"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



domingo, 23 de março de 2025

“NÃO ANDEIS ANSIOSOS POR COISA ALGUMA”


“NÃO ANDEIS ANSIOSOS POR COISA ALGUMA”

“Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes, em tudo sejam vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará vossos corações e vossos pensamentos em Cristo Jesus” (Fp 4.6,7).

Com estas palavras, o apóstolo Paulo exorta os filipenses, como faz Pedro [1Pe 5.7], a “lançar sobre o Senhor toda ansiedade”. Porquanto nossa estrutura não é de ferro para que não possa ser abalada por provações. Mas esta é nossa consolação, este é nosso refrigério - depositar ou (para dizer com mais propriedade) descarregar no seio de Deus tudo o que nos afadiga. É verdade que a confiança produz tranquilidade em nossas mentes, mas só quando pomos em prática o exercício de orações. Portanto, sempre que formos atingidos por qualquer provação ou tentação, recorramos sem delonga à oração, como nosso santo abrigo.

Paulo aqui emprega o termo “pedido” para denotar desejos ou aspirações. Ele quer que se façamos estes conhecidos de Deus por meio da oração e súplica, como se os crentes derramassem seus corações diante de Deus, ao confiarem-lhe a si próprios e também tudo o que possuem. Com efeito, todos os que olham em várias direções em busca dos insignificantes confortos do mundo podem, até certo ponto, parecer aliviados; mas só existe um refúgio seguro - descansar no Senhor.

Com ações de graças. Quão repetidamente oramos a Deus erroneamente, saturados de queixas ou de murmurações, como se tivéssemos apenas motivo para acusá-lo, enquanto que em outras orações não toleramos demora, caso ele não satisfaça imediatamente nossos desejos. Paulo, por essa conta, anexa ações de graças às orações. É como se ele quisesse dizer que devemos desejar aquelas coisas que nos são necessárias da parte do Senhor de tal maneira que, não obstante, sujeitemos nossas aflições ao seu beneplácito e demos graças enquanto apresentamos nossas petições. E, inquestionavelmente, a gratidão terá sobre nós este efeito - que a vontade de Deus será a grande soma de nossos desejos.

E a paz de Deus. Temos aqui uma promessa em que o apóstolo realça a vantagem de uma sólida confiança em Deus e invocação a ele. “Se fizerdes isso”, diz ele, “a paz de Deus guardará vossas mentes e corações”. A Escritura costuma dividir a alma do homem, quanto às suas fragilidades, em duas partes: a mente e o coração. A mente significa o entendimento; enquanto que o coração denota todas as disposições ou inclinações. Estes dois termos, pois, incluem a totalidade da alma, neste sentido: “A paz de Deus vos guardará a ponto de impedir que volteis as costas para Deus com pensamentos ou desejos perversos.”

É com boa razão que Paulo chame isto de a paz de Deus, visto que ela não depende do presente aspecto das coisas nem pende conforme as várias oscilações do mundo, porém se fundamenta na sólida e imutável palavra de Deus. É sobre essas bases também que ele fala dela como algo que excede todo entendimento ou percepção, pois nada é mais estranho à mente humana do que, nas profundezas do desespero, não obstante exercitarmos o senso de esperança; nas profundezas da pobreza, vermos opulência; e nas profundezas da fraqueza, não nos permitirmos recuar; e, por fim, prometermos a nós mesmos que nada nos faltará, quando destituídos de todas as coisas, e tudo isto tão-somente na graça de Deus, a qual não se manifesta, senão através da palavra e da convicção interna do Espírito.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Agradecemos sua oferta (Pix 083.620.762-91).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário. 

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