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terça-feira, 24 de setembro de 2024

“NÃO ME ESCONDAS, SENHOR, A TUA FACE”


“NÃO ME ESCONDAS, SENHOR, A TUA FACE”

“Não me escondas, SENHOR, a tua face,  não rejeites com ira o teu servo;  tu és o meu auxílio,  não me recuses, nem me desampares, ó Deus da minha salvação” (Sl 27.9).

O salmista Davi elegantemente prossegue na mesma forma de linguagem, mas com um significado diferente. A face de Deus é agora empregada para descrever os efeitos sensíveis de sua graça e favor; como se houvesse dito: Senhor, faz-me realmente experimentar que estás sempre perto de mim e me permites claramente contemplar teu poder em me salvar. Que observemos bem a distinção entre o conhecimento teórico derivado da Palavra de Deus e o que é denominado de conhecimento experimental de sua graça. Pois visto como Deus se revela presente em ação (como costuma-se dizer), ele deve ser primeiramente buscado em sua Palavra. A cláusula que se segue: não rejeites com ira o teu servo, alguns intérpretes judeus apresentam uma forma muito forçada, ou seja: Não permitas que teu servo seja imerso nas ímpias preocupações deste mundo, as quais nada são senão ira e loucura. Eu, contudo, prefiro traduzir o termo hebraico como muitos o traduzem, a saber: voltar-se de, ou afastar-se. Seu significado é mais provável interpretado assim: Não deixes teu servo inclinar-se para a ira. Quando uma pessoa é completamente abandonada por Deus, ela não pode fazer nada além de ser agitada em seu íntimo por pensamentos murmurantes, irrompendo-se em manifestações de desprazer e ira. Se alguém porventura concluir que Davi agora antecipa esta tentação, não objeto, pois não era sem razão que ele se visse acometido de impaciência, a qual nos enfraquece e nos faz ir além dos limites da razão. Quanto a mim, porém, sigo a primeira explicação, confirmada pelas duas palavras que se seguem; e assim o termo ira introduz uma tácita confissão de pecado; porque, embora Davi reconheça que Deus poderia, com razão, deixá-lo cair, ele deplora sua ira. Além do mais, ao recordar dos primeiros favores de Deus, ele se anima na esperança de receber mais, e com este argumento convence a Deus a continuar com seu auxílio e a não deixar sua obra incompleta.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.  

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