a eternidade toda ele havia decretado quando e onde e como e com quem seu Filho deveria morrer. Nada foi deixado ao acaso ou ao capricho do homem. Tudo que Deus tinha decretado veio a suceder exatamente como ele havia ordenado, e nada aconteceu que não tivesse ele eternamente intentado. Tudo quanto o homem fez foi simplesmente o que a mão e o conselho divinos “tinham anteriormente determinado” (At 4.28).

Quando Pilatos deu ordens para que o Senhor Jesus fosse crucificado entre os dois malfeitores, estava pondo em execução o decreto eterno de Deus e cumprindo sua palavra profética, coisas que lhe eram totalmente desconhecidas. Setecentos anos antes que esse dignitário romano desse sua ordem, Deus tinha declarado mediante Isaías que seu Filho deveria ser “contado com os transgressores” (Is 53.12). Quão totalmente improvável parecia isso, que o Santo de Deus devesse ser contado com os ímpios; que aquele mesmo cujo dedo havia inscrito nas tábuas de pedra da Lei do Sinai devesse ter um lugar designado entre os sem lei; que o Filho de Deus devesse ser executado com os criminosos — tal parecia completamente inconcebível. Todavia, na realidade, foi o que veio a ocorrer. Nem uma só palavra divina pode-se deixar escapar. “Para sempre, ó Senhor, a tua palavra permanece no céu” (Sl 119.89). Assim como Deus havia ordenado, e assim como havia anunciado, assim aconteceu.

Porque ele ordenou que seu Filho devesse ser crucificado entre dois criminosos? Certamente que Deus tinha uma razão para tal; uma boa, uma múltipla razão, quer possamos discerni-la ou não. Ele nunca procede arbitrariamente. Ele tem um bom propósito para tudo o que faz, pois todas as suas obras estão ordenadas pela sabedoria infinita. Nesse exemplo particular, várias respostas se insinuam à nossa inquirição. Não foi nosso bendito Senhor crucificado com os dois ladrões para demonstrar plenamente as insondáveis profundezas da vergonha em que havia descido? Em seu nascimento ele estava rodeado pelas bestas do campo e, agora, em sua morte, é contado com a escória da humanidade.

Outra vez, não foi o Salvador contado com os transgressores para nos mostrar a posição que ele ocupou como nosso substituto? Ele havia ocupado o lugar que era nosso, e o que era senão o lugar de vergonha, o lugar dos transgressores, o lugar dos criminosos condenados à morte!

Outra vez, não foi ele deliberadamente humilhado daquele modo por Pilatos para mostrar a avaliação pelo homem daquele inigualável — “desprezado” tanto quanto rejeitado!

Outra vez, não foi ele crucificado com os dois ladrões, de modo que naquelas três cruzes e nos que nelas estavam dependurados, pudéssemos ter a representação vívida e concreta do drama da salvação e da resposta do homem a isso — a redenção do Salvador; o pecador que se arrepende e crê; e o que insulta e rejeita?

Uma outra importante lição que podemos aprender da crucificação de Cristo entre os dois ladrões, e o fato de que um o recebeu e o outro o rejeitou, é a da soberania divina. Os dois malfeitores foram crucificados juntos. Estavam à mesma proximidade de Cristo. Ambos viram e ouviram tudo o que se tornou conhecido durante aquelas seis fatídicas horas. Ambos eram notoriamente perversos; ambos estavam sofrendo agudamente; ambos estavam morrendo, e ambos necessitavam urgentemente de perdão. Todavia, um morreu em seus pecados, morreu como tinha vivido — endurecido e impenitente; ao passo que o outro se arrependeu de sua maldade, creu em Cristo, recorreu a ele para obter misericórdia e entrou no Paraíso. Como explicar isso, senão pela soberania de Deus!

Vemos precisamente que a mesma coisa continua hoje. Sob exatamente as mesmas circunstâncias e condições, um é enternecido e outro permanece inalterado. Sob o mesmo sermão, um homem ouvirá com indiferença, enquanto outro terá seus olhos abertos para ver sua necessidade e sua vontade movida para perto da oferta da misericórdia divina. Para um, o evangelho é revelado, para outro, “oculto”. Por quê? Tudo o que podemos dizer é: “Sim, ó Pai, porque assim te aprouve”. E, contudo, a soberania divina nunca quer dizer destruir a responsabilidade humana. Ambas são claramente ensinadas na Bíblia, e é nosso dever crer e pregar as duas, quer possamos harmonizá-las ou compreendê-las quer não. Ao pregarmos ambas pode parecer a nossos ouvintes que nos contradizemos, mas que importa?

Disse o falecido C. H. Spurgeon, quando pregava em 1Timóteo 2.3,4: “Ali no texto se acha, e creio que é do desejo de meu Pai, que ‘todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade’. Mas eu sei, também, que ele não o quer, de modo que salvará a qualquer um daqueles, apenas se crerem em seu Filho; pois ele no-lo disse repetidas vezes. Ele não salvará homem algum, a menos que esse abandone seus pecados, e se volte para ele com pleno propósito de coração: isso eu também sei. E sei, ainda, que ele tem um povo a quem salvará, a quem, por seu eterno amor, elegeu e a quem, por seu eterno poder, ele libertará. Eu não sei como aquilo se ajusta com isso, que é mais uma das coisas que não sei.” E disse esse príncipe dos pregadores: “Eu permanecerei exatamente no que sempre hei de pregar e sempre tenho pregado, e tomo a palavra de Deus como está, possa eu reconciliá-la com uma outra parte da palavra divina ou não.” Dizemos novamente, a soberania de Deus nunca significa destruir a responsabilidade do homem. Devemos fazer uso diligente de todos os meios que ele designou para a salvação das almas. Somos ordenados a pregar o evangelho a “toda criatura”. A graça é livre: o convite é amplo o bastante para “quem crer” o aceitar. Cristo não despede ninguém que venha a ele. Todavia, após havermos feito tudo, após havermos plantado e aguado, é Deus quem dá o crescimento, e o faz de modo a melhor satisfazer sua soberana vontade.

Na salvação do ladrão agonizante temos uma visão clara da graça vitoriosa, como não encontrada em nenhum outro lugar na Bíblia. Deus é o Deus de toda graça, e a salvação é inteiramente por meio dessa. “Pela graça sois salvos” (Ef 2.8), e é “pela graça” do começo ao fim. A graça planejou a salvação, a graça proveu a salvação, e a graça assim opera sobre e em seus eleitos para sobrepujar a dureza de seus corações, a obstinação de suas vontades, e a inimizade de suas mentes, e assim os torna propensos a receber a salvação. A graça inicia, a graça continua, e a graça consuma a nossa salvação.

A salvação pela graça — soberana, irresistível, livre graça — é ilustrada no Novo Testamento tanto por exemplo quanto por preceito. Talvez os dois casos mais contundentes de todos sejam os de Saulo de Tarso e do Ladrão Agonizante. E esse último é até mais digno de nota que o primeiro. No caso de Saulo, que posteriormente tornou-se Paulo, apóstolo dos gentios, havia um caráter moral exemplar, para começo de conversa. Escrevendo anos depois sobre sua condição antes da conversão, o apóstolo declarou que, no tocante à justiça da lei, ele era “irrepreensível” (Fp 3.6). Ele era um “fariseu dos fariseus”: meticuloso em seus hábitos, correto em seu procedimento. Moralmente, seu caráter era imaculado. Após a conversão, sua vida foi de justiça no padrão evangélico. Constrangido pelo amor de Cristo, consumiu-se na pregação do Evangelho aos pecadores e no labor da edificação dos santos. Sem dúvida, nossos leitores concordarão conosco quando dizemos que provavelmente Paulo estivesse mais perto de atingir os ideais da vida cristã, e que ele seguiu após seu Mestre mais perto do que qualquer outro santo desde então.

Mas com o ladrão salvo foi, de longe, de outra forma. Ele não tinha vida moral alguma antes de sua conversão e nenhuma de serviço ativo depois. Antes dela ele não respeitava nem a lei de Deus nem a dos homens. Após sua conversão, ele morreu sem ter oportunidade de se ocupar no serviço de Cristo. Enfatizarei isso, porque essas são as duas coisas que são consideradas por tantos como fatores que contribuem para nossa salvação. Supõe-se que devemos primeiro nos adequar, desenvolvendo um caráter nobre diante de Deus, que nos receberá como seus filhos, e que depois dele haver nos recebido, para sermos experimentados, somos meramente postos à prova, e que, a menos que produzamos uma certa qualidade e quantidade de boas obras, “cairemos da graça e ficaremos perdidos”. Mas o ladrão agonizante não teve boa obra alguma, seja antes ou depois da conversão. Em consequência, somos levados à conclusão que, se ele foi salvo em absoluto, certamente o foi pela soberana graça.

A salvação do ladrão agonizante também arranja um outro apoio para que o legalismo da mente carnal se interponha para roubar de Deus a glória devida à sua graça. Em vez de atribuir a salvação dos pecadores perdidos à inigualável graça divina, muitos cristãos professos procuram explicá-las pelas influências humanas, instrumentalidades e circunstâncias. Seja o pregador, sejam circunstâncias providenciais ou propícias, sejam as orações dos crentes, tudo isso é visto como a causa principal. Que não sejamos mal entendidos aqui. É verdade que Deus com frequência se agrada de usar meios para a conversão dos pecadores; que amiúde condescende em abençoar nossas orações e esforços para levar pecadores a Cristo; que, muitas vezes, ele faz com que suas providências despertem e sacudam os ímpios para a percepção de seus estados. Mas Deus não está preso a essas coisas. Ele não está limitado às instrumentalidades humanas. Sua graça é toda poderosa e, quando lhe agrada, ela é capaz de salvar apesar da falta daquelas, e a despeito das circunstâncias desfavoráveis. Assim foi no caso do ladrão salvo.

Considere:

Sua conversão ocorreu numa época quando, exteriormente, parecia que Cristo havia perdido todo o poder para salvar, seja a si mesmo ou a outros. Esse ladrão havia marchado ao lado do Salvador através das ruas de Jerusalém e o tinha visto sucumbir sob o peso da cruz! É altamente provável que, como sua ocupação fosse a de ladrão e assaltante, esse fosse o primeiro dia que em que ele punha seus olhos no Senhor Jesus e, agora que o via, era sob toda a circunstância de fraqueza e desgraça. Seus inimigos estavam triunfando sobre ele. A maior parte de seus amigos o havia abandonado. A opinião pública estava unanimemente contra ele. Sua própria crucificação foi considerada como totalmente inconsistente com sua messianidade. Sua condição humilde foi uma pedra de tropeço aos judeus desde mesmo o início, e as circunstâncias de sua morte devem ter intensificado isso, especialmente a alguém que nunca o havia visto senão em tal condição. Mesmo aqueles que tinham crido nele foram levados à dúvida por causa de sua crucificação. Não havia ninguém na multidão que estivesse ali com o dedo apontando para ele e gritando: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” E, todavia, não obstante tais obstáculos e dificuldades no caminho de sua fé, o ladrão apreendeu a condição de Salvador e o Senhorio de Cristo. Como podemos explicar tal fé e tal compreensão espiritual em alguém em circunstâncias tais como a que se encontrava? Como podemos explicar o fato de que esse ladrão agonizante tomou um homem em sofrimento, sangrando e crucificado por seu Deus! Não pode ser explicado senão por intervenção divina e operação sobrenatural. Sua fé em Cristo foi um milagre da graça!

É para ser notado ainda que a conversão do ladrão ocorreu antes dos fenômenos sobrenaturais daquele dia. Ele exclamou: “Senhor, lembra-te de mim” antes das horas de trevas, antes do brado triunfante, “Está consumado”, antes do véu do templo se rasgar, antes do tremor de terra e do despedaçar das rochas, antes da confissão do centurião: “Na verdade, este era Filho de Deus”. Deus intencionalmente colocou sua conversão antes de tais coisas de modo que sua soberana graça pudesse ser engrandecida e seu soberano poder reconhecido. Ele calculadamente escolheu salvar esse ladrão sob as circunstâncias mais desfavoráveis para que nenhuma carne se glorie em sua presença. Ele deliberadamente dispôs essa combinação de condições e ambiente não propícios para nos ensinar que “a salvação é do Senhor”; para nos ensinar a não engrandecer a instrumentalidade humana acima da ação divina; para nos ensinar que toda conversão genuína é o produto direto da operação sobrenatural do Espírito Santo.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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segunda-feira, 14 de abril de 2025

“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 7 e Conclusão


“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 7 e Conclusão

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

7. Aqui vemos o triunfo do amor redentor.

Note atentamente a palavra com a qual nosso texto começa. “Então”. O versículo que imediatamente o precede é lido assim: “E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram e aos malfeitores, um, à direita, e outro, à esquerda”. Então, disse Jesus, Pai, perdoa-lhes. “Então” – quando o homem tinha feito o seu pior. “Então” – quando a vileza do coração humano foi demonstrada em maldade diabólica e climatérica. “Então” – quando com mãos ímpias a criatura ousou crucificar o Senhor da glória. Ele poderia ter expressado maldições terríveis sobre eles. Ele poderia ter lançado os raios da justa ira e os matado. Ele poderia ter feito a terra abrir a sua boca, de forma que eles caíssem vivos no abismo. Mas não. Embora sujeito à vergonha indizível, embora sofrendo dor excruciante, embora desprezado, rejeitado, odiado; todavia, ele clamou: “Pai, perdoa-lhes”. Esse era o triunfo do amor redentor. “O amor é paciente, é benigno... tudo sofre... tudo suporta” (1Co 13). Assim foi demonstrado na cruz.

Quando Sansão chegou na hora da sua morte, ele usou a grande força do seu corpo para abarcar a destruição de seus antagonistas; mas aquele que era perfeito exibiu a força de seu amor orando pelo perdão dos seus inimigos. Graça inigualável! “Inigualável”, dizemos, pois nem mesmo Estevão conseguiu seguir plenamente o exemplo bendito dado pelo Salvador. Se o leitor se voltar para Atos 7, descobrirá que o primeiro pensamento de Estevão foi sobre si mesmo, e depois foi que orou pelos seus inimigos – “E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu” (At 7.59,60). Mas com Cristo a ordem foi inversa: ele orou primeiro pelos seus adversários, e no final por si mesmo. Em todas as coisas ele tem a preeminência.

E agora, concluindo com uma palavra de aplicação e exortação. Se esse capítulo estiver sendo lido por uma pessoa não-salva, pedir-lhe-emos seriamente ponderar bem a próxima sentença – Quão terrível deve ser se opor a Cristo e à sua verdade conscientemente! Aqueles que crucificaram o Salvador não sabiam o que estavam fazendo. Mas, meu leitor, há um sentido muito real e solene no qual isso é verdade com respeito a você também. Você sabe que deve receber a Cristo como seu Salvador, que deve coroá-lo como Senhor de sua vida, que deve tornar a sua primeira e última preocupação agradá-lo e glorificá-lo. Fique então avisado; seu perigo é grande. Se você deliberadamente dá as costas a ele, dá as costas ao único que pode salvá-lo dos seus pecados, e está escrito: “Porque, se pecarmos voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo e ardor de fogo, que há de devorar os adversários” (Hb 10.26,27).

Resta-nos apenas adicionar uma palavra sobre a bendita inteireza do perdão divino. Muitos dentre o povo de Deus ficam intranquilos e perturbados sobre esse ponto. Eles entendem como é que todos os pecados que cometeram antes de receberem a Cristo como seu Salvador foram perdoados, mas amiúde não estão livres de dúvidas com respeito aos pecados que cometem após terem nascido de novo. Muitos supõem que é possível para eles pecar de uma forma que lhes coloque além do perdão que Deus lhes concedeu. Supõem que o sangue de Cristo trata somente com o passado deles, e que até onde diz respeito ao presente e ao futuro, eles tem que se cuidar por si mesmos. Mas de que valor seria um perdão que pode ser tirado de mim a qualquer momento? Certamente não pode haver nenhuma paz estabelecida quando minha aceitação para com Deus e a minha ida ao céu é feita dependente do meu agarrar-se a Cristo, ou da minha obediência e fidelidade.

Bendito seja Deus, o perdão que ele concede cobre todos os pecados – passados, presentes e futuros. Amigo crente, Cristo não carregou os “seus” pecados em seu próprio corpo no madeiro? E os seus pecados não eram todos futuros, quando ele morreu? Certamente, pois naquele tempo você não tinha nascido, e não tinha cometido nenhum pecado sequer. Muito bem então: Cristo verdadeiramente levou os seus pecados “futuros” tanto quanto os seus pecados passados. O que a palavra de Deus ensina é que a alma incrédula é tirada do lugar sem perdão para onde esse está ligado. Os cristãos são um povo perdoado. Diz o Espírito Santo: “Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado” (Rm 4.8). O crente está em Cristo, e ali o pecado nunca nos será imputado novamente. Esse é o nosso lugar ou posição diante de Deus. Em Cristo é onde ele nos contempla. E porque estou em Cristo, estou completa e eternamente perdoado; tão perdoado que o pecado nunca será mais será posto sobre mim como acusação no que toca à minha salvação, mesmo que eu permanecesse na terra por mais cem anos. Eu estou fora do alcance para sempre. Ouça o testemunho da escritura: “E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, (Deus) vos vivificou juntamente com ele (Cristo), perdoando-vos todas as ofensas” (Cl 2.13). Observe as duas coisas que são aqui unidas (e o que Deus ajuntou, não o separe o homem!) – minha união com um Cristo ressurreto é conectada com o meu perdão! Se então minha vida está “oculta com Cristo em Deus” (Cl 3.3), então eu estou fora para sempre do lugar onde a imputação do pecado é aplicada. Por conseguinte, está escrito: “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1) – como poderia existir, se “todas as ofensas” foram perdoadas? Ninguém pode lançar nenhuma acusação contra os eleitos de Deus (Rm 8.33).

Leitor cristão, junte-se ao escritor em louvor a Deus, pois nós somos eternamente perdoados de tudo.

*Deveria ser adicionado, à guisa de explicação, que é o aspecto judicial que temos tratado aqui. O perdão restaurador – que é o trazer de volta, novamente à comunhão, um crente que pecou – tratado em 1João 1.9 – é outra questão totalmente distinta.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 6


“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 6

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

6. Aqui vemos a grande e primária necessidade do homem.

A primeira lição importante que todos precisam aprender é que somos pecadores, e como tais, inaptos para a presença de um Deus Santo. É em vão que escolhemos nobres ideais, adotamos boas resoluções, e aceitamos excelentes regras pelas quais viver, até que a questão do pecado tenha sido resolvida. Não é de proveito algum tentar desenvolver um belo caráter e ter por objetivo obter a aprovação de Deus, enquanto há pecado entre ele e as nossas almas. Qual a utilidade dos sapatos, se os nossos pés estão paralisados? De que utilidade são os óculos, se somos cegos? A questão do perdão dos meus pecados é básica, fundamental e vital. Não importa se sou altamente respeitado por um círculo amplo de amigos, se ainda estou em meus pecados. Não importa se eu sou honesto em meu negócio, se ainda sou um transgressor não perdoado aos olhos de Deus. O que importará na hora da morte será: Os meus pecados foram expurgados pelo sangue de Cristo?

A segunda lição importantíssima que precisamos aprender é como o perdão dos pecados pode ser obtido. Qual é fundamento sobre o qual um Deus santo perdoará pecados? E aqui é importante observar que há uma diferença vital entre o perdão divino e muito do perdão humano. Como regra geral, o perdão humano é uma questão de complacência, frequentemente de frouxidão. Queremos dizer que o perdão é mostrado à custa da justiça e da retidão. Na corte humana da lei, o juiz tem que escolher entre duas alternativas: quando se prova que alguém no banco dos réus é culpado, o juiz deve aplicar a penalidade da lei, ou deve negligenciar os requerimentos da lei – uma é justiça, a outra é misericórdia. A única forma possível na qual o juiz pode tanto aplicar os requerimentos da lei e ainda mostrar misericórdia ao ofensor, é uma terceira parte oferecer sofrer em sua própria pessoa a penalidade que o condenado merece. Assim aconteceu no conselho divino. Deus não exerceria misericórdia à custa da justiça. Ele, como o juiz de toda a terra, não colocaria de lado as demandas da sua santa lei. Todavia, Deus mostraria misericórdia. Como? Através de um que satisfaria plenamente sua lei violada. Por intermédio de seu próprio Filho, tomando o lugar de todos aqueles que creem nele e carregando seus pecados em seu próprio corpo no madeiro. Deus poderia ser justo e ainda misericordioso, misericordioso e ainda justo. Foi assim para que a “graça reinasse pela justiça”.

Um fundamento justo tinha sido fornecido sobre o qual Deus poderia ser justo e ainda o justificador de todo aquele que crê. Por conseguinte, somos informados: “E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e, ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos; e, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão (perdão) dos pecados, em todas as nações, começando por Jerusalém” (Lc 24.46,47).

E novamente:

“Seja-vos, pois, notório, varões irmãos, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados. E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê” (At 13.38, 39).

Foi em virtude do sangue que ele estava derramando que o Salvador clamou: “Pai, perdoa-lhes”. Foi em virtude do sacrifício expiatório que ele estava oferecendo que pôde ser dito que “sem derramamento de sangue não há remissão”.

Ao orar pelo perdão dos seus inimigos, Cristo foi diretamente na raiz da necessidade deles. E a necessidade deles é a necessidade de todo filho de Adão. Leitor, você tem os seus pecados perdoados, isto é, remidos ou levados embora? Você é, pela graça, um daqueles de quem é dito: “Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados”? (Cl 1.14).

Deus nos abençoe!

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“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 5


“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 5

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

5. Aqui vemos uma exemplificação amorosa do seu próprio ensino.

No Sermão do Monte nosso Senhor ensinou aos seus discípulos: “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem” (Mt 5.44). Acima de todos os outros, Cristo praticou o que ele pregou. A graça e a verdade vieram através de Jesus Cristo. Ele não somente ensinou a verdade, mas ele mesmo era a verdade encarnada. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6). Assim, aqui sobre a cruz ele exemplificou perfeitamente seu ensino do monte. Em todas as coisas ele nos deixou um exemplo.

Observe que Cristo não perdoou pessoalmente seus inimigos. Assim, em Mt 5.44 ele não exortou seus discípulos a perdoarem seus inimigos, mas os exortou a “orar” por eles. Mas nós não devemos perdoar aqueles que nos maltratam? Isso nos leva a um ponto com respeito ao qual é necessária muita instrução hoje em dia.

A escritura ensina que sob todas as circunstâncias devemos perdoar sempre? Eu respondo enfaticamente: não, ela não ensina. A palavra de Deus diz: “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; e, se ele se arrepender, perdoa-lhe; e, se pecar contra ti sete vezes no dia e sete vezes no dia vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me, perdoa-lhe” (Lc 17.3,4). Aqui somos claramente ensinados que uma condição deve ser satisfeita pelo ofensor antes que possamos pronunciar o perdão. Aquele que nos ofendeu deve primeiramente “se arrepender”, isto é, julgar a si mesmo por seu erro e dar evidência de sua tristeza por causa dele. Mas, suponha que o ofensor não se arrependa? Então eu não preciso perdoá-lo.

Mas que não haja má compreensão do que queremos dizer aqui. Mesmo que alguém que nos ofendeu não se arrependa, todavia, eu não devo abrigar sentimentos ruins contra ele. Não deve haver nenhum ódio ou malícia cultivada no coração. Todavia, por outro lado, eu não devo tratar o ofensor como se ele não tivesse cometido nenhum erro. Isso seria fechar os olhos à ofensa, e, portanto, eu estaria falhando em manter as exigências da justiça, e isso é o que o crente deve fazer sempre. Deus alguma vez perdoa onde não há arrependimento? Não, pois a escritura declara: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1Jo 1.9). Mais uma coisa. Se alguém me prejudicar e não se arrepender, embora eu não possa lhe perdoar e tratá-lo como se ele não tivesse me ofendido, todavia, eu não apenas não devo abrigar nenhuma malícia em meu coração contra ele, mas devo também orar por ele. Aqui está o valor do exemplo perfeito de Cristo. Se não podemos perdoar, podemos orar a Deus para perdoá-lo.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 4


“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 4

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

4. Aqui vemos a cegueira do coração humano.

“Porque não sabem o que fazem”. Isso não significa que os inimigos de Cristo eram ignorantes do fato de sua crucificação. Eles sabiam perfeitamente que tinham clamado: “Crucifica-o”. Eles sabiam perfeitamente que o seu vil pedido lhes tinha sido concedido por Pilatos. Eles sabiam perfeitamente que ele tinha sido pregado na cruz, pois eram testemunhas oculares do crime. O que, então, o Senhor quis dizer quando disse: “Porque não sabem o que fazem”? Ele quis dizer que eles eram ignorantes da grandeza do seu crime. Eles não sabiam que era o Senhor da glória que eles estavam crucificando. A ênfase não é sobre “porque não sabem”, mas sobre “porque não sabem o que fazem”.

E, todavia, eles deveriam ter sabido. A cegueira deles era inescusável. As profecias do Antigo Testamento que tinham recebido seu cumprimento nele eram suficientemente claras para identificá-lo como o Santo de Deus. Seu ensino era singular, pois seus próprios críticos foram forçados a admitir: “Nunca homem algum falou assim como este homem” (Jo 7.46). E o que dizer da sua vida perfeita? Ele viveu diante dos homens uma vida que nunca tinha sido vivida sobre a terra antes. Ele não agradava a si mesmo. Ele se ocupava de fazer o bem. Ele estava sempre à disposição dos outros. Não havia egoísmo nele. Sua vida foi de auto-sacrifício do princípio ao fim. Sua vida foi sempre vivida para a glória de Deus. Sobre sua vida estava estampada a aprovação do céu, pois a voz do Pai testificou audivelmente: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. Não, não havia escusa alguma para a ignorância deles. Isso apenas demonstrava a cegueira dos seus corações. A rejeição do Filho de Deus por parte deles trouxe pleno testemunho, de uma vez por todas, de que a mente carnal é “inimizade contra Deus” (Rm 8.7).

Quão triste é pensar que essa terrível tragédia ainda está sendo repetida! Pecador, você faz pouca ideia do que está fazendo ao negligenciar a grande salvação de Deus. Você faz pouca ideia de quão terrível é o pecado de menosprezar o Cristo de Deus e repelir os convites de sua misericórdia. Você faz pouca ideia da profunda culpa que está unida ao seu ato de recusar receber o único que pode te salvar dos seus pecados. Você faz pouca ideia de quão medonho é o crime de dizer: “Não queremos que este reine sobre nós”. Você faz pouca ideia do que faz. Você considera essa questão vital com indiferença total. A questão se apresenta hoje da mesma forma como dantes: “Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?”. Pois você tem que fazer algo com ele: ou o despreza e rejeita, ou o recebe como o Salvador de sua alma e o Senhor da sua vida. Mas, digo novamente, isso lhe parece um assunto de diminuta urgência, de pequena importância. Por anos você tem resistido aos esforços do seu Espírito. Por anos você tem posto de lado essa importantíssima consideração. Por anos você tem endurecido seu coração contra ele, tampado seus ouvidos aos seus apelos, e fechado seus olhos à sua excelsa beleza. Ah! você não sabe O QUE faz. Você está cego em sua loucura. Cego para o seu terrível pecado. Todavia, você não está sem escusa. Você pode ser salvo agora se quiser.

“Crê no Senhor Jesus Cristo e [tu] serás salvo”. Ó, venha ao Salvador agora e diga com alguém de outrora, “Mestre, que eu tenha vista”.

Deus nos abençoe!

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“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 3


“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 3

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

3. Aqui vemos a avaliação divina do pecado e sua culpa consequente.

Sob a economia levítica, Deus exigiu que a expiação devesse ser feita pelos pecados praticados por ignorância.

“Quando alguma pessoa cometer uma transgressão e pecar por ignorância nas coisas sagradas do SENHOR, então, trará ao SENHOR, por expiação, um carneiro sem mancha do rebanho, conforme a tua estimação em siclos de prata, segundo o siclo do santuário, para expiação da culpa. Assim, restituirá o que ele tirou das coisas sagradas, e ainda de mais acrescentará o seu quinto, e o dará ao sacerdote; assim, o sacerdote, com o carneiro da expiação, fará expiação por ela, e ser-lhe-á perdoado o pecado”. (Lv 5.15,16).

E lemos novamente:

”Quando errardes e não cumprirdes todos estes mandamentos que o SENHOR falou a Moisés, sim, tudo quanto o SENHOR vos tem mandado por Moisés, desde o dia em que o SENHOR ordenou e daí em diante, nas vossas gerações, será que, quando se fizer alguma coisa por ignorância e for encoberta aos olhos da congregação, toda a congregação oferecerá um novilho, para holocausto de aroma agradável ao SENHOR, com a sua oferta de manjares e libação, segundo o rito, e um bode, para oferta pelo pecado. O sacerdote fará expiação por toda a congregação dos filhos de Israel, e lhes será perdoado, porquanto foi erro, e trouxeram a sua oferta, oferta queimada ao SENHOR, e a sua oferta pelo pecado perante o SENHOR, por causa do seu erro” (Nm 15. 22-25).

É em vista de passagens tais como essas que encontramos Davi orando: “Expurga-me tu dos [erros] que me são ocultos” (Sl 19.12).

O pecado é sempre pecado aos olhos divinos, quer estejamos consciente dele ou não. Pecados cometidos por ignorância precisam de expiação tanto quanto os conscientes. Deus é santo, e ele não rebaixará seu padrão de justiça ao nível da nossa ignorância. Ignorância não é inocência. Na verdade, ignorância é mais culpada agora do que na época de Moisés. Nós não temos desculpas pela nossa ignorância. Deus tem revelado clara e plenamente sua vontade. A Bíblia está em nossas mãos, e não podemos alegar ignorância de seu conteúdo, exceto para condenar-nos por nossa preguiça. Ele tem falado, e por sua palavra seremos julgados.

E, todavia, permanece o fato de que somos ignorantes de muitas coisas, e o erro e a culpa são nossos. E isso não minimiza a enormidade do nosso delito. Pecados cometidos por ignorância precisam do perdão divino, assim como a oração do Senhor nos mostra claramente aqui. Aprenda, então, quão alto é o padrão de Deus, quão grande é a nossa necessidade, e louve-o por uma expiação de suficiência infinita, que limpa de todo pecado.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.

“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 2


A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 2

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

2. Aqui vemos Cristo identificado com o seu povo.

“Pai, perdoa-lhes”. Em nenhuma ocasião anterior Cristo fez tal pedido ao Pai. Nunca antes ele tinha invocado o perdão dos outros ao Pai. Até aqui ele mesmo perdoou. Ao homem paralítico, ele disse: “Tem bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados” (Mt 9.2). À mulher que lavou seus pés com suas lágrimas, na casa de Simão, ele disse: “Perdoados são os teus pecados” (Lc 7.48). Por que, então, ele agora pediu ao Pai para perdoar, ao invés dele mesmo pronunciar diretamente o perdão?

Perdão de pecado é uma prerrogativa divina. Os escribas judeus estavam certos quando arrazoaram: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?” (Mc 2.7). Mas dirá você: Cristo era Deus. Com toda certeza; mas homem também – o Deus-homem. Ele era o Filho de Deus que tinha se tornado o Filho do Homem com o expresso propósito de oferecer a si mesmo como sacrifício pelo pecado. E quando o Senhor Jesus clamou “Pai, perdoa-lhes”, ele estava sobre a cruz, e ali ele não poderia exercer suas prerrogativas divinas. Repare cuidadosamente suas palavras, e então contemple a exatidão maravilhosa da Escritura. Ele tinha dito: “O Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados” (Mt 9.6). Mas ele não estava mais sobre a terra! Ele tinha sido “levantado da terra!” (Jo 12.32). Além do mais, na cruz ele estava agindo como nosso substituto; o justo estava para morrer pelos injustos. Por conseguinte, ao ser suspenso como nosso representante, ele não estava mais no lugar de autoridade onde poderia exercer suas prerrogativas divinas, e, portanto, toma a posição de um suplicante perante o Pai. Assim, dizemos que quando o bendito Senhor Jesus clamou, “Pai, perdoa-lhes”, o vemos absolutamente identificado com o seu povo. Não estava mais na posição de autoridade sobre a “terra”, onde ele tinha o “poder” ou “direito” de perdoar pecados; ao invés disso, ele intercede pelos pecadores – como nós devemos fazer.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 1


“A PALAVRA DO PERDÃO” - Parte 1

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

1. Aqui vemos o cumprimento da palavra profética.

Quanto Deus fez conhecido de antemão do que deveria suceder naquele dia dos dias! Que retrato completo o Espírito Santo fornece da Paixão do nosso Senhor com todas as circunstâncias que a acompanharam! Entre outras coisas, foi predito que o Salvador deveria “interceder pelos transgressores” (Is 53.12). Isso não tem referência com o ministério presente de Cristo à direita de Deus. É verdade que ele “pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb 7.25), mas isso fala do que ele está fazendo agora por aqueles que creem nele, enquanto Isaías 53.12 faz referência ao seu ato gracioso no momento da sua crucificação. Observe que sua intercessão pelos transgressores está conectada com “e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos e fez intercessão pelos transgressores”.

Que Cristo deveria fazer intercessão pelos seus inimigos era um dos itens da maravilhosa profecia encontrada em Isaías 53. Esse capítulo nos diz pelo menos dez coisas sobre a humilhação e o sofrimento do Redentor. Lá, é declarado que ele deveria ser desprezado e rejeitado pelos homens; que deveria ser um homem de dores e que sabia o que era sofrer; que ele deveria ser ferido, moído e castigado; que deveria ser levado, sem resistência, ao matadouro; que deveria permanecer mudo perante os seus tosquiadores; que deveria não somente sofrer nas mãos de homens, mas também ser moído pelo Senhor; que deveria derramar sua alma na morte; que deveria ser enterrado na sepultura de um homem rico; e então foi adicionado que deveria ser contado com os transgressores; e finalmente, que deveria fazer intercessão por esses. Aqui então estava a profecia – “e fez intercessão pelos transgressores”; houve o cumprimento dela – “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Ele pensou nos seus assassinos. Ele implorou por aqueles que lhe crucificaram; ele fez intercessão pelo perdão deles.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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“A PALAVRA DE PERDÃO” - Introdução


“A PALAVRA DE PERDÃO” - Introdução

“Então, dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34).

Aquele por quem o mundo foi feito veio ao mundo, mas o mundo não o conheceu. O Senhor da glória tinha tabernaculado entre os homens, mas não foi desejado. Os olhos que o pecado tinha cegado não viram nele nenhuma beleza alguma pela qual ele pudesse ser desejado. Em seu nascimento não havia nenhum quarto na hospedaria, o que prenunciava o tratamento que receberia das mãos dos homens. Pouco tempo após seu nascimento, Herodes procurou matá-lo, e isso sugeria a hostilidade que sua pessoa evocava e predizia a cruz como o clímax da inimizade do homem. Repetidas vezes seus inimigos tentaram sua destruição. E agora os vis desejos deles fora-lhes concedidos. O Filho de Deus tinha se rendido nas mãos deles. Um arremedo de julgamento havia acontecido e, embora seus juízes não tenham encontrado nenhuma falta nele, todavia, eles se rederam ao clamor insistente daqueles que o odiavam à medida que eles repetidamente clamavam: “Crucifica-o”.

Uma ação bárbara tinha sido feita. Nenhuma morte ordinária satisfaria seus inimigos implacáveis. Foi decidida uma morte de sofrimento e vergonha intensas. Uma cruz tinha sido assegurada: o Salvador seria pregado nela. E ali ele foi pendurado — em silêncio. Mas nesse instante seus lábios pálidos são vistos se mexendo — ele está clamando por piedade? Não. O que então? Ele está pronunciado maldição sobre aqueles que estão lhe crucificando? Não. Ele está orando, orando pelos seus inimigos — “E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34).

Essa primeira das sete palavras na cruz do nosso Senhor o apresenta em atitude de oração. Quão significante! Quão instrutivo! Seu ministério público tinha sido aberto com oração (Lc 3.21), e aqui vemos ele sendo fechado com oração. Certamente ele nos deixou um exemplo! Não mais aquelas mãos ministrariam ao doente, pois estavam pregadas no madeiro cruel; não mais aqueles pés poderiam levá-lo nas tarefas de misericórdia, pois estavam presas no madeiro cruel; não mais ele poderia se ocupar na instrução dos apóstolos, pois eles haviam fugido. Como então ele se ocupou? No ministério da oração! Que lição para nós.

Talvez essas linhas possam ser lidas por alguém que, por razão da idade e doença, não é mais capaz de trabalhar ativamente na vinha do Senhor. Possivelmente nos dias de outrora você era um professor, um pregador, um professor de escola dominical, um distribuidor de panfletos: mas agora você está de cama. Sim, mas você ainda está aqui na terra! Quem sabe Deus não está deixando você aqui mais uns poucos dias para te engajar no ministério da oração — e talvez realizar mais através disso que por todo seu ministério passado ativo. Se você for tentado a depreciar tal ministério, lembre-se do seu Salvador. Ele orou, orou por outros, orou por pecadores, até mesmo em suas últimas horas.

Ao orar por seus inimigos, Cristo não somente colocou diante de nós um exemplo perfeito de como devemos tratar aqueles que nos prejudicam e nos odeiam, mas ele também nos ensinou a nunca considerar algo como além do alcance da oração. Se Cristo orou por seus assassinos, então certamente temos encorajamento para orar agora pelo maior de todos os pecadores! Leitor cristão, nunca perca a esperança. Parece para você um desperdício de tempo continuar orando por aquele homem, por aquela mulher, por aquele seu filho obstinado? O caso deles parece se tornar mais sem esperança a cada dia? Parece como se eles estivem além do alcance da misericórdia divina? Talvez alguém por quem você tem orado por tanto tempo foi enlaçado por uma das seitas satânicas de hoje, ou ele pode ser agora um infiel declarado e desbragado; em resumo, um inimigo aberto de Cristo. Lembre-se então da cruz. Cristo orou por seus inimigos. Aprenda então a não olhar para nada como estando além do alcance da oração.

Um outro pensamento concernente a essa oração de Cristo. Devemos mostrar aqui a eficácia da oração. Essa intercessão de Cristo na cruz por seus inimigos recebeu uma resposta marcada e definida. A resposta é vista na conversão das três mil almas no dia de Pentecoste. Eu baseio essa conclusão em Atos 3.17, onde o apostolo Pedro diz: “E agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos príncipes”. Deve ser notado que Pedro usa a palavra “ignorância”, que corresponde ao “não sabem o que fazem” do nosso Senhor. Eis aí a explicação divina dos 3.000 conversos com um simples sermão. Não foi a eloquência de Pedro a causa, mas a oração do Senhor. E, leitor cristão, o mesmo é verdadeiro para nós. Cristo orou por você e por mim antes de crermos nele. Volte-se para João 17.20 para conferir. “Eu não rogo somente por estes (os apóstolos), mas também por aqueles que, pela sua palavra, hão de crer em mim” (Jo 17.20). Uma vez mais beneficiemo-nos do exemplo perfeito. Façamos intercessão também pelos inimigos de Deus e, se orarmos com fé, também será eficaz para a salvação dos pecadores perdidos.

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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“A MORTE DO SENHOR JESUS CRISTO”


“A MORTE DO SENHOR JESUS CRISTO”

“E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt 27.50).

A morte do Senhor Jesus Cristo é um assunto de interesse inexaurível para todos os que estudam em oração a escritura da verdade. Tal é assim não somente porque tudo do crente — tanto no tempo como na eternidade — dela dependa, mas também devido à sua singularidade transcendente. Quatro palavras parecem resumir as características salientes desse mistério dos mistérios: a morte de Cristo foi natural, não natural, preternatural e sobrenatural. Uns poucos comentários parecem ser necessários à guisa de definição e amplificação.

Primeiro: a morte de Cristo foi natural. Com isso queremos dizer que ela foi uma morte real. É porque estamos tão familiarizados com o fato dela que a declaração acima parece simples, corriqueira; todavia, o que abordamos aqui é um dos principais elementos de admiração para a mente espiritual. Aquele que foi “tomado, e pelas mãos de injustos” crucificado e assassinado não era outro senão o Filho de Deus. O sangue que foi derramado sobre o madeiro maldito era divino — “A igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (At 20.28). Como diz o apóstolo: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2Co 5.19).

Mas como o Filho de Deus poderia sofrer? Como o eterno poderia morrer? Ah, aquele que no princípio era o Verbo, que estava com Deus, e que era Deus, “se fez carne”. Aquele que era em forma de Deus tomou sobre si a forma de um servo e foi feito semelhante aos homens; “e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.8). Dessa forma, tendo se encarnado, o Senhor da glória foi capaz de sofrer a morte, e assim foi que ele “provou” a própria morte. Em suas palavras, “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”, vemos quão natural foi sua morte, e a realidade dela se torna ainda mais aparente quando ele foi posto na sepultura, onde permaneceu por três dias.

Segundo: a morte de Cristo foi não-natural. Por isso queremos dizer que ela foi anormal. Acima dissemos que, ao se encarnar, o Filho de Deus tornou-se capaz de sofrer a morte, todavia, não deve ser inferido daí que a morte tinha, portanto, um direito a reclamar sobre ele; longe disso, o contrário mesmo era a verdade. A morte é o salário do pecado, e ele não tinha nenhum. Antes de seu nascimento foi dito a Maria: “[que] o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35). Não somente o Senhor Jesus entrou neste mundo sem contrair a contaminação da natureza humana caída, mas ele “não cometeu pecado” (1Pe 2.22), “não [tinha] pecado” (1Jo 3.5) e “não conheceu pecado” (2Co 5.21). Em sua pessoa e em sua conduta ele foi o Santo de Deus “imaculado e incontaminado” (1Pe 1.19). Como tal, a morte não tinha nenhum direito a reclamar sobre ele. Até mesmo Pilatos teve que reconhecer que não pôde encontrar “nenhuma culpa” nele. Por conseguinte, dizemos que o Santo de Deus morrer foi não-natural.

Terceiro: a morte de Cristo foi preternatural. Por meio disso queremos dizer que ela foi marcada e determinada para ele de antemão. Ele era o Cordeiro morto antes da fundação do mundo (Ap 13.8). Antes que Adão fosse criado, a Queda foi antecipada. Antes de o pecado entrar no mundo, a salvação dele havia sido planejada por Deus. Nos eternos conselhos da Deidade, foi ordenado de antemão que haveria um Salvador para os pecadores, um Salvador que sofreria, o justo pelos injustos, um Salvador que morreria para que pudéssemos viver. E “porque não havia nenhum outro suficientemente bom para pagar o preço do pecado”, o Unigênito do Pai se ofereceu como o resgate.

O caráter preternatural da morte de Cristo leva o bom termo de o “sustentáculo da Cruz”. Foi em vista da aproximação dessa morte que Deus “justamente ignorou os pecados anteriormente cometidos” (Rm 3.25). Não tivesse sido Cristo, no conceito de Deus, o Cordeiro morto desde antes da fundação do mundo, toda pessoa pecadora nos tempos do Antigo Testamento teria sido lançada no abismo no momento em que ela pecasse!

Quarto: a morte de Cristo foi sobrenatural. Por isso queremos dizer que ela foi diferente de qualquer outra morte. Em todas as coisas ele tem a preeminência. Seu nascimento foi diferente de todos os outros nascimentos. Sua vida foi diferente de todas as outras vidas. E sua morte foi diferente de todas as outras mortes. Isso foi claramente anunciado em sua própria declaração sobre o assunto: “Por isso, o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar e poder para tornar a tomá-la. Esse mandamento recebi de meu Pai” (Jo 10:17,18). Um estudo cuidadoso das narrativas evangélicas que descrevem sua morte fornece uma prova sétupla e a verificação de sua asseveração.

(1) Que nosso Senhor “deu a sua vida”, que ele não estava impotente nas mãos de seus inimigos, revela-se claramente em João, onde temos o registro de sua prisão. Um bando de oficiais da parte dos principais sacerdotes e dos fariseus, guiados por Judas, o procuraram no Getsêmani. Adiantando-se para encontrá-los, o Senhor Jesus pergunta: “A quem buscais?” A resposta foi: “Jesus de Nazaré”; e então nosso Senhor expressou o inefável título de deidade, aquele pelo qual Deus se revelou nos tempos antigos a Moisés na sarça ardente: “Eu Sou”. O efeito foi impressionante. Esses oficiais ficaram apavorados. Eles estavam na presença da deidade encarnada, e foram sobrepujados por uma breve consciência da majestade divina. Quão claro é então que, se assim o tivesse agradado, nosso bendito Salvador poderia ter se afastado calmamente, deixando aqueles que vieram lhe prender prostrados no chão! Ao invés disso, ele se entregou nas mãos deles e foi levado (não compelido) como um cordeiro ao matadouro.

(2) Voltemo-nos agora para Mt 27.46 — o versículo mais solene em toda a Bíblia — “E, perto da hora nona, exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. As palavras que pedimos ao leitor que observe cuidadosamente estão colocadas aqui em itálico. Por que é que o Espírito Santo nos conta que o Salvador pronunciou esse terrível clamor “em alta voz”? Com muita certeza que há uma razão para tal. Isso se torna ainda mais aparente quando notamos que ele as repetiu quatro versículos abaixo no mesmo capítulo — “E Jesus, clamando outra vez com grande voz, entregou o espírito” (Mt 27.50).

O que então essas palavras indicam? Não corroboram elas o que foi dito nos parágrafos acima? Não nos dizem elas que o Salvador não estava exausto pelo que ele tinha passado? Não nos dão elas a entender que suas forças não o tinham deixado? Que ele ainda era senhor de si mesmo, que ao invés de ser conquistado pela morte, ele estava apenas se entregando para ela? Elas não nos mostram que Deus tinha posto “ajuda sobre um poderoso”? (Sl 89.19).

(3) Podemos chamar a atenção para a sua próxima expressão sobre a Cruz — “Tenho sede”. Essa palavra, à luz do seu contexto, fornece uma evidência maravilhosa do autocontrole completo do nosso Senhor. O versículo inteiro diz o seguinte: “Depois, sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura se cumprisse, disse: Tenho sede” (Jo 19.28). Desde os tempos antigos tinha sido predito que eles deveriam dar vinagre misturado com fel para o Salvador beber. E para que essa profecia pudesse ser cumprida, ele exclamou: “Tenho sede”. Como isso evidencia o fato de que ele estava em plena posse de suas faculdades mentais, que sua mente estava desanuviada, que seus terríveis sofrimentos não a tinham transtornado nem perturbado!

Enquanto permanecia pendurado na cruz, no final da hora sexta, sua mente reviveu o escopo inteiro da palavra profética, e verificou cada uma daquelas predições que faziam alusão à sua paixão. Excetuando as profecias que seriam cumpridas após sua morte, só restava uma ainda não cumprida, a saber: “Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre” (Sl 69.21), e isso não foi negligenciado pelo bendito sofredor. “Sabendo Jesus que já todas as coisas estavam terminadas, para que a Escritura (não ‘Escrituras’, sendo a referência ao Sl 69.21) se cumprisse, disse: Tenho sede”. Novamente, dizemos, que prova é fornecida aqui de que ele entregou sua vida de si mesmo!

(4) A próxima verificação que o Espírito Santo fornece das palavras do nosso Senhor em João 10.18 é encontrada em João 19.30: “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito”. O que se pretende que aprendamos dessas palavras? O que é que se quer dizer aqui através desse ato do Salvador? Seguramente, a resposta não está longe. A implicação é clara. Antes disso a cabeça do nosso Senhor tinha estado erigida. Não era um sofredor impotente que pendia ali desmaiado. Tivesse esse sido o caso, sua cabeça teria se recostado sobre o peito, e seria impossível para ele “arqueá-la”. E observe atentamente o verbo usado aqui: não foi sua cabeça que “caiu”, mas ele, conscientemente, calmamente, reverentemente, inclinou sua cabeça. Quão sublime foi sua atitude mesmo sobre o madeiro! Que compostura esplêndida ele evidenciou. Não foi sua majestosa atitude sobre a cruz que, entre outras coisas, fez com que o centurião clamasse: “Verdadeiramente, este era o Filho de Deus”? (Mateus 27.54).

Deus nos abençoe!

Arthur W. Pink (1886-1952).

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sábado, 12 de abril de 2025

“AQUELE QUE FURTAVA NÃO FURTE MAIS”


“AQUELE QUE FURTAVA NÃO FURTE MAIS”

“Aquele que furtava não furte mais; antes, trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Ef 4.28).

Isso tem a ver não só com os furtos mais graves, os quais são punidos pelas leis, mas também com aqueles que são de natureza mais secreta, os quais não se expõem ao juízo humano, todo gênero de depravação movidos pelo qual nos apoderamos de alguma propriedade alheia. Mas o apóstolo não nos incita simplesmente a abster-nos de qualquer apreensão injusta e indébita de bem alheios, mas também a prestar assistência a nossos irmãos, quanto estiver em nosso poder de fazê-lo. “Vós que furtáveis, não só deveis ganhar a vida com o labor lícito e inofensivo, mas também deveis repartir com o próximo”. Primeiramente, Paulo nos prescreve esta norma, para que não supramos nossas necessidades às expensas de nossos irmãos, mas também para sustentarmos a vida com o labor honesto. E assim o amor nos leva a fazer muito mais. Ninguém pode viver exclusivamente para si mesmo e negligenciar o próximo. Todos nós temos de devotar-nos à ação de suprir as necessidades do próximo.

Todavia, é possível que se pergunte se Paulo está a obrigar a todos os homens a trabalhar com as próprias mãos. Isso seria algo muito desagradável. Respondo que o significado dos termos é muito simples, se devidamente considerados. Ele proíbe o furto a todas as pessoas; mas muitos preferem a pobreza. Ele antecipa essa escusa, dizendo-lhes que trabalhassem com as próprias mãos. Como se dissesse: “Nenhuma condição, por mais dura ou desagradável que seja, justifica qualquer injúria ao próximo; ou, ainda mais, a ninguém isenta do socorro devido às necessidades de seus irmãos”.

Paulo amplia esta última cláusula. Ela contém um argumento do maior para o menor - o que é bom. Como há muitas ocupações que pouco valem para socorrer os homens em seus deleites lícitos, o apóstolo recomenda-lhes que escolham aquelas que tragam benefício a si e a seu próximo. Nem precisamos admirar-nos disso, pois se aquelas classes voluptuosas de ocupações que só podem trazer corrupção eram denunciadas pelos pagãos como sendo em extremo vergonhosas, um apóstolo de Cristo as incluiria para que figurassem entre ocupações lícitas recomendadas por Deus?

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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