“ANTES, PROMOVEM DISCUSSÕES”
“Quando eu
estava de viagem, rumo da Macedônia, te roguei permanecesses ainda em Éfeso
para admoestares a certas pessoas, a fim de que não ensinem outra doutrina, nem
se ocupem com fábulas e genealogias sem fim, que, antes, promovem discussões do
que o serviço de Deus, na fé” (1Tm 1.3,4).
Tudo o que não edifica deve ser
rejeitado, ainda que não tenha nenhum outro defeito; e tudo o que só serve para
suscitar controvérsias deve ser duplamente condenado. Tais são todas as
questões sutis nas quais os homens ambiciosos praticam suas habilidades. É
mister que nos lembremos de que todas as doutrinas devem ser comprovadas
mediante esta regra: aquelas que contribuem para a edificação devem ser
aprovadas, mas aquelas que ocasionam motivos para controvérsias infrutíferas
devem ser rejeitadas como indignas da Igreja de Deus. Se este teste houvera
sido aplicado há muitos séculos, então, ainda que a religião viesse a se corromper
por muitos erros, ao menos a arte diabólica das controvérsias ferinas, a qual
recebeu a aprovação da teologia escolástica, não haveria prevalecido em grau
tão elevado. Pois tal teologia outra coisa não é senão contendas e vãs
especulações sem qualquer conteúdo de real valor. Por mais versado um homem seja
nela, mais miserável o devemos considerar. Estou cônscio dos argumentos
plausíveis com que ela é defendida, mas jamais descobrirão que o apóstolo Paulo haja
falado em vão ao condenar aqui tudo quanto é da mesma natureza.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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