“O FOGO NÃO TEVE PODER ALGUM SOBRE OS CORPOS DESTES HOMENS”
“Ajuntaram-se os sátrapas, os prefeitos, os governadores e conselheiros do rei e viram que o fogo não teve poder algum sobre os corpos destes homens; nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem os seus mantos se mudaram, nem cheiro de fogo passara sobre eles. Falou Nabucodonosor e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois não quiseram cumprir a palavra do rei, preferindo entregar o seu corpo, a servirem e adorarem a qualquer outro deus, senão ao seu Deus” (Dn 3.27,28).
O exercício direto e ocasional do poder de Deus, em conexão com um sistema geral de meios e leis se comprova necessário, não só “no princípio” para criar as causas secundárias e inaugurar sua agência, mas também subsequentemente a fim de fazer aos objetos de seu governo moral a revelação de sua soberana personalidade e de seu imediato interesse nas atividades deles. De qualquer forma, tal ação e revelação diretas e ocasionais são certamente necessárias para a educação de tais seres, como o homem é em seu presente estado. Tem-se objetado que os milagres, ou atos diretos do poder divino, interferindo na ação natural das causas secundárias, são inconsistentes com as perfeições infinitas de Deus, porquanto, alega-se, eles indicam ou uma vacilação de propósitos de sua parte, ou alguma insuficiência em sua criação para efetuar completamente os fins que ele originalmente tencionou realizar. Deve-se lembrar, contudo, que o eterno e imutável plano de Deus compreendia o milagre desde o início, bem como o curso ordinário da natureza. Um milagre, embora efetuado pelo poder divino, sem meios, é por si só um meio para um fim e parte de um plano. Toda lei natural tem sua origem na razão divina e é uma expressão da vontade de efetuar um propósito. Nesse sentido mais elevado e todo-abrangente da palavra, milagres são também segundo a lei - são fixos em sua ocorrência pelo eterno plano de Deus, e servem a fins definidos como seu meio de se comunicar com e educar espíritos finitos. Não são de forma alguma violação da ordem da natureza, mas apenas a ocasional e eternamente pré-calculada interpolação de um novo poder, a energia imediata da vontade divina, bem como o instrumento usado subservientemente para aquele governo moral mais elevado no interesse do qual os milagres são operados. E assim, a ordem da natureza e os milagres, em vez de se porem em conflito, são os elementos intimamente correlacionados de um sistema compreensível.
Deus nos abençoe!
A.A.Hodge (1823-1886).
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