"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



segunda-feira, 11 de setembro de 2023

“SE NOS JULGÁSSEMOS A NÓS MESMOS”


“SE NOS JULGÁSSEMOS A NÓS MESMOS”

“Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados” (1 Co 11.31).

Eis aqui uma notável afirmação, ou seja: que Deus não fica irado conosco repentinamente, punindo-nos tão logo erramos, mas, na maioria das vezes, é em razão de nossa negligência que ele se vê forçado a punir-nos, ou seja, quando nota que estamos despreocupados e apáticos, ludibriando-nos a nós mesmos em relação aos nossos pecados. Por isso, desviaremos de nós ou mitigaremos os castigos que nos ameaçam, se antes de tudo fizermos um balanço de nós mesmos e, sinceramente arrependidos, desviarmos a ira de Deus por meio de orações sinceramente a ele dirigidas, inflingindo-nos punições, de nosso próprio arbítrio. Numa palavra, os crentes, evitam o juízo divino por meio de penitência [arrependimento ativo]; e o único antídoto pelo qual podem obter absolvição aos olhos de Deus é através da autocondenação espontânea.

Entretanto, você não deve deduzir (como geralmente o fazem os falsos mestres) que há uma espécie de transação entre nós e Deus, nesta conexão, de modo que, ao infligirmos punição a nós mesmos, de nossa própria iniciativa, fazemos compensação a ele, e em certo sentido nos redimimos a nós mesmos debaixo de sua mão. Portanto, não desviamos o juízo de Deus antecipadamente só porque trazemos algo de natureza compensatória, que o possa apaziguar. A razão é que quando Deus nos pune, a sua intenção é sacudir-nos de nossa letargia e incitar-nos à penitência. Se procedermos assim, de nosso próprio arbítrio, então não existe mais razão para ele prosseguir exercendo seu juízo contra nós. Porém, se alguém que já aprendeu a viver insatisfeito consigo mesmo e a praticar penitência se vê ainda, não obstante, perseguido pelo azorrague divino, devemos deduzir disso que seu arrependimento não é tão completo e tão forte que se exima da necessidade de alguma reprovação a ajudá-lo a desenvolvê-la ainda mais. Note-se como o arrependimento estanca o juízo divino como um antídoto eficaz, mas não como algo que o substitua.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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