“Embraçando
sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do
Maligno” (Ef 6.16).
Embora a fé e
a Palavra de Deus sejam inseparáveis, o apóstolo Paulo lhes designa dois
ofícios. Digo que ambas são inseparáveis, porque a Palavra é o objeto da fé e
não pode ser aplicada para o nosso uso senão pela fé. E, igualmente, a fé nada
é e nada pode fazer sem a Palavra. Paulo, porém, ignorando uma distinção por
demais sutil, permitiu-se falar livremente da armadura militar. Em 1 Tessalonicenses
5.8, ele aplica o nome de armadura tanto a fé quanto ao amor. Daqui faz-se
evidente que ele só queria dizer que aquele que toma posse das virtudes aqui
descritas está verdadeiramente armado de todas as formas.
E no entanto não é sem razão que ele compare à fé e a Palavra de Deus aos principais instrumentos de guerra, ou seja: espada e escudo. No combate espiritual, esses dois mantêm a mais elevada posição. Por meio da fé, repelimos todos os ataques do diabo; e por meio da Palavra de Deus, o próprio inimigo é completamente esmagado. Em outras palavras, se a Palavra de Deus é eficaz em nós mediante a fé, então estaremos mais que suficientemente armados, tanto para repelir quanto para pôr em fuga o inimigo. Portanto, aqueles que tiram de um cristão a Palavra de Deus, porventura não o despojam de sua indispensável armadura, para que pereça sem ter como lutar? Quem pode lutar desarmado e indefeso?
“Os dardos de
Satanás são não só pontiagudos e penetrantes, mas, o que é mais terrível, eles
são ardentes. A fé não só embota seu gume, mas também apaga sua chama mortal”.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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