“CHEIOS DO FRUTO DE JUSTIÇA”
“Cheios do
fruto de justiça, o qual é mediante Jesus Cristo, para a glória e louvor de
Deus.” (Fp 1.11).
Cheios do
fruto de justiça. Isto pertence agora à vida
exterior, pois uma boa consciência produz seus frutos por meio de obras. Daí Paulo desejar que fossem frutíferos em boas obras para a glória de Deus. Tais
frutos, diz ele, provêm de Cristo, porque emanam da graça de Cristo. Pois o
princípio de nossas boas obras está na santificação oriunda de seu Espírito,
porquanto ele repousou sobre [Cristo], para que todos recebamos de sua
plenitude [Jo 1.16]. E, como Paulo aqui deriva das
árvores uma similitude, somos oliveiras silvestres [Rm 11.24], e
improdutivas, até que sejamos enxertados em Cristo, o qual, por sua raiz viva,
nos faz árvores produtivas, em conformidade com aquele dito: “Eu sou a videira,
vós os ramos” [Jo 15.1]. Ao mesmo tempo, ele mostra o propósito: para que
promovamos a glória de Deus. Pois nenhuma vida é tão excelente em aparência que
não seja corrompida e ofensiva aos olhos de Deus, se não for direcionada para
este objetivo.
O apóstolo Paulo aqui fala de obras sob o termo justiça, a
qual de modo algum é inconsistente com a justiça gratuita da fé. Pois imediatamente
se segue que há justiça onde quer que haja os frutos da justiça, visto não
haver justiça aos olhos de Deus, a menos que haja uma plena e completa obediência
à lei, a qual não é encontrada em nenhum dos santos, ainda que, não obstante,
produzam, em conformidade com sua medida, os bons e deleitosos frutos da justiça;
e é por esta razão que, quando Deus começa a justiça em nós, mediante a
regeneração do Espírito, o que fica faltando é amplamente suprido pela remissão
dos pecados, de maneira tal que toda a justiça, não obstante, dependa da fé.
Deus nos abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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