Orando
pela misericórdia de Deus
“Tem misericórdia
de mim, ó Deus, por teu amor; por tua grande compaixão apaga as minhas
transgressões” (Is 51.1).
Naturalmente pensamos: “Estou
atemorizado por saber que Deus está me vendo, então não posso procurar ajuda no
céu. Eu sei que sou pecador e que Deus odeia o pecado. Como posso orar?”. Com
esses pensamentos começa uma intensa batalha dentro de nós. Por saber que somos
pecadores, podemos pensar que é preciso adiar a oração até nos sentirmos
dignos. Ou então olharmos para outras pessoas, buscando nos assegurar de que
fizemos boas obras o suficiente para confiarmos em nossa própria dignidade.
Somente então oramos: “Deus, tenha misericórdia de mim”. Mas nascemos em
pecado. Se tivéssemos de esperar nos sentir puros e livres de todo pecado para então
orarmos, nunca oraríamos.
Devemos nos desfazer desse
tipo de pensamento não cristão. Quando estivermos cercados da nossa própria
pecaminosidade – mesmo enquanto afogamos em nossos pecados –, devemos clamar a
Deus, assim como fez Davi nesse salmo. Então não precisaremos adiar nossa
oração. Para que serviriam as palavras “Tem misericórdia de mim, ó Deus, por
teu amor”, se as únicas pessoas que as pronunciassem fossem puras e não
precisassem de qualquer misericórdia? Não importa quão pecaminosos nos sintamos,
devemos nos encorajar a clamar a Deus: “Tem misericórdia!”.
Com a minha experiência, eu
aprendi que, muitas vezes, orar é a coisa mais difícil de se fazer. Eu não me
considero um mestre em oração. Na verdade admito que, por várias vezes disse
estas palavras friamente: “Deus, tenha misericórdia de mim”. Eu orei assim
porque estava preocupado com minha própria indignidade. Até que o Espírito
Santo me convenceu: “Não importa como você se sinta, você deve orar!”. Deus
deseja que oremos e Ele deseja ouvir as nossas orações – não porque sejamos
dignos, mas porque Ele é misericordioso.
Deus nos abençoe!
Martinho Lutero (1483-1546).
* “Somente a Fé” - Editora Ultimato.
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