“ALEGRA-SE, POIS, O MEU CORAÇÃO”
“Alegra-se, pois, o meu coração, e o meu
espírito exulta; até o meu corpo repousará seguro” (Sl 16.9).
Neste
versículo, o salmista Davi enaltece o inestimável fruto da fé, do qual a
Escritura por toda parte faz menção, em que, ao colocar-nos sob a proteção de
Deus, ela nos faz não só vivermos no desfruto da tranquilidade mental, mas, o
que é melhor, a vivermos uma vida de paz e triunfante regozijo. A parte
principal e essencial de uma vida feliz, como bem sabemos, consiste em
possuirmos tranquilidade de consciência e de mente; enquanto que, ao contrário,
não há maior infelicidade do que ser agitado em meio a uma infinidade de preocupações
e temores.
Mas os ímpios,
por mais intoxicados estejam com o espírito de precipitação e estupidez, jamais
experimentam genuína alegria ou serena paz mental; ao contrário, sentem
terrível agitação interior, que os surpreende e os atribula, tanto que os constrange
a acordarem de sua letargia. Em suma, o sereno regozijo não é a porção de
nenhum outro, senão daquele que aprendeu a pôr sua confiança unicamente em
Deus, bem como a confiar sua vida e sua segurança à proteção dele. Quando, pois,
nos virmos cercados de todos os lados por inumeráveis dificuldades, sintamo-nos
persuadidos de que o único remédio é dirigirmos nossos olhos para Deus; e se
agirmos assim, a fé não só tranquilizará nossas mentes, mas também as encherá da
plenitude de alegria. E não é sem motivo, porque os verdadeiros crentes não só
possuem essa alegria espiritual na afeição secreta de seu coração, mas também
ela se manifesta através do espírito, visto que se gloriam em Deus como Aquele
que os protege e lhes assegura a salvação.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
Nenhum comentário:
Postar um comentário