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quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

“NO TOCANTE A DAR E RECEBER”


“NO TOCANTE A DAR E RECEBER”

“E sabeis também vós, ó filipenses, que, no início do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades” (Fp 4.15,16).

E sabeis também vós. Entendo isto como um acréscimo ao modo de desculpa, visto que com frequência o apóstolo Paulo recebia algo da parte deles, pois se as outras igrejas não cumpriam seu dever, poderia parecer como se ele estivesse ansioso demais em receber. Daí, ao ser claro, ele os elogia; e, elogiando, modestamente desculpa os outros. Nós também, segundo o exemplo do apóstolo, devemos atentar bem para que os santos, vendo-nos tão inclinados a receber de outrem, não tenham boas razões de nos considerar insaciáveis. E sabeis também vós, diz ele. “Não espero que convoquem outra testemunha, porquanto vocês mesmos sabem”. Pois frequentemente sucede que, quando alguém pensa que outros são deficientes no cumprimento dos deveres, essa pessoa é a mais liberal em prestar assistência. Assim a liberalidade de alguns escapa à observação de outros.

No tocante a dar e receber. Paulo faz referência a questões pecuniárias nas quais há duas partes: uma de receber, a outra de dar. É necessário que estas sejam trazidas a uma equidade por compensação mútua. Há uma conta desta natureza pendente entre Paulo e as igrejas. Enquanto Paulo lhes ministrava o evangelho, havia certa obrigação envolvendo-os, em troca, no suprimento do que era necessário para o sustento de sua vida, como ele diz em outro lugar: “Se nós semeamos para vós as coisas espirituais, será muito que de vós colhamos as materiais?” [1Co 9.11]. Daí, se outras igrejas aliviavam as necessidades de Paulo, não lhe estariam dando nada de graça, mas estariam simplesmente pagando sua dívida, pois deveriam reconhecer que lhe estavam endividados pelo evangelho. Entretanto, ele reconhece que este não fora o caso, visto que não haviam depositado nada em sua conta. Que vil ingratidão, e quão inconveniente era tratar com negligência um apóstolo como este, para com o qual bem sabiam estar em obrigação além de seu poder de cumprir! Em contrapartida, quão grande tolerância deste santo homem em suportar a desumanidade deles com tanta mansidão e indulgência, a ponto de não fazer uso de uma palavra cortante sequer para acusá-los!

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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