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terça-feira, 19 de setembro de 2023

“O HOMEM ESPIRITUAL JULGA TODAS AS COISAS”


“O HOMEM ESPIRITUAL JULGA TODAS AS COISAS”

“Porém o homem espiritual julga todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado por ninguém” (1Co 2.15).

Tendo o apóstolo Paulo anulado a capacidade do homem natural de julgar as coisas do Espírito, ele agora ensina que só os espirituais são juízes capazes desta matéria; porque só o Espírito de Deus conhece a si mesmo, e é sua função pessoal separar suas próprias coisas das dos outros; para aprovar o que é propriamente seu e despir tudo o mais de qualquer probidade. Portanto, o significado é o seguinte: “Nesta conexão, não existe lugar para o discernimento da carne! É tão-somente o homem espiritual que possui esse conhecimento, firme e saudável, dos mistérios de Deus; é ele quem de fato distingue verdade e falsidade; o ensino de Deus das invenções humanas; e os seus equívocos são diminutos”. Em contrapartida, “ninguém o julga”, porque a certeza de fé não se acha sob o controle humano, como se pudesse ser reduzida a ruínas a seu bel-prazer, quando, de fato, é ela superior aos próprios anjos. Note-se que essa prerrogativa é atribuída não ao homem pessoalmente, mas à Palavra de Deus, a qual usa os espirituais como guias quando estão julgando, e a qual, naturalmente, lhes é elucidada por Deus, para que possam entender. Quando isto se dá, a convicção do homem se faz inabalável, porque ela está acima das ambiguidades do juízo humano.

Ademais, observe-se a palavra julgar. O que o apóstolo quer significar com ela é só que somos iluminados pelo Espírito para recebermos a verdade, mas que somos igualmente equipados com o espírito de discernimento a fim de não vivermos suspensos pela dúvida entre a verdade e a falsidade, mas para sermos capazes de decidir o que devemos evitar o que devemos seguir.

Neste ponto, porém, podemos formular a seguinte pergunta: quem é este homem espiritual, e onde havemos de encontrá-lo munido de tanta luz que se torna capaz de a tudo julgar, quando estamos bem conscientes do fato de que estamos cercados por um grande contingente de ignorância, e sujeitos ao risco de cairmos em erros, e, o que é ainda mais sério, quando ainda o mais excelente dos homens repentinamente fracassa? A resposta é fácil: Paulo não faz esta capacidade aplicável a todos, como se ele isentasse a todos os que são renovados pelo Espírito de Deus de todo o gênero de erro; mas simplesmente deseja ensinar que a inteligência humana é inútil para avaliar os ensinos da religião, e que a prerrogativa de julgar, segundo este critério, pertence exclusivamente ao Espírito de Deus. Portanto, um homem só julga corretamente e com segurança pelo prisma de seu novo nascimento e segundo a medida da graça a ele concedida - e não mais!

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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