“QUEM NÃO RECEBER O REINO DE DEUS COMO UMA CRIANÇA”
“Traziam-lhe
também as crianças, para que as tocasse; e os discípulos, vendo, os
repreendiam. Jesus, porém, chamando-as para junto de si, ordenou: Deixai vir a
mim os pequeninos e não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em
verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira
alguma entrará nele” (Lc 18.15-17).
Devemos perceber
nesta passagem como as pessoas são propensas a tratar com muita ignorância as
crianças nas coisas referentes à alma. Somos informados que alguns traziam a
Jesus “as crianças, para que as tocasse; e os discípulos, vendo, os repreendiam”,
mas ouviram de nosso Senhor a solene repreensão: “Deixai vir a mim os
pequeninos e não os embaraceis”.
Talvez em poucos
assuntos encontraremos ideias tão divergentes nas igrejas quanto ao assunto da
alma de uma criança. Alguns pensam que as crianças devem ser batizadas e que,
se morrerem antes de serem batizadas, elas não serão salvas. Outros pensam que
as crianças não devem ser batizadas, mas não oferecem uma explicação
satisfatória para tal ponto de vista. Alguns pensam que todas as crianças são
regeneradas por meio de seu batismo. Outros pensam que as crianças são
incapazes de receber a graça divina e, portanto, não devem ser arroladas como
membros da igreja até que cresçam. Alguns pensam que as crianças naturalmente
são inocentes e não praticarão qualquer impiedade, a menos que a tenham aprendido
com outros. Alguns imaginam que não há proveito em esperar que as crianças se
convertam quando muito novas; portanto, devemos esperar até que alcancem a idade
do discernimento. Todas as opiniões citadas precisam ser rejeitadas, por
levarem a muitos enganos.
Agiremos
corretamente se nos apegarmos a alguns firmes princípios das Escrituras sobre a
condição espiritual da criança. Fazer isso nos poupará de muita perplexidade e
nos preservará de graves erros doutrinários.
Tanto nesta
passagem quanto em outras das Escrituras, existem provas claras de que Cristo
se interessa por elas, na mesma intensidade com que se interessa pelos adultos.
A alma de uma criança é capaz de receber a graça divina. Não existe nada, em toda
a Bíblia ou na experiência humana, que nos faça pensar que as crianças não
podem receber o Espírito Santo e serem justificadas, mesmo na infância. A mente
da criança é igual à do adulto para receber ensinos espirituais. A prontidão
com que suas mentes recebem a doutrina do evangelho e suas consciências
respondem a essas doutrinas é bem conhecida por todos os que ensinam as coisas
espirituais.
A posição das
crianças diante de Deus é declarada por nosso Senhor Jesus: “Dos tais é o reino
de Deus”. E mais, “Quem não receber o
reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele”. Os santos
de Deus devem esforçar-se para viver “como uma criança”. A sua fé simples, sua despreocupação
para com as coisas do mundo, sua comparativa humildade, seu caráter inofensivo
e sua falta de malícia. Feliz é aquela pessoa que pode se aproximar de Cristo e
das Escrituras com o mesmo espírito de uma criança.
Deus nos
abençoe!
J.C.Ryle
(1816-1900).
*Visite a Igreja Presbiteriana do Brasil - Curitiba/PR.

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