“TODA A ESCRITURA É INSPIRADA POR DEUS”
“Toda a
Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a
correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja
perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra” (2Tm 3.16,17).
Toda a
Escritura ou a totalidade da Escritura. O apóstolo Paulo agora explica mais
plenamente sua breve recomendação. Primeiro, recomenda a Escritura por causa da
sua autoridade; e, a seguir, por causa do benefício que dela advém. Para
asseverar sua autoridade, ele ensina que ela é inspirada por Deus. Porque, se
esse é o caso, então fica além de toda e qualquer dúvida que os homens devem
recebê-la com reverência. Eis aqui o princípio que distingue nossa religião de
todas as demais, ou seja: sabemos que Deus nos falou e estamos plenamente
convencidos de que os profetas não falaram de si próprios, mas que, como órgãos
do Espírito Santo, pronunciaram somente aquilo para o qual foram do céu
comissionados a declarar. Todos quantos desejam beneficiar-se das Escrituras
devem antes aceitar isto como um princípio estabelecido, a saber: que a lei e
os profetas não são ensinos passados adiante ao bel-prazer dos homens ou
produzidos pelas mentes humanas como sua fonte, senão que foram movidos pelo
Espírito Santo.
Se alguém
objetar e perguntar como é possível saber que foi assim, minha resposta é a
seguinte: é pela revelação do mesmo Espírito que Deus se tem feito conhecer
como seu Autor, tanto aos discípulos quanto aos mestres. Moisés e os profetas
não pronunciaram precipitadamente e ao acaso o que deles temos recebido, senão
que, falando pelo impulso de Deus, ousada e destemidamente testificaram a
verdade de que era a boca do Senhor que falava através deles. O mesmo Espírito
que deu a certeza a Moisés e aos profetas de sua vocação, também agora
testifica aos nossos corações de que ele tem feito uso deles como ministros
através de quem somos instruídos, E assim não é de estranhar que muitos ponham
em dúvida a autoridade da Escritura. Pois ainda que a majestade divina esteja
exibida nela, somente aqueles que têm sido iluminados pelo Espírito Santo
possuem olhos para ver o que deveria ser óbvio a todos, mas que, na verdade, é
visível somente aos eleitos. Eis o significado da primeira cláusula, a saber:
que devemos à Escritura a mesma reverência devida a Deus, já que ela tem nele a
única fonte, e não existe nenhuma origem humana misturada nela. “Nenhuma
profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca jamais
qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens [santos]
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo (2Pe 1.20,21).
Deus nos abençoe!
João Calvino
(1509-1564).
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