"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

“CONHECENDO-LHES OS PENSAMENTOS” - 2


CONHECENDO-LHES OS PENSAMENTOS” - 2

“Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Homem, estão perdoados os teus pecados. E os escribas e fariseus arrazoavam, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração? Qual é mais fácil, dizer: Estão perdoados os teus pecados ou: Levanta-te e anda? Mas, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados — disse ao paralítico: Eu te ordeno: Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa” (Lc 5.20-24).

Devemos observar nesta passagem o perfeito conhecimento de nosso Senhor no que se refere aos pensamentos dos homens. Quando os escribas e fariseus começaram a arrazoar secretamente, acusando-O de blasfêmias, o Senhor Jesus sabia o que eles realmente eram e os envergonhou publicamente. O relato de Lucas nos diz que Jesus conhecia-lhes os pensamentos.

Devemos pensar diariamente sobre o fato de que nada podemos ocultar de Cristo. A ele aplicam-se as palavras da carta aos Hebreus: “E não há criatura que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13). Pertencem-Lhe as afirmações do Salmo 139, que todo crente deve estudar com frequência. Não existe qualquer palavra em nossos lábios, ou qualquer imaginação em nossas mentes, que Ele não saiba completamente (Sl 139.4).

Quanta perscrutação íntima este pensamento deve suscitar em nós. Cristo sempre nos vê e nos conhece. Todos os dias Ele observa nossas atitudes, pensamentos e palavras. Recordar esta verdade deveria alarmar os ímpios e levá-los a abandonar seus pecados. Sua impiedade não está oculta e, um dia, será completamente manifestada, a menos que se arrependam. Isto deveria causar pavor nos hipócritas, devido à sua hipocrisia. Talvez eles enganem os homens, mas não estão enganando a Cristo. Isto deve trazer conforto e ânimo a todos os verdadeiros crentes. Estes devem lembrar que um amável Senhor os contempla e devem viver cientes deste fato. Acima de tudo, devem reconhecer que, embora sejam desprezados e zombados pelo mundo, eles são justa e corretamente avaliados pelo seu Senhor. Podem dizer: “Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo” (Jo 21.17).

Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

“BONDADE E COMPAIXÃO”


“BONDADE E COMPAIXÃO”

“Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Homem, estão perdoados os teus pecados. E os escribas e fariseus arrazoavam, dizendo: Quem é este que diz blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão Deus? Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Que arrazoais em vosso coração? Qual é mais fácil, dizer: Estão perdoados os teus pecados ou: Levanta-te e anda? Mas, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados — disse ao paralítico: Eu te ordeno: Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. Imediatamente, se levantou diante deles e, tomando o leito em que permanecera deitado, voltou para casa, glorificando a Deus. Todos ficaram atônitos, davam glória a Deus e, possuídos de temor, diziam: Hoje, vimos prodígios” (Lc 5.20-26).

Devemos observar nesta passagem a bondade e a compaixão de nosso Senhor Jesus Cristo. Duas vezes Ele falou com bastante ternura ao paralítico que estava diante dEle. A princípio, Jesus dirigiu-lhe as maravilhosas e comoventes palavras: “Homem, estão perdoados os teus pecados”. Em seguida, acrescentou palavras que, no aspecto de produzir conforto, eram secundárias à benção do perdão. Ele disse ao paralítico: “Levanta-te, toma o teu leito e vai para casa”. Primeiramente, Jesus deu-lhe certeza de que sua alma estava curada. Depois, afirmou-lhe que seu corpo estava curado e o mandou para casa regozijando-se.

Sempre recordemos este aspecto do caráter de nosso Senhor. A amável bondade de Cristo para com seu povo nunca muda ou falha. É um poço profundo do qual ninguém jamais achará o início. As águas deste poço começaram a jorrar desde a eternidade, antes que os membros do povo de Deus existissem. A amável bondade de nosso Senhor os escolheu, os chamou e os vivificou, quando estavam mortos em delitos e pecados. Ela os atraiu a Deus, transformou o caráter deles, outorgou-lhes uma nova vontade e colocou em seus lábios um novo cântico. A amável bondade de nosso Senhor os suportou em toda a sua obstinação e pecados e jamais permitirá que se afastem de Deus. Ela fluirá para todo o sempre, assim como um rio caudaloso, durante as intermináveis era da eternidade. O amor e a misericórdia de Cristo têm de ser a segurança do pecador, quando ele inicia a jornada cristã; e será sua única garantia quando atravessar o rio tenebroso, para entrar em seu lar. Por experiência íntima, procuremos conhecer esse amor e valorizá-lo cada vez mais. Permitamos que este amor nos impulsione continuamente a viver não para nós mesmos, e sim para Aquele que morreu e ressuscitou por nós.

Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

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Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

“HOMENS TRAZENDO EM UM LEITO UM PARALÍTICO”


“HOMENS TRAZENDO EM UM LEITO UM PARALÍTICO”

“Ora, aconteceu que, num daqueles dias, estava ele ensinando, e achavam-se ali assentados fariseus e mestres da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E o poder do Senhor estava com ele para curar. Vieram, então, uns homens trazendo em um leito um paralítico; e procuravam introduzi-lo e pô-lo diante de Jesus. E, não achando por onde introduzi-lo por causa da multidão, subindo ao eirado, o desceram no leito, por entre os ladrilhos, para o meio, diante de Jesus” (Lc 5.17-19).

Devemos observar nesta passagem o esforço que homens podem fazer quando estão seriamente interessados a respeito de alguma coisa. Os amigos de um paralítico queriam trazê-lo a Jesus, para ser curado. A princípio, foram incapazes de fazer isto, por causa da multidão que cercava o Senhor. Então, o que eles fizeram? “Subindo o eirado, os desceram no leito, por entre os ladrilhos, para o meio, diante de Jesus”. O objetivo deles foi alcançado. A atenção de nosso Senhor foi atraída ao paralítico, e este foi curado. Através do esforço, trabalho árduo e perseverança, seus amigos foram bem-sucedidos em conseguir que ele recebesse a grande bênção da cura completa.

A importância de esforço e diligência é uma verdade que percebemos em todas as áreas de nosso viver. Em toda profissão, serviços e negócios, o esforço é um grande segredo do sucesso. O homem prospera não por causa de sorte ou coincidência, e sim por causa de trabalho árduo. Este é um princípio com o qual todos os filhos do mundo estão acostumados. Uma de suas máximas favoritas é “sem esforço não há resultados”.

Devemos entender completamente que o esforço e a diligência são essenciais tanto ao bem-estar e prosperidade de nossa alma quanto ao de nosso corpo. Em todo nosso empenho para nos achegarmos a Deus e nos aproximarmos de Cristo, temos de mostrar a mesma seriedade resoluta demonstrada pelos amigos desse paralítico. Não podemos deixar que dificuldade alguma nos impeça e nenhum obstáculo nos prive de fazer aquilo que realmente contribui para o bem de nossa alma. Em especial, temos que manter isto em nossa mente quando nos referimos ao assunto de ler regularmente a Bíblia, ouvir a pregação da Palavra de Deus, observar o dia do Senhor e dedicar-nos à oração particular. Devemos preservar tais hábitos, ainda que estejamos passando por inúmeras dificuldades. Se os filhos deste mundo se esforçam tanto em busca de uma recompensa corruptível, temos de nos empenhar muito mais em busca da coroa incorruptível.

"Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma" (Hb 12.1-3).

Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

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“CONHECENDO-LHES OS PENSAMENTOS” - 1


“CONHECENDO-LHES OS PENSAMENTOS” - 1

“E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Tem bom ânimo, filho; estão perdoados os teus pecados. Mas alguns escribas diziam consigo: Este blasfema. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que cogitais o mal no vosso coração?” (Mt 9.1-4).

Observemos no versículo quatro, o conhecimento que nosso Senhor Jesus tem dos pensamentos dos homens. Alguns dos escribas acharam defeito nas palavras de Jesus ao paralítico. Diziam secretamente, consigo: “Este blasfema”. Provavelmente imaginavam que ninguém soubesse o que se passava em suas mentes. Ainda precisavam aprender o fato que o Filho de Deus pode ler os corações e discernir os espíritos. O seu pensamento malicioso foi publicamente desmascarado. Eles foram abertamente expostos à vergonha.

Nisto há uma importante lição para nós: “Todas as cousas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13). Nada pode ser ocultado de Jesus Cristo. O que pensamos às ocultas, quando ninguém sabe? O que pensamos quando estamos na igreja, parecendo tão sérios e respeitosos? O nosso Senhor sabe. Um dia ele nos chamará para a prestação de contas. Está escrito que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgará os segredos dos homens, de acordo com o evangelho (Rm 2.16). Sem dúvida alguma, devemos ser muito humildes quando consideramos estas coisas. Deveríamos cada dia agradecer a Deus que o sangue de Cristo pode purificar de todo pecado. Deveríamos sempre clamar: “As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu!” (Sl 19.14).

"SENHOR, tu me sondas e me conheces. Sabes quando me assento e quando me levanto; de longe penetras os meus pensamentos" (Sl 139.1,2).

Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

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domingo, 5 de janeiro de 2025

“O PODER SACERDOTAL DE PERDOAR PECADOS”


“O PODER SACERDOTAL DE PERDOAR PECADOS”

"Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: Por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração? Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: Estão perdoados os teus pecados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda? Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados — disse ao paralítico: Eu te mando: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa. Então, ele se levantou e, no mesmo instante, tomando o leito, retirou-se à vista de todos, a ponto de se admirarem todos e darem glória a Deus, dizendo: Jamais vimos coisa assim!" (Mc 2.6-12).

Consideremos nestes versículos, o poder sacerdotal de perdoar pecados, que possui nosso Senhor Jesus Cristo. Lemos que nosso Senhor disse ao paralítico: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. Jesus proferiu essas palavras com um propósito. Ele conhecia os corações dos escribas ao seu redor. Ele tencionava mostrar-lhes que tinha o direito de ser o verdadeiro Sumo Sacerdote, que tinha o poder de perdoar pecadores, embora, até o momento, raramente tivesse apresentado essa reivindicação. Ele tinha o poder e declarou-lhes isso claramente. Ele disse: “Para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados”. Ao dizer: “Filho, os teus pecados estão perdoados”, Cristo estava tão-somente exercendo seu legítimo ofício.

Consideremos, agora, quão grande deve ser a autoridade dAquele que tem o poder de perdoar pecados! Isso é algo que ninguém mais pode fazer, exceto Deus. Nenhum anjo nos céus, nenhum homem sobre a terra, nenhuma igreja em Concílio, nenhum ministro de qualquer denominação cristã pode tirar, da consciência de um pecador, a carga da culpa, outorgando-lhe paz com Deus. Tão-somente podem apontar para a fonte aberta para a purificação de todo pecado. Podem apenas declarar, com autoridade, que Deus está disposto a perdoar pecados. Porém, eles não podem perdoar pecados por sua própria autoridade. Eles não podem remover as transgressões de quem quer que seja. Essa é uma prerrogativa peculiar de Deus, uma prerrogativa posta nas mãos de seu Filho, Cristo Jesus.

Pensemos, por alguns instantes, sobre quão grande é a bênção de ser Jesus nosso grande Sumo Sacerdote e que, por isso, sabemos onde buscar a absolvição! Precisamos de um sacerdote e de um sacrifício que se interponha entre nós e Deus. Nossa consciência exige expiação por nossos inúmeros pecados. A santidade de Deus, por sua vez, torna isso uma necessidade absoluta. Sem um sacerdote que faça expiação, não pode haver paz no coração. Jesus Cristo é o Sacerdote que precisamos, poderoso para perdoar e absolver, dotado de um terno coração e sempre disposto a salvar.

Portanto, indaguemos a nós mesmos se já conhecemos ao Senhor Jesus como o nosso Sumo Sacerdote. Já apelamos para Ele? Já buscamos nEle a absolvição? Caso contrário, continuamos em nossos pecados. Não descansemos enquanto o Espírito de Deus não testificar, junto ao nosso espírito, que nos temos assentado aos pés de Cristo Jesus, que já ouvimos sua voz dizer-nos: “Filho, os teus pecados estão perdoados”.

Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

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“AFLIÇÕES E GRANDE BÊNÇÃO”


“AFLIÇÕES E GRANDE BÊNÇÃO”

“Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados” (Mc 2.3-5).

Nestes versículos, observemos como as aflições podem redundar em grande bênção para a alma de um homem. Somos inteirados que um paralítico foi levado à presença de nosso Senhor Jesus, em Cafarnaum, a fim de ser curado. Incapaz e dependente, ele foi transportado em seu leito por quatro bondosos amigos e descido bem no meio do lugar onde Jesus estava pregando. Imediatamente o paralítico obteve aquilo que buscava. O grande Médico do corpo e da alma, viu-o e deu-lhe alívio imediato. Restaurou-lhe a saúde e as forças físicas. Além disso, concedeu-lhe a bênção maior do perdão dos pecados. Em poucas palavras, o homem que, naquela manhã, fora levado de sua própria casa, muito débil, vencido tanto no corpo quanto na alma, retornou regozijando-se.

Quem pode duvidar que, até o fim de sua vida, aquele homem tenha ficado grato a Deus por aquela paralisia? Sem ela, mui provavelmente teria vivido e morrido na ignorância, sem jamais ter conhecido a Cristo. Sem a paralisia, ele talvez teria cuidado de algum negócio na Galiléia, a vida inteira, sem nunca ter sido conduzido a Cristo, e nunca ouviria aquelas abençoadas palavras: “Filho, os teus pecados estão perdoados”. Aquela paralisia foi, de fato, uma bênção para ele. Quem pode negar que aquele mal foi o começo da vida eterna para a sua alma?

Quantos outros, no decorrer dos séculos, podem testificar que a sua experiência tem sido a mesma! Esses têm aprendido a ser sábios através das aflições. A perda de entes amados tem trazido misericórdias. Uma perda acaba redundando em ganhos. As enfermidades têm levado muitas pessoas ao grande Médico das almas, levando-as às Escrituras, afastando-as do mundo, mostrando-lhes a sua insensatez, ensinando-lhes a orar. Milhares, como o salmista Davi, podem dizer: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119.71).

Tenhamos muito cuidado para não murmurarmos quando submetidos a aflições. Podemos ter certeza de que há um motivo imperioso para cada cruz e uma sábia razão para toda provação. Cada tristeza ou enfermidade é uma graciosa mensagem da parte de Deus, cujo propósito é aproximar-nos um pouco mais do Senhor. Oremos para sermos capazes de aprender a lição que cada sofrimento visa ensinar-nos. Cuidemos em não desprezar Aquele que “dos céus nos adverte” (Hb 12.25).

Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

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“PRIVILÉGIOS ESPIRITUAIS SEM USO”


“PRIVILÉGIOS ESPIRITUAIS SEM USO”

"Dias depois, entrou Jesus de novo em Cafarnaum, e logo correu que ele estava em casa. Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra" (Mc 2.1,2).

Esta passagem bíblica nos mostra o nosso Senhor Jesus, uma vez mais, em Cafarnaum. Uma vez mais, nos O encontramos fazendo sua obra costumeira - pregando a Palavra e curando os doentes.

Nestes dois primeiros versículos, percebemos quão grandes privilégios espirituais algumas pessoas desfrutam, embora não façam uso deles. Essa é uma verdade ilustrada de forma saliente nessa narrativa sobre Cafarnaum. Nenhuma outra cidade da Palestina parece haver usufruído tanto da presença de nosso Senhor, durante seu ministério terreno, quanto essa cidade. Foi pra lá que Jesus se mudou ao deixar Nazaré (Mt 4.13). Essa foi a localidade onde muitos dos seus milagres foram realizados e muitos de seus sermões foram proferidos. Entretanto, nada do que Jesus disse ou fez parece ter produzido qualquer efeito nos corações de seus habitantes. Eles costumavam ajuntar-se em multidão para ouvi-Lo e, conforme lemos nesta passagem, eram “tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar”. Ficavam admirados; estarrecidos. Ficavam maravilhados diante das poderosas obras de Jesus. Não obstante, não se converteram. Viveram sob a luz ofuscante e radiante do Sol da Justiça, mas seus corações permaneceram endurecidos. Assim, receberam de nosso Senhor a mais grave condenação já proferida contra qualquer outra localidade, exceto Jerusalém: “Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até o céu? Descerás até ao inferno; porque se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se fizeram, teria ela permanecido até ao dia de hoje. Digo-vos, porém, que menos rigor haverá no Dia do Juízo para com a terra de Sodoma, do que para contigo” (Mt 11.23,24).

Convém salientarmos bem esse incidente que envolveu Cafarnaum. Todos nós tendemos a supor que nada mais se faz necessário, para que as almas se convertam, do que uma poderosa pregação do evangelho. Supomos também que se o evangelho for anunciado em algum lugar, todos deverão crer. Mas, esquecemos do grande poder da incredulidade e da profundeza da inimizade do homem contra Deus. Esquecemos que os habitantes de Cafarnaum ouviram a mais infalível pregação e que a viram confirmada mediante os mais surpreendentes milagres; mas, mesmo assim, permaneceram mortos em seus delitos e pecados. Precisamos lembrar que o mesmo evangelho, que é perfume de vida para alguns, é odor de morte para outros. Efetivamente, nenhuma outra coisa parece endurecer tanto o coração dos homens como ouvirem regularmente o evangelho, enquanto preferem deliberadamente servir ao pecado e ao mundo. Nunca houve uma população tão favorecida como a de Cafarnaum; também nunca houve um povo que parece ter se tornado tão endurecido quando aquele. Tenhamos cautela de não seguir pelas pisadas deles. Precisamos fazer, com frequência, esta oração: Da dureza de coração, ó Senhor Deus, livra-nos.

Deus nos abençoe!

J.C.Ryle (1816-1900).

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

“RECEBI TUDO E TENHO EM ABUNDÂNCIA”


RECEBI TUDO E TENHO EM ABUNDÂNCIA

“Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito. Recebi tudo e tenho em abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (Fp 4.17,18).

Não que eu procure o donativo. Uma vez mais o apóstolo Paulo repele uma opinião desfavorável que porventura fosse formulada pela cobiça imoderada, para que não presumissem que fosse uma insinuação indireta, como se devessem sozinhos postar-se no lugar de todos, e como se ele abusasse da bondade deles. Por conseguinte, ele declara que não buscara tanto sua vantagem pessoal quanto à deles. “Enquanto recebo de vós”, diz ele, “há em proporção muita vantagem que redunda em vosso favor; pois há tantos artigos que podereis considerar como sendo transferidos para a lista de contas.” O significado desta palavra está conectado com a similitude previamente empregada de troca ou compensação em questões pecuniárias.

Recebi tudo e tenho em abundância. Paulo declara em termos mais explícitos que por ora tem o que é suficiente, e honra a liberalidade deles com um notável testemunho, dizendo que tem em abudância. Indubitavelmente, o que enviaram foi uma soma moderada, mas ele diz que por meio dessa soma moderada ele se saciou. No entanto, é um enaltecimento mais excelente o que ele outorga à dádiva no que segue, quando a chama de um “sacrifício aceitável e apresentado como aroma suave”. Porque, que coisa melhor se pode desejar do que nossos atos de bondade sejam [considerados] ofertas santas que Deus recebe de nossas mãos, e com cuja doce fragrância ele se deleita? Pela mesma razão, Cristo diz: “Sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes” [Mt 25.40].

A semelhança de sacrifícios, contudo, adiciona muita ênfase, pela qual somos ensinados que o exercício do amor que Deus nos impõe não é meramente um benefício conferido ao homem, mas é também um serviço espiritual e sagrado que é prestado a Deus, como lemos na Epístola aos Hebreus: que ele “se agrada com tais sacrifícios” [Hb 13.16]. Ai de nossa indolência! - a qual transparece nisto: que enquanto Deus nos convida com tanta bondade à honra do sacerdócio, e ainda põe sacrifícios em nossas mãos, não obstante não lhe oferecemos sacrifício, e aquelas coisas que foram separadas por oblações santas, não só gastamos com usos mundanos, mas esbanjamo-las impiamente nas contaminações mais sujas. Pois os altares nos quais os sacrifícios de nossos recursos devem ser apresentados são os pobres e os servos de Cristo. Ao negligenciarem estes, alguns esbanjam seus recursos com todo gênero de luxo, outros com deleite gastronômico, outros com vestuário imoderado, outros com casas gigantescas.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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“NO TOCANTE A DAR E RECEBER”


“NO TOCANTE A DAR E RECEBER”

“E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades” (Fp 4.15,16).

E sabeis também vós. Entendo isto como um acréscimo ao modo de desculpa, visto que com frequência o apóstolo Paulo recebia algo da parte deles, pois se as outras igrejas não cumpriam seu dever, poderia parecer como se ele estivesse ansioso demais em receber. Daí, ao ser claro, ele os elogia; e, elogiando, modestamente desculpa os outros. Nós também, segundo o exemplo do apóstolo, devemos atentar bem para que os santos, vendo-nos tão inclinados a receber de outrem, não tenham boas razões de nos considerar insaciáveis. E sabeis também vós, diz ele. “Não espero que convoquem outra testemunha, porquanto vocês mesmos sabem”. Pois frequentemente sucede que, quando alguém pensa que outros são deficientes no cumprimento dos deveres, essa pessoa é a mais liberal em prestar assistência. Assim a liberalidade de alguns escapa à observação de outros.

No tocante a dar e receber. Paulo faz referência a questões pecuniárias nas quais há duas partes: uma de receber, a outra de dar. É necessário que estas sejam trazidas a uma equidade por compensação mútua. Há uma conta desta natureza pendente entre Paulo e as igrejas. Enquanto Paulo lhes ministrava o evangelho, havia certa obrigação envolvendo-os, em troca, no suprimento do que era necessário para o sustento de sua vida, como ele diz em outro lugar: “Se nós semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as materiais?” [1Co 9.11]. Daí, se outras igrejas aliviavam as necessidades de Paulo, não lhe estariam dando nada de graça, mas estariam simplesmente pagando sua dívida, pois deveriam reconhecer que lhe estavam endividados pelo evangelho. Entretanto, ele reconhece que este não fora o caso, visto que não haviam depositado nada em sua conta. Que vil ingratidão, e quão inconveniente era tratar com negligência um apóstolo como este, para com o qual bem sabiam estar em obrigação além de seu poder de cumprir! Em contrapartida, quão grande tolerância deste santo homem em suportar a desumanidade deles com tanta mansidão e indulgência, a ponto de não fazer uso de uma palavra cortante sequer para acusá-los!

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

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Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.