“A EXCELÊNCIA DO AMOR” - Parte I
“O amor é paciente, é bondoso; o amor não inveja, não se vangloria” (1 Co 13.4).
O apóstolo
Paulo, então, nos leva a descobrir quão excelente é o amor, ao mostrar os seus
efeitos ou os seus frutos. Entretanto, estas descrições não propõem
simplesmente torná-lo atrativo, mas levar os coríntios a entenderem a forma
como ele se expressa em ação e em sua natureza. Mas o objetivo primordial é
mostrar quão necessário é na preservação da unidade da Igreja. E não tenho
dúvida de que Paulo pretendia repreender os coríntios de forma indireta,
confrontando-os com uma situação completamente diversa daquela propriamente deles,
para que pudessem aperceber-se de seus próprios erros ao contrastarem-se com o
que viam.
A primeira
descrição do amor é que ele, ao suportar pacientemente muitas coisas, fortalece
a paz e a harmonia da Igreja. A segunda qualidade do amor é bem semelhante, ou
seja, bondade e respeito. A terceira qualidade consiste em que ele corrige a
emulação, a qual se constitui na causa originária de todas as disputas. Ele inclui
inveja que causa emulação, porquanto se assemelha muito a ela; ou, antes, ele
tem em mente a espécie de emulação que se associa à inveja e frequentemente se
origina dela. Segue-se que onde a inveja mantém influência, onde cada um é ávido
por destaque pessoal, pelo menos na aparência, o amor não pode prosperar.
O amor não age insolentemente, não é obstinado, arrogante motivado pela autoconfiança. Paulo, pois, está a reivindicar para o amor uma influência moderada, e mostra que ele é um freio para manter o homem sob controle e impedi-lo de se prorromper em atos desaforados, de modo a viver junto [com outros] de maneira tranquila e ordeira. Finalmente, ele acrescenta que o amor é algo estranho ao orgulho que, em sua presunção, olha para os outros com ar desdenhoso.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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