"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



domingo, 1 de setembro de 2024

“NA TUA PRESENÇA HÁ PLENITUDE DE ALEGRIA”



“NA TUA PRESENÇA HÁ PLENITUDE DE ALEGRIA”

“Tu me farás ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl 16.11).

O salmista Davi confirma a afirmação feita no versículo 10, e explica o modo como Deus o isentará da escravidão da morte, ou seja, conduzindo-o e trazendo-o finalmente a salvo à posse da vida eterna. Desse fato uma vez mais aprendemos o que já observei, ou seja, que esta passagem toca na diferença que há entre os verdadeiros crentes e os forasteiros ou réprobos, com respeito ao seu estado eterno. É mero discurso enganoso dizer que, quando Davi, aqui, fala de a vereda da vida lhe sendo mostrada, significa o prolongamento de sua vida natural. Aliás, falar de Deus como guia de seu povo na vereda da vida apenas por uns poucos anos neste mundo é uma forma muito pobre de avaliar sua graça. Nesse caso, eles não difeririam em nada dos réprobos, os quais desfrutam da luz do sol da mesmíssima forma que eles [os santos], Se, pois, é a graça especial de Deus não comunicar o conhecimento da vereda da vida, da qual ele fala, a ninguém mais, senão a seus próprios filhos, a quem Davi aqui magnifica e exalta, então indubitavelmente ela deve ser vista como que se estendendo também à bendita imortalidade; e de fato só conhece a vereda da vida aquele que está unido a Deus e que vive em Deus, e não pode viver sem ele.

A seguir Davi acrescenta que, quando Deus se reconcilia conosco, temos todas as coisas que nos são necessárias para a perfeita felicidade. A frase, na tua presença, pode ser entendida ou de sermos vistos por Deus ou de ele ser visto por nós. Quanto a mim, porém, considero ambas as ideias como inclusas reciprocamente, pois seu favor paternal, o qual ele exibe olhando para nós com um semblante sereno, precede essa alegria, e é a causa primeira dela, e no entanto isso ainda não nos alegra, de nossa parte, até que o vejamos resplandecente sobre nós. Com essa cláusula Davi pretendia também distintamente expressar a quem tais delícias pertencem, dos quais Deus tem em sua mão uma plena e superabundante plenitude. Visto que com Deus há prazeres suficientes para reabastecer e satisfazer o mundo inteiro, donde procede toda a escuridão sinistra e mortal que envolve a maior parte da humanidade, senão porque Deus não olha para todos os homens igualmente com seu semblante amigo e paterno, nem abre os olhos de todos os homens para que busquem a essência de sua alegria nele, e em nenhum outro?

Plenitude de alegria é contrastada com fascinações e prazeres evanescentes deste mundo transitório, o qual, depois de ter divertido seus miseráveis adeptos por algum tempo, por fim os deixa insatisfeitos, famintos e decepcionados. Podem intoxicar-se e empanturrar-se de prazeres até à máxima saciedade, mas, em vez de se sentirem satisfeitos, ao contrário se tornam cansados deles com profunda repugnância. Além disso, os prazeres deste mundo se desvanecem como sonhos. Davi, pois, testifica que a verdadeira e sólida alegria, na qual as mentes dos homens podem repousar, jamais será encontrada em alguma outra parte senão em Deus. Portanto, ninguém mais além dos fiéis, que vivem contentes só com a graça divina, podem viver real e perfeitamente felizes.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
*Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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