“OS QUE QUEREM FICAR RICOS”
“Ora, os que
querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências
insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição” (1Tm 6.9).
Havendo
exortado Timóteo a viver contente e a descartar a ansiedade pelas riquezas, o
apóstolo Paulo agora adverte sobre quão perigoso pode tornar-se um
incontrolável anelo por elas, especialmente nos ministros da Igreja, os quais
constituem a principal preocupação do apóstolo aqui. Não são as riquezas em si
a causa dos males que Paulo menciona aqui, mas o profundo apego a elas, mesmo
quando a pessoa seja pobre. E aqui ele descreve não só o que geralmente sucede,
mas o que quase sempre inevitavelmente sucede. Pois todos quantos têm como seu ambicioso
alvo a aquisição de riquezas se entregam ao cativeiro do diabo. É mui veraz o
que diz o poeta pagão: “Aquele que quer ser rico, também quer ser rapidamente rico”. E assim, segue-se que
todos quantos violentamente desejam ficar ricos são arrebatados por sua própria
impetuosidade. Essa é a fonte de sua loucura, ou, melhor, desses loucos
impulsos que por fim os mergulharão na ruína. Esse é um mal universal, mas ele
se revela muito mais conspicuamente nos pastores da Igreja, pois a avidez os
irrita tanto que não se deterão diante de nada, por mais disparatado que seja,
tão logo o brilho da prata ou do ouro ofusque seus olhos.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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