“QUAL A NATUREZA DA RELIGIÃO VERDADEIRA?”
“A religião
pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as
viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo” (Tg
1.27).
A questão mais
crucial para a raça humana e para todo o indivíduo é: quais as características que distinguem as pessoas que gozam o favor de
Deus - aquelas que estão de caminho
para o céu? Ou, de outra forma: qual a
natureza da religião verdadeira? Que tipo de religião pessoal é aprovado por
Deus?
É difícil dar
uma resposta objetiva para esse tipo de questão controversa; mais difícil ainda
escrever objetivamente a respeito. O
mais difícil é ler objetivamente
sobre o assunto! Possivelmente muitos de meus leitores ficarão magoados ao
descobrirem que critiquei muitas emoções e experiências religiosas neste livro.
Por outro lado, talvez, outros fiquem irados quanto ao que defendi e aprovei.
Tentei ser equilibrado. Não é fácil sustentar o que é bom em avivamentos
religiosos, examinando e rejeitando ao mesmo tempo o que é ruim neles. Contudo,
seguramente temos que fazer as duas coisas se quisermos que o reino de Cristo
prospere.
Admito que há
algo muito misterioso no assunto; existe tanta coisa boa misturada com tanta
coisa má na Igreja! É tão misterioso quanto a mescla de bem e mal no cristão
como indivíduo; mas nenhum desses mistérios é novo. Não é novidade o
florescimento de religião falsa em tempo de avivamento, ou o aparecimento de
hipócritas entre os verdadeiros fiéis. Isso ocorreu no grande avivamento no
tempo de Josias, como vemos em Jr 3:10 e 4:3-4. O mesmo se deu nos dias de João
Batista. João despertou toda a Israel por suas pregações, mas a maioria
apostatou pouco depois. João 5:35 - "por um tempo, estão dispostos a se
alegrar em sua luz". O mesmo ocorreu quando o próprio Cristo pregou;
muitos O admiraram por um tempo, mas poucos foram fiéis até o fim. De novo, a
mesma coisa ocorreu quando os apóstolos pregaram, como sabemos pelas heresias e
divisões que perturbaram as igrejas durante o tempo dos apóstolos.
Essa mistura
da religião falsa com a verdadeira tem sido a maior arma de satanás contra a
causa de Cristo. É por isso que devemos aprender
a distinguir entre a religião verdadeira e a falsa - entre emoções e experiências
que realmente advêm da salvação e as imitações que são exteriormente atraentes
e plausíveis, porém falsas.
Deixar de
distinguir entre religião verdadeira e falsa, tem consequências terríveis. Por
exemplo:
(i) Muitos
oferecem adoração falsa a Deus, pensando ser aceitável a Ele, mas que Ele
rejeita.
(ii) Satanás
engana a muitos sobre o estado de suas almas; desse modo arruína-os
eternamente. Em alguns casos, satanás leva as pessoas a pensar que são
extraordinariamente santas, quando na realidade são o pior tipo de hipócritas.
(iii) Satanás
estraga a fé dos verdadeiros crentes; mistura deformações e corrupções à
religião, causando os verdadeiros crentes a se tornarem frios em suas emoções
espirituais. Ele confunde também a outros com grandes dificuldades e tentações.
(iv) Os
inimigos explícitos do cristianismo se animam quando veem a Igreja tão
corrompida e desviada.
(v) Os homens
pecam na ilusão de estarem servindo a Deus; portanto, pecam sem restrições.
(vi) Falso
ensinamento ilude até os amigos do cristianismo a fazerem, sem perceber, o
trabalho de seus inimigos. Destroem o cristianismo com muito mais eficiência
que os inimigos declarados podem fazer, na ilusão de o estarem fazendo progredir.
(vii) Satanás
divide o povo de Cristo e coloca-os uns contra os outros; os cristãos disputam
acaloradamente, como que com zelo espiritual. O cristianismo degenera em
disputas vazias; as partes em disputa correm para lados opostos, até que o caminho
correto, ao meio, fica totalmente negligenciado. Quando os cristãos veem as
terríveis consequências da falsa religião passar por religião verdadeira, suas
mentes ficam perturbadas. Não sabem para onde se voltar nem o que pensar.
Muitos duvidam da existência de qualquer realidade no cristianismo. Heresia,
incredulidade e ateísmo começam a se propagar.
Por essas
razões, é vital que façamos todo o possível para compreender a natureza da
verdadeira religião. Até que o façamos, não podemos esperar que os avivamentos
tenham longa duração, nem podemos esperar muito proveito de nossas discussões e
debates religiosos, uma vez que sequer sabemos sobre o que estamos discutindo. Meu
plano é contribuir o máximo possível para a compreensão da verdadeira religião,
com este livro. Tenciono mostrar a natureza e os sinais da verdadeira obra do
Espírito na conversão de pecadores, como também salientar aquilo que não é uma
verdadeira experiência de salvação. Se tiver sucesso, espero que este livro
ajude a promover o interesse no genuíno cristianismo.
Que Deus
aceite a sinceridade de meus esforços, e que os verdadeiros seguidores do manso
e amoroso Cordeiro de Deus aceitem minha oferta com mentes abertas e com
orações!
Deus nos
abençoe!
Jonathan Edwards (1703-1758).
*Leia o livro “A Genuína Experiência Espiritual” - PES.
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