“VIVAMOS OU MORRAMOS, SOMOS DO SENHOR”
“Porque nenhum de nós vive para si mesmo, nem morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14.7,8).
Não é
necessário que fiquemos surpresos pelo fato de as ações pessoais de nossa vida
devam estar relacionadas com o Senhor, visto que a vida mesma deve ser
totalmente devotada à sua glória. A vida de um cristão só está propriamente
ordenada quando ela visa à vontade divina como seu objetivo máximo. Mas se
todas as nossas ações não se acham relacionadas com sua vontade, é
completamente errôneo evitar fazer algo que consideramos desagradá-lo, quando,
deveras, o que somos não nos convence de que o agradamos.
Se vivemos, para
o Senhor vivemos. Isto, aqui, não tem o mesmo sentido de Romanos 6.11, ou seja:
vivos para Deus em Cristo Jesus, por meio
de seu Espírito, mas significa ser conformado à sua vontade e prazer, bem como
para ordenar todas as coisas para sua glória. Nem devemos somente viver para o
Senhor, mas também morrer para o Senhor, ou seja: tanto nossa morte quanto
nossa vida devem ser entregues à sua vontade. O apóstolo Paulo nos apresenta a melhor
das razões para isto, ou seja: quer, pois, vivamos quer morramos, somos do Senhor.
Deduz-se daqui que Deus detém o poder sobre nossa vida e nossa morte. A
aplicabilidade desta doutrina é muitíssimo ampla. Deus reivindica tal poder
sobre a vida e a morte, para que cada um de nós suporte sua própria condição na
vida como um jugo a ele imposto por Deus. É precisamente para isso que Deus designa
a cada pessoa sua posição e curso na vida. E assim somos não só proibidos de
tentar fazer algo precipitadamente, sem uma ordem expressa de Deus, mas somos
também convocados a exercer paciência em todo sofrimento e perda. Se, pois, de
vez em quando a carne se desvencilha diante da adversidade, lembremo-nos de que
aquele que não é livre para dispor de si mesmo perverte a lei e a ordem se
porventura não depende da vontade de seu Senhor. Assim também descobrimos a
regra pela qual aprendemos a viver e a morrer, ou seja: se ele fortalece nossa
vida em meio a contínua luta e desfalecimento, não devemos ansiar pela morte
antes do tempo. Contudo, se porventura de súbito nos chama no vigor de nossa
vida, então que estejamos sempre prontos para nossa partida.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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