Cuidando de nós Mesmos (4)
“Procura apresentar-te a Deus aprovado...” (2Tm 2.15).
Consideremos o que é olhar por nós mesmos. Vejamos o que
devemos fazer. Empenhemos também os nossos corações nessa tarefa, à medida que
a compreendamos.
4) O perigo da incoerência moral
Olhem
por si mesmos para não virem a ser exemplos de doutrina contraditória. Cuidado,
para que não venham a colocar pedras de tropeço na frente dos cegos e ocasionar
a sua ruína. Cuidado, para não desfazerem com suas vidas o que dizem com suas
línguas. Cuidado, para não se tornarem, vocês mesmos, o maior obstáculo ao
sucesso dos seus trabalhos.
Dificulta
muito o nosso trabalho quando outros homens contradizem na vida particular o
que lhes declaramos publicamente acerca da Palavra de Deus. Acontece isso porque
não estamos lá para contradizê-los e demonstrar a sua loucura. Mas será muito
mais prejudicial ao nosso trabalho se contradissermos a nós mesmos. Se as
nossas ações se tornam uma mentira para as nossas línguas, o que podemos
edificar em uma ou duas horas de discurso, poderemos destruir numa semana com
as nossas mãos. É deste modo que se faz com que os homens achem que a Palavra
de Deus não passa de um conto ocioso e que a pregação não pareça melhor do que
qualquer tagarelice. Ora, aquele que de fato põe sentido no que fala,
certamente age de acordo com o que fala.
Assim
é que uma palavra arrogante, grosseira, insolente, ou uma discussão
desnecessária, ou um ato de cobiça, pode cortar a garganta de muitos sermões.
Digam-me,
irmãos, no temor de Deus, vocês têm consideração pelo bom êxito dos seus
trabalhos, ou não? Vocês esperam vê-los causar efeito nas almas dos seus ouvintes?
Se não, por que pregam? Para que estudam? Por que se denominam ministros de
Cristo? Mas se têm essa consideração e essa esperança, certamente não poderão
achar dentro dos seus corações o desejo de prejudicar o seu trabalho com alguma
coisa indigna.
É
um erro patente aos olhos de todos o daqueles ministros da Igreja que abrem
grande abismo entre a sua pregação e o seu viver. Eles estudam arduamente para pregar com exatidão, e, todavia, estudam pouco ou nada para viver com
exatidão. A semana inteira é curta para preparar-se para falar duas
horas; e, contudo, uma hora parece tempo demais para preparar-se para
viver uma semana. Causa-lhes repulsa a má colocação de um vocábulo em seus
sermões; mas não se preocupam nem um pouco em colocar mal os sentimentos, as
palavras e as ações no transcurso das suas vidas. Ah, que pregações nobres e
interessantes tenho ouvido de alguns homens, e quão relaxadamente os tenho
visto viver!
Assim,
irmãos, certamente nos sobram razões para termos cuidado com o que fazemos, bem
como com o que dizemos. Se somos servos de Cristo, não devemos ser somente
oradores, mas também devemos servi-Lo com os nossos feitos. Aquele que for
"fazedor da obra" será bem-aventurado no seu feito" (Tg 1.25).
Como esperamos que os que nos ouvem sejam "cumpridores da palavra, e
não somente ouvintes", assim também nós devemos ser cumpridores, e não
somente oradores, para que não nos enganemos a nós mesmos (Tg 1.22).
Uma
doutrina prática deve ser pregada praticamente. Devemos preparar-nos tão
arduamente para viver bem, como para pregar bem. Devemos pensar e repensar como
compor as nossas vidas (bem como os nossos sermões), para usarmos a melhor
maneira de levar os homens à salvação.
Se
a sua finalidade for a de salvar almas, irmãos, certamente vocês procurarão
atentar para esse objetivo fora do púlpito como nele. Se esta for a sua
finalidade, vocês viverão por ela e farão tudo que puderem para alcançá-la. Amém!
Richard Baxter (1615-1691).
*"O Pastor Aprovado", Editora PES.
*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba/PR.
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.
(41)3242-1115
Nenhum comentário:
Postar um comentário