“LOUVAI AO SENHOR DA TERRA”
“Louvai ao SENHOR da terra, monstros
marinhos e abismos todos; fogo e saraiva, neve e vapor e ventos procelosos que lhe
executam a palavra; montes e todos os outeiros, árvores frutíferas e todos os cedros; feras e gados, répteis e voláteis”
(Sl 148.7-10).
Louvai ao
SENHOR da terra. Em seguida, o salmista desce às partes inferiores do mundo.
Embora, ao mesmo tempo, evite a ordem exata, ele mistura aquelas coisas que são
produzidas na atmosfera - relâmpagos, neve, gelo e ventos tempestuosos. Esses
deviam ter sido colocados na classe anterior, mas ele se refere à apreensão
comum dos homens. O escopo de tudo é que, aonde quer que volvamos nossos olhos,
nos deparamos com evidências do poder de Deus. Em primeiro lugar, ele fala
sobre as baleias, pois, ao mencionar logo em seguida os abismos ou
profundezas, não tenho dúvida de que ele tinha em mente os peixes do
mar, tais como as baleias. É razoável pensarmos que assuntos pelos quais louvar
a Deus deveriam ser extraídos do mar, que contém tantas maravilhas. Em seguida,
ele fala sobre a saraiva, nevascas e tempestades, que, conforme
ele disse, cumprem a Palavra de Deus; pois não é como resultado do acaso
que os céus se cobrem de nuvens, ou que uma única gota de chuva cai das nuvens,
ou que os trovões ecoam. Todas essas mudanças dependem da vontade secreta de
Deus: se Ele mostrará a sua bondade aos filhos dos homens por regar a terra ou
punirá os pecados deles por meio da tempestade, da saraiva ou outras calamidades.
A passagem contém instrução de vários tipos, como, por exemplo, a de que, ao pairar
a morte, por mais ressequida que esteja a terra devido ao calor insistente,
Deus pode enviar imediatamente a chuva que removerá a seca de acordo com o seu
prazer. Se, por outro lado, devido às chuvas incessantes, a semente apodrece no
solo ou as colheitas não atingem a maturidade, devemos orar por um tempo
saudável. Se o trovão nos deixa alarmados, somos ensinados a orar a Deus, pois,
sendo Ele que em sua ira envia o trovão, pode igualmente acalmar todos os
elementos que se acham em convulsão. E não devemos adotar o ponto de vista mesquinho
acerca desta verdade advogado por homens irreligiosos, o ponto de vista de que
as coisas, na natureza, se movem tão-somente de conformidade com as leis
impressas nelas desde o princípio, enquanto Deus vive em ociosidade. Pelo
contrário, devemos sustentar com firmeza que Deus vela por suas criaturas e que
nada pode ocorrer sem a disposição dEle, como já vimos, em Salmos 104.4, que Ele
faz de seus anjos ventos e de seus “ministros, labaredas de fogo”.
Deus nos
abençoe!
João Calvino (1509-1564).
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