“MINISTROS ATRAVÉS DE QUEM CRESTES”
“Quem é Apolo?
E quem é Paulo? Ministros através de quem crestes; e conforme o Senhor deu a
cada um” (1 Co 3.5).
O apóstolo
Paulo, agora, passa a discutir o ponto de vista que deve ser mantido sobre os
ministros, e o propósito para o qual foram ordenados pelo Senhor. Porém, nomeia
a si mesmo e a Apolo antes dos outros com o fim de evitar que fossem acusados
de ciúme. “Que outro é o trabalho dos ministros”, pergunta ele, “senão o de
conduzir-vos à fé por meio de sua pregação?” De tal fato Paulo conclui que não
deve haver ostentação em homem algum, porque a fé não admite glorificação senão
exclusivamente em Cristo. Segue-se que aqueles que exaltam excessivamente a
homens, os privam de sua genuína grandeza. Pois a coisa mais importante de todas
é que eles são ministros da fé, ou seja, conquistam seguidores, sim, mas não
para eles mesmos, e, sim, para Cristo. Porém, ainda que pareça que ele, ao se
comportar assim, está a subtrair a autoridade dos ministros, na verdade não
lhes está a conferir menos que o devido. Pois ele lhes confere uma grande honra
ao dizer que obtemos nossa fé por intermédio de seu ministério. Contudo, o selo
da aprovação é clarissimamente posto na eficácia do doutrinamento através de
outros, quando ele é chamado o instrumento do Espírito Santo; e os pastores não
estão sendo honrados com nenhuma atribuição ordinária quando Deus diz que sejam
usados como ministros para a ministração dos incomparáveis tesouros da fé.
Esta redação que tenho adotado - “Ministros através de quem crestes; e conforme o Senhor deu a cada um” - está, em minha opinião, mais próxima da verdade. Se a seguirmos, a frase será mais rica, porque consistirá de duas cláusulas, como seguem: Em primeiro lugar, ministros são aqueles que colocam seus serviços à disposição de Cristo, para que alguém possa crer nEle. Além do mais, eles não possuem nada propriamente seu do quê se orgulhar, visto que também não realizam nada propriamente seu, e não possuem virtude para excelência alguma exceto pelo dom de Deus, e cada um segundo a sua própria medida; o que revela que tudo quanto um indivíduo venha a possuir, sua fonte se acha em outrem. Finalmente, ele os mantém todos juntos como por um vínculo comum, visto que tinham necessidade do auxílio mútuo.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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