“PARTÍCIPE DE TODAS AS BOAS COISAS”
“E o que é
instruído na palavra faça partícipe de todas as boas coisas o que o instrui”
(Gl 6.6).
Parece
provável que os mestres e ministros eram, naquele tempo, negligenciados. Tal
coisa refletia na mais vil ingratidão. É algo desditoso defraudar dos meios de
sobrevivência àqueles por cuja instrumentalidade nossas almas são alimentadas,
recusar uma recompensa terrena àqueles de quem recebemos bênçãos celestiais.
Mas é e tem sido sempre a natureza do mundo encher o estômago dos ministros de
Satanás, e com relutância e aversão suprir os piedosos pastores com sua indispensável
porção. Embora não devamos ser demasiadamente queixosos ou demasiadamente persistentes
em favor de nossos direitos, Paulo dirigiu aos gálatas sua exortação, para que
fossem diligentes no exercício desse dever. Ele estava mais que disposto a agir
assim, porque não tinha qualquer interesse pessoal no assunto, senão que levava
em consideração o bem-estar comum da Igreja, sem levar em conta seu próprio
benefício. Ele via que os ministros da Palavra eram negligenciados, porquanto a
própria Palavra era desprezada. Porque não se pode negar que, se a Palavra for
respeitada, seus ministros serão sempre tratados bondosa e honradamente. É um
artifício de Satanás defraudar os ministros piedosos de seu sustento, de modo que
a Igreja fique privada dos ministros desse gênero. Um solícito desejo de
preservar o ministério levou Paulo a recomendar o sustento dos bons e fieis
pastores.
De todas as boas coisas. O apóstolo
Paulo não quer que tenham uma imoderada e supérflua abundância, mas
simplesmente que não lhes falte o suficiente para o sustento necessário da vida.
Os ministros devem viver contentes com uma mesa frugal, e devem evitar o perigo
do regalo e da ostentação. Portanto, até onde suas necessidades o requeiram,
que os crentes considerem toda a sua propriedade como à disposição dos piedosos
e santos mestres. Que compensação farão eles para o inestimável tesouro de vida
eterna que recebem de sua doutrinação?
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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