"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



segunda-feira, 11 de setembro de 2023

“PARA NÃO SERMOS CONDENADOS COM O MUNDO”


“PARA NÃO SERMOS CONDENADOS COM O MUNDO”

“Mas, quando julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo” (1 Co 11.32).

Aqui temos profunda necessidade de conforto. Pois se alguém, que se acha em dificuldade, crê que é porque Deus está irado contra ele, seu quebrantamento é suficiente para movê-lo à penitência. O apóstolo Paulo, pois, diz que, quando Deus mostra sua ira aos crentes, ele o faz de tal forma que, ao mesmo tempo, deixa claro que não esquece sua misericórdia; e ainda mais que isto, ele diz que quando Deus nos pune é devido à sua particular preocupação por nossa salvação. Constitui-se num conforto inestimável o fato de que as punições, por meio das quais nossos pecados são corrigidos, são prova, não da ira divina visando à nossa destruição, mas, antes, de seu amor paternal; e que, ao mesmo tempo, elas nos ajudam a restabelecer nossa salvação, pois Deus se ira contra nós como seus filhos, a quem ele não quer que pereçam.

Ao dizer: “para não sermos condenados com o mundo”, Paulo tem em mente duas coisas. A primeira é que quando os filhos deste mundo vivem felizes e sem dificuldades, embalados por seus próprios prazeres, estão sendo engordados como suínos para o dia da matança. Pois ainda que o Senhor, às vezes, convoca também os ímpios ao arrependimento, usando neles seu azorrague, todavia às vezes os toma por estranhos e lhes permite que desçam seus declives desenfreadamente, até que encham até à plenitude a medida de sua condenação final. O privilégio de ser chamado de volta dos limites da destruição, através das punições, pertence, pois, somente aos crentes.

A segunda coisa que ele pretende é que as punições [divinas] são remédios dos quais os crentes necessitam, pois, do contrário, eles seriam também impelidos em direção à perdição eterna, se porventura não fossem impedidos pelas punições temporais.

Esses pensamentos nos ajudam não só a sermos pacientes a fim de suportarmos calmamente as aflições impostas por Deus, mas também para aprendermos a gratidão; de modo que, dando graças a Deus nosso Pai, submetamo-nos à sua disciplina em obediência voluntária. Há muitos outros meios pelos quais esses pensamentos podem ser-nos de muita utilidade, a saber: transformam nossas punições em algo saudável para nós, desde que nos ensinem a mortificação da carne e a humildade diante de Deus; nos fazem habituados a obedecer a Deus; nos convencem de nossas próprias fraquezas; lançam chamas em nossos corações com solicitude pela oração; nos fazem esperançosos de que realizaremos uma grande obra; de modo que, seja longa ou breve, toda severidade que possa haver nestes pensamentos, é tudo absorvido pela alegria espiritual.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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