“O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13.7).
O apóstolo Paulo, então, nos leva a descobrir quão excelente é o amor,
ao mostrar os seus efeitos ou os seus frutos. Entretanto, estas descrições não
propõem simplesmente torná-lo atrativo, mas levar os coríntios a entenderem a
forma como ele se expressa em ação e em sua natureza.
O amor tudo sofre. O que Paulo pretende com todas as descrições deste versículo é que
o amor não é impaciente nem malicioso. Pois é da essência da tolerância sofrer
e suportar tudo, enquanto que a essência da sinceridade e espírito humanitário
é crer e esperar tudo. Somos natural e demasiadamente devotados a nós mesmos, e
tal erro nos faz irritadiços e queixosos. O resultado é que passamos a desejar
que outros levem nossos fardos, enquanto que, ao mesmo tempo, recusamos, de
alguma forma, a dar-lhes assistência. O amor é o antídoto que cura esse tipo de
enfermidade, pois ele nos faz servos de nossos irmãos e nos ensina a carregar
seus fardos em nossos próprios ombros.
Ao referir-se a “tudo”, devemos concluir que tal ideia consiste em tudo
quanto temos de suportar, e de forma correta. Pois não somos edificados através
dos maus hábitos, quer por ostentosa aprovação deles por meio de conversação lisonjeira,
quer emprestando-lhes apoio através de nossa conivência demonstrada em nossa
indiferença em relação a eles. Além disso, essa tolerância não significa
desistência de medidas disciplinares e punições que sejam porventura merecidas.
O amor tudo crê. Não significa que o cristão consciente e intencionalmente
permita ser enganado; não que ele se dispa da sabedoria e discernimento com o
fim de deixar que as pessoas o tripudiem mais facilmente. Então, o que é? O que Paulo está pedindo, aqui, é que haja sinceridade e
altruísmo na formulação de juízos; e aqui, ele afirma que estas virtudes vão
sempre acompanhadas com o amor. O que isto significará na prática é que o
cristão será melhor percebido através de sua própria bondade e altruísmo do que
provocando humilhação a seu irmão pela desconfiança infundada.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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