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terça-feira, 1 de outubro de 2024

“LOUVAI-O, SOL E LUA”


“LOUVAI-O, SOL E LUA” 

“Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes. Louvai-o, céus dos céus e as águas que estão acima do firmamento” (Sl 148.3,4).

Esta passagem não sustenta o sonho de Platão, de que as estrelas são superiores em senso e inteligência. Tampouco o salmista lhes dá o mesmo lugar que acabara de assinalar aos anjos. Apenas sugere que a glória de Deus é contemplada em toda parte, como se o sol e a lua entoassem os louvores de Deus com voz audível. Aqui, o salmista reprova indiretamente a ingratidão do homem, pois todos que ouvem esta sinfonia devem atentar imediatamente às obras de Deus. O sol, por meio de sua luz e calor, bem como outros efeitos maravilhosos, não louva o seu Criador? As estrelas, quando percorrem o seu curso e adornam os céus, provendo luz à terra, não ecoam os louvores de Deus? Mas, visto que somos surdos e insensíveis, o salmista convoca os astros como testemunhas, para reprovar nossa indolência. Ao designar céus dos céus, ele quis dizer as esferas. Os eclipses e outros fenômenos de nossa observação revelam claramente que as estrelas fixas se acham acima dos planetas e que os próprios planetas estão situados em órbitas diferentes. O salmista enaltece a excelência desse esquema, falando expressamente dos céus dos céus, não como se houvesse mais do que um céu, e sim para enaltecer a sabedoria inigualável que Deus tem demonstrado em criar os céus, pois o sol, a lua e as estrelas não subsistem confusamente; cada uma delas tem a sua própria posição e atividade que lhe foram prescritas, e seus cursos múltiplos são todos bem regulados.

Visto que sob a designação os céus ele inclui a atmosfera ou, pelo menos, todo o espaço na região intermediária da atmosfera acima, ele chama as chuvas de as águas acima dos céus. Não há fundamento para a conjectura elaborada por alguns de que há águas depositadas acima dos quatro elementos. E, quando o salmista fala sobre essas águas acima dos céus, é evidente que está pensando na descida da chuva. Imaginar que existe um oceano suspenso nos céus, no qual as águas são permanentemente depositadas, equivale a apegar-se estritamente demais à letra das palavras empregadas. Sabemos que Moisés e os Profetas falam ordinariamente num estilo popular, adaptado à apreensão inferior. Seria absurdo tentar reduzir o que dizem às normas da filosofia; como, por exemplo, nesta passagem, o salmista nota o maravilhoso fato de que Deus mantém as águas suspensas na atmosfera, porque parece contrário à natureza que estejam acima das montanhas e que, embora sejam fluidos, pendam no espaço vazio. De acordo com isso, lemos em outra passagem que são mantidas ali como que encerradas em reservatórios [SI 33.7]. O salmista emprestou de Moisés a forma de expressão que diz: “Haja firmamento no meio das águas e separação entre águas e águas” [Gn 1.6].

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.  

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