"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



terça-feira, 3 de setembro de 2024

“QUANTO AOS SANTOS QUE ESTÃO NA TERRA”

 


“QUANTO AOS SANTOS QUE ESTÃO NA TERRA”

Quanto aos santos que estão na terra, e os excelentes, neles está todo o meu deleite” (Sl 16.3).

Quase todos concordam em tomar esse lugar como se Davi, depois da frase que estivemos justamente considerando, acrescentasse: A única forma de servir a Deus corretamente é sem demora fazendo o bem a seus santos servos. E a verdade é que Deus, já que nossas boas ações não chegam a ele, coloca os santos em seu lugar, em favor de quem devemos exercer nossa caridade. Quando os homens, pois, mutuamente se esforçam em fazer o bem uns aos outros, isso equivale a dedicar a Deus um serviço justo e aceitável. Sem dúvida, devemos estender nossa caridade mesmo aos que dela são indignos, precisamente como nosso Pai celestial “faz seu sol nascer sobre os maus e os bons” [Mt 5.45]. Davi, porém, com razão prefere os santos a quaisquer outros, e os coloca numa categoria mais proeminente. Essa, pois, como me expressei no início, é a opinião comum de quase todos os intérpretes. Mas ainda que eu não negue que esta doutrina esta compreendida nas palavras de Davi, creio que eu avanço um tanto mais, e afirmo que ele se unirá com os devotos adoradores de Deus, os quais são seus associados e companheiros, ainda quando todos os filhos de Deus devam estar unidos pelos laços da união fraternal, a fim de que todos sejam qualificados a servir e a invocar a seu Pai comum com a mesma afeição e zelo. E assim vemos que Davi, depois de ter confessado que não podia encontrar nada em si para oferecer a Deus, visto estar endividado para com ele por tudo quanto possuía, deposita sua afeição nos santos, porquanto é a vontade de Deus que, neste mundo, seja ele magnificado e exaltado na assembleia dos justos, aos quais ele adotou em sua família com esse propósito, ou seja, para que vivam unidos em comum acordo sob sua autoridade e sob as diretrizes do Espírito Santo.

Esta passagem, pois, nos ensina que não há sacrifício mais aceitável a Deus do que quando sincera e honestamente nos unimos à sociedade dos justos e nos entrelaçamos pelos sagrados laços da piedade, cultivando e mantendo com eles a boa vontade fraternal. Nisso consiste a comunhão dos santos, a qual os separa das degradantes poluições do mundo, a fim de que sejam o povo santo e peculiar de Deus. Ele expressamente fala de os santos que estão na terra, visto que é a vontade de Deus que, mesmo neste mundo, haja aquelas claras marcas - como se fossem brasões visíveis - de sua glória, as quais sirvam para conduzir-nos a ele. Os fiéis, pois, levam sua imagem para que, mediante seu exemplo, sejam incitados à meditação sobre a vida celestial. Pela mesma razão, o salmista os chama, excelentes, ou nobres, porquanto não deve haver nada mais precioso para nós do que a justiça e a santidade, nas quais resplandece a glória do Espírito de Deus; precisamente como somos concitados no Salmo anterior a dar valor e prestigiar aos que temem a Deus.

Devemos, pois, valorizar e apreciar de forma sublime os genuínos e devotados servos de Deus, e não considerar nada mais importante do que nossa participação de sua sociedade. E isso realmente faremos se sabiamente refletirmos sobre em que consiste a genuína excelência e dignidade e não permitir que o vão esplendor do mundo e suas pompas ilusórias ofusquem nossos olhos.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
*Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário