"SER CRISTÃO É TER MENTE E CORAÇÃO DE CRISTO".



quarta-feira, 23 de outubro de 2024

“NÃO TORNOU DEUS LOUCA A SABEDORIA DO MUNDO?”


“NÃO TORNOU DEUS LOUCA A SABEDORIA DO MUNDO?”

“Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde, o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do mundo?” (1Co 1.20).

Por sabedoria, o apóstolo Paulo quer dizer, aqui, tudo quanto o homem pode compreender, não só por sua própria habilidade mental e natural, mas também pelo auxílio da experiência, escolaridade e conhecimento das artes. Pois ele contrasta sabedoria do mundo com a sabedoria do Espírito. Segue-se que, qualquer conhecimento que uma pessoa venha a possuir, sem a iluminação do Espírito Santo, está incluído na sabedoria deste mundo. Ele afirma que Deus tornou ridículo tudo isso, ou o condenou como loucura. Devemos entender que isso é feito de duas maneiras. Pois qualquer conhecimento ou entendimento que uma pessoa possua não tem o menor valor se não repousar na verdadeira sabedoria; e não é de mais valor apreender o ensino do que os olhos de um cego para distinguir as cores. Deve-se prestar cuidadosa atenção a ambas as questões, ou seja: (1) que o conhecimento de todas as ciências não passa de fumaça quando separada da ciência celestial de Cristo; e (2) que o homem, com toda a sua astúcia, é tão estúpido para entender por si mesmo os mistérios de Deus, como o asno é incapaz de entender a harmonia musical. Paulo mostra a disposição para o orgulho devorador daqueles que se gloriam na sabedoria deste mundo, de modo a desprezarem Cristo e toda a instrução relativa à salvação, imaginando que são felizes se aderirem às coisas deste mundo. Também se referia à arrogância daqueles que, confiando em sua própria capacidade, procuram adentrar o céu.

Responde-se, ao mesmo tempo, à indagação como pode Paulo lançar por terra, desta forma, todo gênero de conhecimento que existe fora de Cristo, e calcar aos pés, por assim dizer, o que se sabe ser o principal dom de Deus neste mundo. Pois, o que é mais nobre do que a razão humana, por meio da qual nos situamos muito acima de todos os animais? Quão sumamente merecedoras de honra são as ciências liberais, as quais refinam o homem de tal forma que o fazem verdadeiramente humanos! Além disso, que imenso número de excelentes produtos elas produzem! Quem não atribuiria o mais excelente encômio à habilidade estadista, por meio da qual estados, impérios e reinos são mantidos? - para não dizer nada mais acerca de outras coisas?

A minha posição diante desta pergunta é a seguinte. É evidente que Paulo não condena sumariamente, seja o discernimento dos homens, seja a sabedoria adquirida pela prática e experiência, seja o aprimoramento da mente através da cultura; mas o que ele afirma é que todas essas coisas são inúteis para a obtenção da sabedoria espiritual. E é certamente loucura para quem quer que seja presumir que pode subir ao céu, confiando em sua própria perspicácia ou com o auxílio da cultura; em outras palavras: pretender investigar os mistérios secretos do reino de Deus, ou forçar caminho para o conhecimento dos mesmos, pois eles se acham ocultos à percepção humana. Portanto, tomemos nota do fato de que devemos limitar-nos às circunstâncias do presente caso, ou seja, que Paulo, aqui, ensina acerca da futilidade da sabedoria deste mundo, porque ela permanece no nível deste mundo, e de forma alguma pode alcançar o céu. É também verdade, num outro sentido, que fora de Cristo cada ramo do conhecimento humano é fútil, e o homem que se acha bem estabelecido em cada aspecto da cultura, mas que prossegue igualmente ignorante de Deus, não possui nada. Além do mais, deve-se também dizer, com todas as letras, que estes excelentes dons divinos - perspicácia, judiciosidade, ciências liberais, conhecimento de línguas - são todos, de uma forma ou de outra, corruptíveis, sempre que caem nas mãos dos ímpios.

Deus nos abençoe!

João Calvino (1509-1564).

*Visite a Igreja Presbiteriana Silva Jardim - Curitiba(PR).
Av. Silva Jardim, 4155 – Seminário.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário