“A EXCELÊNCIA DO AMOR” - Conclusão
“O amor jamais
acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, passará. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor,
estes três; porém o maior destes é o amor” (1Co 13.8,13).
O amor jamais acaba. Outra das
marcantes características do amor é que ele dura para sempre. Uma qualidade
como esta, que jamais terá fim, é certamente digna de ser obtida com muito
esforço. O amor, portanto, deve ser preferido antes de todos os dons temporários
e perecíveis. As profecias passam; as línguas cessam; o conhecimento chega ao
fim. Portanto, o amor se acha tão mais acima de todos eles, justamente porque
sobrevive depois que todos hajam cessado de existir.
O maior destes é o amor. Convencer-nos-emos
de que isto é assim se avaliarmos sua excelência pelos seus efeitos, como já
foi bem detalhado pelo apóstolo Paulo, e se igualmente levarmos em consideração
a sua eternidade. Cada um extrai bênção pessoal de sua própria fé e esperança,
ao passo que o amor é derramado para o bem de outrem. A fé e a esperança são os
acompanhantes de nosso estado imperfeito, porém o amor persistirá mesmo nas
condições de perfeição.
Pois se examinarmos
os frutos da fé, um a um, e os comparamos, descobriremos que a fé superior em
muitos aspectos. Sim, até mesmo o amor propriamente dito, segundo o testemunho
do próprio Paulo (1Ts 1.3), é um produto da fé; e o efeito é sem dúvida inferior à sua causa. Além disso, um notável tributo é
pago à fé, o que não se aplica no caso do amor, quando João (1Jo 5.4) diz que a
fé é a nossa vitória que vence o mundo. Finalmente, é pela fé que nascemos de
novo, nos tornamos filhos de Deus, obtemos a vida eterna e Cristo habita em
nós. Deixo de mencionar outras incontáveis bênçãos, porém os poucos exemplos
serão suficientes para trazer a lume o que quero dizer quando afirmo que a fé é
superior ao amor em muitos de seus efeitos. É evidente do texto que o amor é maior,
não em todos os aspectos, mas porque ele durará eternamente, e no momento
exerce um papel primário em conservar a Igreja em existência.
Deus nos
abençoe!
João Calvino
(1509-1564).