“GUARDADO SOB TREVAS, EM ALGEMAS ETERNAS”
“E a anjos, os
que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio
domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do
grande Dia” (Jd 1.6).
O estado dos anjos
é mais elevado que o nosso, e contudo Deus puniu a deserção deles de um modo
terrível. Assim sendo, ele não perdoará a nossa perfídia, se nos afastarmos da
graça para a qual nos chamou. Este castigo, infligido sobre os habitantes do
céu, e sobre ministros de Deus tanto superiores, certamente deveria estar
constantemente diante de nossos olhos, para que em momento algum sejamos
levados a desprezar a graça de Deus, e assim nos precipitarmos abruptamente à
destruição.
Devemos também
notar a atrocidade do castigo que Judas menciona. Eles não são apenas espíritos
livres, mas poderes celestiais. Agora estão presos por cadeias perpétuas. Eles
não apenas desfrutavam da luz gloriosa de Deus, mas seu resplendor brilhava
neles, de modo que a partir deles, como que em raios, ela se espalhava por
todas as partes do universo. Agora estão imersos em trevas. Mas não devemos
imaginar um certo lugar em que os demônios estejam encerrados, pois Judas simplesmente
pretendia nos ensinar quão miserável é a condição deles, visto que, no momento
em que apostataram, eles perderam a sua dignidade. Para onde quer que sigam,
eles arrastam consigo as suas cadeias, e permanecem envoltos em trevas.
Entrementes, o castigo extremo deles é deferido até que chegue “o juízo do grande Dia”.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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