"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



segunda-feira, 9 de outubro de 2023

“TAMBÉM NOS GLORIAMOS EM NOSSAS TRIBULAÇÕES”


“TAMBÉM NOS GLORIAMOS EM NOSSAS TRIBULAÇÕES”

“E não somente isto, mas também nos gloriamos em nossas tribulações, sabendo que a tribulação produz a paciência” (Rm 5.3).

O apóstolo Paulo antecipa possíveis escárnios dirigidos aos cristãos que, devido à sua exultação, são inusitadamente molestados e afligidos nesta vida, parecendo que longe estão de uma condição abençoada. Ele declara que suas calamidades, longe de impedirem sua felicidade, até mesmo promovem sua glória. Com o fim de provar sua tese, ele argumenta a partir dos efeitos. Emprega um admirável clímax, no qual, finalmente conclui que todas as aflições que sofremos contribuem para nossa salvação e felicidade última.

A afirmação de que os santos se gloriam em suas tribulações não deve ser entendida como se não temessem nem fugissem da adversidade, ou não sentissem a dor das aflições e amarguras quando elas lhes ocorrem (pois a paciência não resultaria de suas dificuldades, caso não vivessem conscientes de suas amarguras). Entretanto, o apóstolo diz corretamente que eles se gloriam, visto que em sua tristeza e dor são profusamente consolados pela antevisão de que todos os seus sofrimentos são-lhes destinados para que se transformem num grande bem pelas mãos do mais indulgente de todos os pais - o Pai celestial. Os crentes têm sempre suficientes razões para se gloriarem quando sua salvação é promovida.

Daqui aprendemos, pois, qual é propósito de nossas tribulações, se porventura almejamos mostrar que somos filhos de Deus. Estes devem exercitar-se na paciência, do contrário nossa depravação tornaria a obra do Senhor vazia e ineficiente. Como prova de que a adversidade não constitui obstáculo para a glorificação dos crentes, Paulo evoca o fato de que eles experimentam o socorro divino, o qual nutre e confirma sua esperança, quando pacientemente suportam adversidades. É verdade, pois, que aqueles que não aprendem a paciência também não fazem bom progresso. Não há contradição quando a Escritura registra as murmurações dos santos quando dominados pelo desespero. Em tais ocasiões o Senhor acossa e esmaga o seu povo de tal modo que, por algum tempo, mal lhes permite respirar ou lembrar-se da sua fonte de consolação. Porém, de repente ele restaura à vida aqueles a quem quase submergira nas densas trevas da morte. Então a afirmação de Paulo é sempre cumprida neles: “Em tudo somos atribulados; porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados, perseguidos, porém não desamparados, abatidos, porém não destruídos (2Co 4.8,9).

A tribulação produz a paciência. Este não é o efeito natural da tribulação, a qual, como vemos, leva uma grande porção do gênero humano a murmurar contra Deus, e até mesmo a amaldiçoá-lo. Mas quando aquela submissão interior que é infundida pelo Espírito de Deus; e aquela consolação que é comunicada pelo mesmo Espírito, assume o lugar de nossa obstinação, então as tribulações, as quais, na teimosia, só podem produzir indignação e descontentamento, tornam-se meios de gerar a paciência.

 Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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