“AI DELES!”
“Ai deles!
Porque prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se
precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá. (Jd 1.11).
É de se
questionar por que Judas os censura tão severamente, quando acabara de dizer
que não fora permitido a um anjo pronunciar acusação injuriosa contra Satanás.
Mas não era o seu propósito estabelecer uma regra geral. Ele apenas explicou
brevemente, pelo exemplo do arcanjo Miguel, quão intolerável era a loucura
deles quando censuravam insolentemente o que Deus honrou. Sem dúvida era lícito
a Miguel fulminar Satanás. E sabemos quão veementemente os profetas ameaçavam
os ímpios. Mas, quando Miguel absteve-se da severidade extrema (de outro modo legítima),
que loucura seria não observar moderação para com aqueles que se sobressaem em
glória? Mas quando pronunciou maldição sobre eles, Judas não imprecou tanto o
mal sobre eles, mas antes lembrou-os o tipo de final que os aguardava. E fez
isto para que não levassem outros consigo à perdição.
Ele diz que
aqueles eram imitadores de Caim, o qual, sendo ingrato a Deus perverteu a
sua adoração por um coração ímpio e mau, tornando-se maldito sobre a terra. Ele
diz que estavam enganados pela recompensa como Balaão, porque
adulteravam a doutrina da verdadeira religião por lucro imundo. Ele diz, em
terceiro lugar, que eles imitavam a contradição de Coré, porque perturbavam
a ordem e tranquilidade da igreja.
Deus te
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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