“PARA QUE NÃO VEJAM COM OS OLHOS, NEM ENTENDAM COM O CORAÇÃO”
“Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos, nem entendam com o coração, e se convertam, e sejam por mim curados” (Jo 12.40).
Lembremo-nos de
que o profeta fala dos incrédulos (Is 6.10), os quais já haviam rejeitado a
graça de Deus. É certo que todos continuariam sendo assim por natureza, se o
Senhor não convertesse para obediência àqueles a quem elegera. A princípio,
pois, a condição dos homens é igual e a mesma; mas, quando os réprobos se
rebelam de iniciativa própria e movidos por sua própria perversidade contra
Deus, se sujeitam à vingança dele, pela qual, sendo entregues a uma mentalidade
reprovável, se precipitam continuamente, mais e mais, para sua própria destruição.
Portanto, é por sua própria culpa se Deus não decide convertê-los, porquanto
eles foram a causa de seu próprio desespero. Por estas palavras do profeta,
somos ainda instruídos sucintamente sobre qual é o princípio de nossa conversão
a Deus. Isso se dá quando ele ilumina os corações, os quais têm vivido
afastados dele, na medida em que eram mantidos nas trevas de Satanás, mas, ao
contrário, tal é o poder da luz divina, que ela nos atrai a si mesma e nos
forma na imagem de Deus.
E sejam por mim curados. Em seguida ele
adiciona o fruto da conversão, a saber, a cura. Com estas palavras, o profeta
tem em vista a bênção de Deus e a condição próspera, bem como o livramento de
todas as misérias que emanam da ira de Deus. Ora, se isto sucede aos réprobos,
contrariando a natureza da Palavra, devemos atentar bem para o contraste
implícito no uso oposto dela, ou seja, que o propósito para o qual a Palavra de
Deus é pregada é para que ela nos ilumine ao verdadeiro conhecimento de Deus,
para converter-nos a Deus e reconciliar-nos com ele, a fim de que sejamos
felizes e abençoados.
Deus nos
abençoe!