"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

“RECEBI TUDO E TENHO EM ABUNDÂNCIA”


RECEBI TUDO E TENHO EM ABUNDÂNCIA

“Não que eu procure o donativo, mas o que realmente me interessa é o fruto que aumente o vosso crédito. Recebi tudo e tenho em abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (Fp 4.17,18).

Não que eu procure o donativo. Uma vez mais o apóstolo Paulo repele uma opinião desfavorável que porventura fosse formulada pela cobiça imoderada, para que não presumissem que fosse uma insinuação indireta, como se devessem sozinhos postar-se no lugar de todos, e como se ele abusasse da bondade deles. Por conseguinte, ele declara que não buscara tanto sua vantagem pessoal quanto à deles. “Enquanto recebo de vós”, diz ele, “há em proporção muita vantagem que redunda em vosso favor; pois há tantos artigos que podereis considerar como sendo transferidos para a lista de contas.” O significado desta palavra está conectado com a similitude previamente empregada de troca ou compensação em questões pecuniárias.

Recebi tudo e tenho em abundância. Paulo declara em termos mais explícitos que por ora tem o que é suficiente, e honra a liberalidade deles com um notável testemunho, dizendo que tem em abudância. Indubitavelmente, o que enviaram foi uma soma moderada, mas ele diz que por meio dessa soma moderada ele se saciou. No entanto, é um enaltecimento mais excelente o que ele outorga à dádiva no que segue, quando a chama de um “sacrifício aceitável e apresentado como aroma suave”. Porque, que coisa melhor se pode desejar do que nossos atos de bondade sejam [considerados] ofertas santas que Deus recebe de nossas mãos, e com cuja doce fragrância ele se deleita? Pela mesma razão, Cristo diz: “Sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes” [Mt 25.40].

A semelhança de sacrifícios, contudo, adiciona muita ênfase, pela qual somos ensinados que o exercício do amor que Deus nos impõe não é meramente um benefício conferido ao homem, mas é também um serviço espiritual e sagrado que é prestado a Deus, como lemos na Epístola aos Hebreus: que ele “se agrada com tais sacrifícios” [Hb 13.16]. Ai de nossa indolência! - a qual transparece nisto: que enquanto Deus nos convida com tanta bondade à honra do sacerdócio, e ainda põe sacrifícios em nossas mãos, não obstante não lhe oferecemos sacrifício, e aquelas coisas que foram separadas por oblações santas, não só gastamos com usos mundanos, mas esbanjamo-las impiamente nas contaminações mais sujas. Pois os altares nos quais os sacrifícios de nossos recursos devem ser apresentados são os pobres e os servos de Cristo. Ao negligenciarem estes, alguns esbanjam seus recursos com todo gênero de luxo, outros com deleite gastronômico, outros com vestuário imoderado, outros com casas gigantescas.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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