“A EXCELÊNCIA DO AMOR” - Parte II
“O amor não se
comporta inconvenientemente, não busca seus interesses, não se sente provocado, não suspeita do mal; não se regozija com a injustiça, mas se alegra com a verdade” (1Co 13.5,6).
O apóstolo
Paulo, então, nos leva a descobrir quão excelente é o amor, ao mostrar os seus
efeitos ou os seus frutos. Entretanto, estas descrições não propõem
simplesmente torná-lo atrativo, mas levar os coríntios a entenderem a forma
como ele se expressa em ação e em sua natureza.
Não se comporta
inconvenientemente. O amor não se deleita com
fútil ostentação nem provoca grande espalhafato, mas sempre age de forma
moderada e elegante. E assim Paulo uma vez mais se vê censurando os coríntios
de maneira indireta, pois se portavam tão indecentemente e com tanto orgulho,
que não revelavam qualquer escrúpulo em ignorar toda e qualquer cortesia.
Não busca seus
interesses. Disto pode-se deduzir que o
amor não é algo inato em nós, pois todos nós somos portadores de uma natural
tendência de amar e de cuidar de nós mesmos, buscando só o que nos interessa. O amor é o único antídoto que cura essa tendência tão
pervertida, pois ele nos faz ignorar nossas próprias circunstâncias e
preocupar-nos realmente com a sorte de nosso próximo, amando e cuidando dele.
Além disso, “buscar as próprias coisas de alguém” é viver devotadamente para
ele e sentir-se completamente feliz em ajudá-lo a cuidar do interesse dele. A
questão se é lícito que o cristão se preocupe com seu próprio bem-estar é
solucionada por esta definição. Porque Paulo não pretende que
deixemos de preocupar-nos e de cuidar de nossos próprios negócios; senão que
condena o excessivo cuidado e ansiedade pelos mesmos, o que nasce do amor
excessivamente cego por nós mesmos. Mas tal excesso consiste em negligenciarmos
os outros e pensarmos demais em nós mesmos, ou vivermos tão concentrados em
nossos interesses que nos abstraímos da consideração que Deus nos manda ter
para com o nosso próximo.
O apóstolo
Paulo acrescenta que o amor é também um freio que impede as disputas, pois aquele que é cortês e
tolerante não explode em ira repentina e nem se lança precipitadamente em
controvérsias e contendas.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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