“E VÓS FOSTES FEITOS IMITADORES”
“E vós fostes
feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulação,
com gozo do Espírito Santo” (1Ts 1.6).
O apóstolo
Paulo, na esperança de aumentar a diligência dos tessalonicenses, declara que
havia uma harmonia, por assim dizer, entre a sua pregação e a fé deles. Pois, a
menos que os homens, de sua parte, correspondam a Deus, nenhum proveito
decorrerá da graça que lhes é oferecida – não como se pudessem fazer isto de si
mesmos, mas porque, assim como Deus dá início à nossa salvação chamando-nos,
ele também a aperfeiçoa moldando nossos corações à obediência. Portanto, a suma
é que uma evidência da eleição divina se revelara, não apenas no ministério de
Paulo, na medida em que estava provido do poder do Espírito Santo, mas também
na fé daqueles irmãos, de modo que esta conformidade é um atestado poderoso
dela. Porém, ele afirma: “Fostes feitos
imitadores de Deus e de nós”, no mesmo sentido em que é dito que o povo creu em Deus e no seu servo Moisés (Ex
14.13), porque ele operou poderosamente por meio deles, como seus ministros e instrumentos
da verdade.
Paulo também diz:
“recebendo a palavra em muita tribulação,
com gozo do Espírito Santo”, para que saibamos que não é pela instigação da
carne, ou pelas sugestões da sua própria natureza, que os homens estarão
prontos e zelosos por obedecer a Deus, mas que isto é obra do Espírito de Deus.
A circunstância, que, em muita
tribulação, eles haviam abraçado o evangelho, serve como ênfase. Pois vemos
muitíssimos que, não indispostos ao evangelho por outros motivos, contudo o
evitam por se intimidarem pelo medo da cruz. Concordemente, aqueles que não
hesitam em abraçar, com intrepidez, juntamente com o evangelho, as aflições que
os ameaçam, fornecem assim um exemplo admirável de magnanimidade. E, com isto,
torna-se tanto mais claramente notório quão necessário é que o Espírito Santo nos
auxilie nisto. Pois o evangelho não pode ser apropriada ou sinceramente
recebido, a não ser com um coração jubiloso. Nada, porém, está em maior
desacordo com a nossa disposição natural, do que nos regozijarmos nas aflições.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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